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2.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

2.3.4 Assentos

Para Panero & Zelnick (2002), o projeto de cadeiras e assentos, de modo geral, mais que qualquer outro item de design de interiores envolve o conforto do usuário. Uma vez que não existam muitas pesquisas na área, há inúmeras recomendações conflitantes para muitas das dimensões envolvidas. As principais dimensões avaliadas incluem altura, profundidade, largura e ângulo do assento, altura e espaçamento do apoio para braços, além, das dimensões e inclinação do encosto, para verificar o conforta também se avalia o tipo de estofamento aplicado no assento.

Ainda os autores afirmam que uma das análises básicas no projeto é a altura do topo da superfície do assento em relação ao piso, outra análise no projeto é a profundidade do assento, embora que o encosto, no que se refere a tamanho, conformação e posicionamento, seja um dos aspectos mais importantes para garantir uma acomodação adequada ente usuário e assento, também é o componente mais difícil de ser dimensionado. Neste sentido é importante ressalvar que a função principal do encosto é apoiar a região lombar, já os apoios para braços, outra análise importante, suportam o peso dos braços e auxiliam o usuário a sentar-se ou levantar-se. Os estofamentos por sua vez, tem o objetivo de distribuir a pressão do peso do corpo no ponto de interface, sobre uma superfície maior.

Constatam Peacock e Karwowski (1993), que o assento é uma importante interface entre o motorista e o veículo. Os ajustes eficientes do assento conforme o tipo e preferência do motorista é importante não só para o seu conforto mas para suportar a postura exigida durante a execução das atividades ao dirigir e que portanto o conforto, a saúde e a segurança do motorista são os três critérios fundamentais para a concepção dos assentos.

Porém segundo Parsons (2000), é comum encontrar estudos que avaliem os assentos dos motoristas de ônibus como “pobres” quanto à concepção e que geram desconforto, resultando em dores musculares e problemas lombares.

Conforme relata Millies (1998), é comum encontrar estudos que considerem os assentos dos motoristas de ônibus como “pobres”, quanto à concepção e que não geram conforto, provocando dores musculares e problemas lombares.

Analisando a tarefa do motorista de ônibus, Saporta (2000), cita a existência de quatro critérios que definem um assento confortável para o motorista:

- O assento deve proporcionar ao motorista total visibilidade e alcance dos controles e instrumentos;

- O assento tem que acomodar todos os tipos e tamanhos de motoristas independente do modelo;

- O assento deve ser confortável por longos períodos permitindo a alternância de postura, com tecidos que não absorvam o calor e com existência de ajustes lombares;

- O assento deve ser uma zona de segurança para o motorista Pheasant (1998) coloca a percepção de conforto do usuário com relação ao assento como dependente das características do usuário e da adequação do assento à tarefa ou atividade desenvolvida, conforme tabela 3, que trata dos fatores determinantes para a percepção do conforto do assento. O princípio da geometria humana pode ser usado para o projeto de produto de assento. A geometria estática do corpo humano é descrita através dos tipos físicos que serão acomodados no assento, com base em estudos antropométricos. A geometria dinâmica do corpo humano é descrita pelas posturas e movimentos que o assento poderá acomodar.

Tabela 3: Fatores determinantes para a percepção do assento Características do

usuário Características da tarefa Características do assento Dimensões do corpo Duração Dimensões do assento Dores no corpo Demandas visuais Ângulos do assento Circulação Demandas físicas: mãos e

pés Contorno do assento

Estado da mente Demandas mentais Estofamento do assento Fonte: PHEASENT, (1998)

A NR-17, em seu item 17.3.3, faz exigências que devem atender aos requisitos mínimos, para os assentos:

- Altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;

- Características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;

- Borda frontal arredondada;

- Encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.

Outros aspectos devem, no entanto, ser levados em consideração, pois não existe um tipo único de assento adequado para cada função. O assento do automóvel certamente será desconfortável para uso no escritório. Os assentos devem permitir variações de postura, pois permitem diminuir as pressões sobre os discos vertebrais e os esforços sobre os músculos dorsais de sustentação, com diminuição da possibilidade de fadiga. Não se recomendam assentos de forma anatômica, com o completo encaixe das nádegas, diminuindo desta maneira as variações dos movimentos. Os encostos devem ser ajustáveis e móveis que permitam a inclinação para trás depois de certo tempo.

Com relação específica da função de motorista de ônibus, segundo avaliação Ergonômica, da NR-17:

1. Atividade: Dirigir ônibus urbanos

2. Ambiente: O Posto de trabalho do motorista de ônibus é o assento dianteiro, submetido a ruídos do motor dianteiro e do ambiente externo, ao agente calor e à vibração do veículo.

3. Postura de trabalho: Sentado por 8 horas diárias em média, com pequenos intervalos, intra-jornada e repouso de 30 minutos em média.

Segundo Iida (2005), o assento é provavelmente uma das invenções que mais contribuiu para modificar o comportamento humano. Na vida moderna, muitos profissionais passam a maior parte da sua jornada de trabalho sentado, como é o caso dos motoristas de ônibus. E uma má postura no assento de trabalho pode causar fadiga, dores lombares e câimbras, que se não forem corrigidas, podem provocar anormalidade permanente da coluna vertebral, conforme análises sobre posturas desde o ano 1743 na época de Andry um dos nomes mais conhecidos na área de ortopedia.

Segundo IIDA (2005), a coluna vertebral é o centro de suporte do organismo humano, sendo o eixo e o centro de gravidade do corpo. A má postura pode levar a uma sobrecarga nas articulações do quadril causando dor e degeneração articular.

Continua Iida (2005), que o contato do corpo com o assento é feito por dois ossos situados na bacia, chamados de tuberosidades isquiáticas conforme figura 6, que se assemelham a uma pirâmide invertida de 7 a 12 cm de tamanho e são cobertos apenas por uma fina camada de tecido muscular e uma pele grossa. Em apenas 25 cm2 de superfície da pele sob essas tuberosidades concentram-se 75% do peso total do corpo sentado.

Figura 6- Distribuição de pressões sobre o assento.

Fonte: IIDA, (2005:150)

Até recentemente, costumava-se recomendar estofamento duro, pois é mais confortável para suportar o peso do corpo. Os estofamentos muito macios não proporcionam um bom suporte porque não permitem um equilíbrio adequado do corpo. Por outro lado, o estofamento duro provoca concentração da pressão na região da tuberosidade isquiática, gerando fadiga e dores na região das nádegas. O material usado para revestir o assento deve ter característica antiderrapante e ter capacidade de dissipar o calor e suor gerado pelo corpo, não sendo recomendados, por conseguinte, plásticos lisos e impermeáveis.

O conforto do assento depende de muitos fatores e é muito difícil de estabelecer as características que o determinam. Em princípio, há um tipo de assento mais adequado para cada finalidade e cada pessoa adapta-se melhor a certo tipo de assento. Assim, o conforto é influenciado por muitos fatores e preferências individuais, até pela sua aparência estética (IIDA, 2005).

Iida (2005) considera que o assento deve permitir variações de postura para aliviar as

pressões sobre os discos vertebrais e as tensões dos músculos dorsais de sustentação, reduzindo a fadiga. Essas mudanças de postura são ainda mais frequentes se assento for desconfortável para o trabalho, chegando a haver 83 mudanças de postura por hora, portanto, mais de uma mais de uma mudança por minuto.

Assim, os assentos de formas anatômicas em que as nádegas se encaixam neles permitindo poucos movimentos relativos, não são recomendados. Os estofamentos muito macios distribuem o peso para outras regiões, como as nádegas e pernas, que não são adequadas para suporte de peso. Portanto, os estofamentos poucos espessos, colocados sobre uma base

mais rígida proporcionam uma melhor redistribuição do peso, e melhor estabilidade corporal (IIDA, 2005)

Os assentos disponíveis atualmente para os ônibus urbanos possuem um amortecedor integrado que deve ser regulado pelo motorista em razão de seu peso. Queiroga (1998) afirma que os motoristas que fogem a curva normal de estatura e peso só conseguem manter o ângulo entre coxas e troncos em um grau confortável, assumindo posturas desconfortáveis para os demais seguimentos corporais.

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