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Assemblagem é um estrangeirismo que foi associado às artes em 1953 Importado do francês

O design ao serviço da comunidade

11. Assemblagem é um estrangeirismo que foi associado às artes em 1953 Importado do francês

Assemblage, refere-se aos projetos artísticos construídos a partir da junção de vários objetos.

Diferente da colagem devido à sua tridimensionalidade, na assemblage os artistas reúnem qual- quer tipo de objeto, de qualquer material, de forma a criar uma obra de arte original. (fonte: http://

pt.wikipedia.org/wiki/Assemblage)

Figura 16

Almoço-convívio entre os vizinhos. Nesta imagem é possível ver as várias zonas do produto e a interação das pessoas com a mesma. Fonte: http:// moleculararchitecture.blogspot. com

4. DA TEORIA À AÇÃO: AS MAIS-VALIAS DA CONCRETIZAÇÃO 4.4 4.4.2 O PROJETO EM SI 101 COZINHA COMUNITÁRIA PORTÁTIL: O DESIGN AO SERVIÇO DA COMUNIDADE

4. Finalmente, pensar na arquitetura e no design com um princípio social e político com público percetível, encorajando o aluno a sair do seu espaço de conforto e participar num projeto colaborativo e enriquecedor (Toronto, 2008).

A questão da colaboração passou por vários intervenientes e funcionou por várias etapas: reuniões entre os elementos criativos, interações entre os alunos e a comunidade e entre os alunos e uma rede de associações locais com objetivos concretos, parceiras na procura de uma melhor qualidade de vida das pessoas nas cidades.

Durante meses, foram feitas várias reuniões antes de se encontrar a solução final. Num esforço coletivo para inventar o melhor produto, foram realizados esquemas, imaginando soluções arrojadas e inovadoras, dis- cussões em grupo e intensas sessões de brainstorming.

Todas as semanas, os estudantes reuniam com a comunidade residente. O que começou por ser uma reunião de trabalho, na segunda semana passou a ser um jantar de convívio, onde as ideias surgiam naturalmente. As duas partes intervenientes no desenvolvimento do projeto marcaram as suas posições e encontraram o seu lugar no processo. Os designers apresentavam novas propostas e soluções, e a comunidade, focada no problema, delimitava as ideias, tendo sempre em mente o seu objetivo principal. Insistiam na importância do cozinhar e de comerem todos juntos, lembrando também a necessidade de se criar uma estrutura móvel que pudesse facilmente ser deslocada no espaço público (Blackwell, 2008). O design da estrutura implicava também incluir lugares sentados, permitir a confeção dos alimentos e a separação dos resíduos.

Figura 17

Zona da churrasqueira e de apoio à cozinha. Fonte: http:// moleculararchitecture.blogspot. com

Os residentes identificavam as necessidades e requisitos do produto, enquando os designers propunham propostas para a satisfação dessas mesmas necessidades.

Depois de várias propostas e quatro meses de trabalho intenso, o resultado foi para além da materialidade do produto, um projeto bem documentado, com todas as fases fotografadas e filmadas. A fase de produção integrou estudantes e moradores num envolvimento que gerou um sentimento de orgulho e de pertença local.

O produto final é uma cozinha versátil constituída por três partes transpor- táveis, cada uma com uma função específica – um carrinho para preparar a comida com uma grande área de churrasco e um lava -loiça, um carrinho para a coleta do lixo com três grandes contentores e, por último, uma mesa de grande dimensão que acomoda cerca de 50 pessoas – todas as peças foi construídas com materiais doados pela própria comunidade. O reaproveitamento de objetos que não estavam a ser utilizados, tais como bicicletas antigas, madeiras de paletes industriais, tornou -se outro desafio para quem desenhou e concebeu.

Os três elementos que compõem esta cozinha comunitária podem, devido à sua visível modularidade, ser distribuídos de forma diferente consoante o local do evento. Esta característica permite que os moradores “arqui- tetem” diferentes composições urbanas nos diversos espaços do bairro. Depois da refeição, as várias partes são facilmente encaixadas umas nas outras e transportadas de um sítio para o outro apenas por duas pessoas.

Figura 18

A portabilidade do produto era um dos requisitos necessários e foi cumprido. Fonte: http:// moleculararchitecture.blogspot. com

4. DA TEORIA À AÇÃO: AS MAIS-VALIAS DA CONCRETIZAÇÃO 4.4 4.4.3 CONCEITO -CHAVE 103 COZINHA COMUNITÁRIA PORTÁTIL: O DESIGN AO SERVIÇO DA COMUNIDADE

Com esta cozinha comunitária, os residentes apropriam -se do espaço público para uso social com o intuito de promover a interação e o convívio social semanal entre vizinhos, onde a partilha de comida é o elemento agregador da comunidade.

A cozinha “sobre rodas” modular e versátil é uma resposta simples à neces- sidade de criar relações de vizinhança através das quais se podem desen- volver estratégias para resolução de problemas locais que afetam todos.

4.4.3 Conceito -chave

“Nenhum de nós tinha construído até hoje nada assim”.

— Scott Keyes12 O conceito -chave deste projeto resulta da tentativa de pensar de que forma o design e a arquitetura podem, enquanto disciplinas curriculares, contribuir para um processo colaborativo ao serviço da comunidade local. Este projeto social tornou a experiência gratificante para os alunos que encararam a comunidade como o seu primeiro cliente final. O contacto com a realidade das comunidades e a proximidade à sociedade revelaram ser mais instrutivos na capacidade de resolver problemas do que o contexto de sala de aula, onde estas questões são facilmente ludibriadas ou abafadas.

“We’re all one people, that’s why we need more projects like the community kitchen… welcoming places where we can hug, laugh, and eat together”.13

— Josie Mullins, residente local

A cozinha começou a ser integrada nas atividades existentes no bairro, e todas as sextas -feiras apareciam 40 -50 pessoas para partilharem a comida, o espaço e trocar ideias. Ao longo de quatro anos, os moradores mostraram -se interessados nas preocupações reais e nas questões de vizinhança, e com entusiasmo participaram em sessões locais para deli- near estratégias de solução dos assuntos mais relevantes e vitais para a comunidade (Toronto, 2011).

12. Um dos treze alunos do mestrado em Arquitetura aquando da inauguração da cozinha a 26 de abril