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CAPÍTULO 3 TRATAMENTO DOS RESULTADOS

3.3 ARTIGOS COMO UNIDADE DE REGISTRO TEMÁTICA: ASPECTOS TEÓRICOS-

3.3.1 Aspectos teórico-metodológicos

A fim de contemplar os aspectos metodológicos, identificados nos artigos que compõem o corpus, foi necessário eleger as categorias que trataram sobre a natureza dos artigos, o ano em que foram realizados os procedimentos de campo, ou seja, o procedimento

empírico, o local de realização dessas pesquisas e os instrumentos metodológicos elegidos para o procedimento de coleta dos dados.

Tabela 3 – Aspectos teórico-metodológicos

N° %

C1 - Natureza dos artigos

Pesquisa com sujeitos 46 55,6%

Pesquisa sem sujeitos 25 30%

Comunicação em congressos ou seminários 6 7,2%

Outros 6 7,2%

C2 - Ano de realização da pesquisa

Anterior a 1997 16 19,2%

De 1997 a 2001 12 14,4%

De 2002 a 2006 8 9,6%

De 2007 a 2011 5 6%

Não informado 42 50,8%

C3 - Local de realização da pesquisa

Creche pública 13 15,6%

Creche privada 0 0%

Creche conveniada 7 8,4%

Creche universitária 10 12%

Creche pública, privada e conveniada 6 7,2%

Creche e pré-escola 2 2,4%

Pré-escola 1 1,2%

Externo à Educação Infantil 11 13,2%

Não identificado 1 1,2% Não menciona 32 38,8% C4 - Instrumentos metodológicos Observação 7 8,4% Entrevista 10 12% Questionários 3 3,6%

Pesquisa bibliográfica e/ou documental 29 35,2%

Gravações/ filmagens 9 10,8%

Fotografias 3 3,6%

Testes 7 8,4%

Combinação de métodos 13 15,6%

Não menciona 2 2,4%

Fonte: Corpus de pesquisa

A categoria “natureza dos artigos” refere-se ao caráter científico ou à natureza prática dos artigos. Assim, presta-se a informar se os artigos tiveram ou não a participação dos sujeitos no processo investigativo ou se constituem meramente em revisão bibliográfica,

apresentando um “estado da arte”, descrição de casos e/ou comunicações em congressos e seminários.

Ao analisar o corpus da pesquisa, foi possível identificar que 55,4% dos artigos se prestaram a realizar pesquisas com envolvimento direto de sujeitos. Significa dizer que a realização desse tipo de pesquisa pressupõe a submissão do projeto a um Conselho de Ética e a obtenção de autorização por meio de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). 21,6% dos artigos caracterizam-se por ser uma pesquisa sem a participação de sujeitos, ou seja, descrevem um processo sistemático para a construção de novos conhecimentos. Pesquisas inscritas nesse percentual não empreenderam pesquisa empírica, mas revisões bibliográficas, análise documental, análise de legislações e/ou outras publicações. Foi possível identificar, também, que 7,2% dos artigos informam experiências bem sucedidas, estudos de casos ou comunicação de resultados em eventos e/ou congressos, não apresentando, em sua estrutura, aspectos como: delineamento da pesquisa, métodos e técnicas utilizadas, referencial teórico, discussões e resultados. Verifica-se, ainda, que outros 7,2% dos artigos relatam o conhecimento científico em um campo de pesquisa, como uma revisão de literatura.

A categoria “aspectos metodológicos” contextualiza quais procedimentos metodológicos foram considerados e empregados nos artigos para captar ideias acerca da creche e, consequentemente, sobre os bebês, as crianças pequenas, a primeira infância e a pequena infância.

Foi possível identificar que 35,2% dos artigos tiveram como estratégia de investigação a pesquisa bibliográfica e/ou documental. A importância de realizar pesquisas a partir dessa abordagem reside na necessidade de mapear, analisar e interpretar as áreas do conhecimento, além de possibilitar a efetivação de um balanço das pesquisas.

A realização destes balanços possibilita contribuir com a organização e análise na definição de um campo, uma área, além de indicar possíveis contribuições da pesquisa para com as rupturas sociais. A análise do campo investigativo é fundamental neste tempo de intensas mudanças associadas aos avanços crescentes da ciência e da tecnologia (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 39).

Observa-se que em 15,6% dos artigos, a combinação de métodos foi a estratégia utilizada para a realização da pesquisa de campo. Significa dizer que se optou por mais de um instrumento metodológico para a coleta de dados e o alcance dos objetivos de pesquisa.

Como se pode visualizar, os resultados mostraram que houve uma diversificação do emprego de instrumentos. O instrumento “observação” foi utilizado em 8,4% dos artigos, “entrevista” 12%, “questionários” 3,6%, “gravações/ filmagens” 10,8%, “fotografias” 3,6% e

“testes” 8,4%. Martins Filho e Barbosa (2009), procurando problematizar e contextualizar metodologias desenvolvidas pelos pesquisadores do “Núcleo de Estudos e Pesquisas da Educação na Pequena Infância” (NUPEIN/ UFSC), realizaram um levantamento sobre os procedimentos utilizados por esse grupo, bem como avanços e possibilidades apresentados por eles. Para os autores, cada um dos métodos de pesquisa tem algo a contribuir de modo a apreender a multiplicidade de fenômenos presentes na infância e no cotidiano infantil. O que os faz mais ou menos adequados é o objetivo de cada pesquisa.

Quanto aos anos de realização das pesquisas, constata-se que 19,2% dos artigos geraram dados em seus campos de pesquisas em anos anteriores a 1997. Esse percentual nos permite concluir que todos os artigos estavam sob a égide da promulgação da CF/88. Entretanto, esse percentual não obteve condições de incorporar as mudanças promovidas pela LDB 9.394/96, que só foi publicada em dezembro de 1996. Devido a isso, a compreensão de creche como o atendimento a crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola para crianças de 4 a 5 anos ainda não estava consolidada. Ademais, 14,4% dos trabalhos foram publicados entre 1997 a 2001; 9,6% entre os anos de 2002 a 2006 e 6% entre os anos de 2007 a 2011. Não informaram o período para o procedimento de coletas de dados mais da metade dos artigos pesquisados, ou seja, 50,6%.

Sobre o local de realização da pesquisa, constata-se a preferência por creches públicas, como pode ser visto em 15,6% dos artigos, seguido das creches universitárias, com o índice de 12%. As creches conveniadas aparecem em terceiro lugar, representadas por 8,4%. Chama a atenção a não incidência de pesquisas realizadas unicamente em creches privadas. Estas só são incorporadas aos estudos quando combinadas com creches públicas e conveniadas, totalizando 7,2% dos artigos. Ressalte-se que 2,4% dos pesquisadores afirmaram que suas pesquisas foram realizadas em creches e pré-escolas e que 1,2% identificavam apenas a pré-escola. Urra (2011) também concluiu que o lócus de preferência dos autores é a creche pública.

A categoria “externo à Educação Infantil” justifica-se por pesquisas que foram realizadas em locais como os lares das famílias e os hospitais, representados em 13,2% dos artigos. É importante salientar que estes estudos foram conduzidos prioritariamente por outros profissionais que não da área de Educação/Pedagogia, ou seja, por psicólogos, profissionais das Ciências da Saúde, dentre outros. Não identificaram o seu lócus de pesquisa, 1,2% dos artigos.

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