• Nenhum resultado encontrado

ALCALINOS EM GRAFENO

3.3 Pot´ assio

Para o ´atomo de pot´assio procedemos da mesma forma que para os outros metais alcalinos. Como primeiro passo, utilizamos uma distˆancia de 2,5 ˚A entre o ´atomo de pot´assio e a folha de grafeno. Encontramos, ao convergir os sistemas, uma distˆancia de 2,59 ˚A para o s´ıtio h, sendo essa a menor dentre os s´ıtios estudados. Para os demais encontramos as mesmas distˆancias com valor de 2,64 ˚A. Estruturalmente, n˜ao foi percebido modifica¸c˜oes significativas na folha de grafeno, como pode ser visto na figura 24. Em

Figura 24: Estrutura relaxada para a intera¸c˜ao entre o grafeno e o pot´assio adsorvido sobre o s´ıtio h. As distˆancia s˜ao dadas em Angstrom.

termos de energia de liga¸c˜ao, a adsor¸c˜ao sobre o s´ıtio h apresentou o menor valor, -1,32 eV, seguindo a mesma tendˆencia dos alcalinos j´a estudados. Os demais s´ıtios mostraram- se ter o mesmo valor de energia de liga¸c˜ao de -1,24 eV. Dessa forma podemos afirmar que

3.3 Pot´assio 65

o ´atomo de pot´assio tem uma maior estabilidade quando adorvido sobre o centro de um hex´agono, com os menores valores de energia de liga¸c˜ao e distˆancia entre o ´atomo (K) e o grafeno.

Na figura 25, temos as respectivas estruturas de bandas para os trˆes s´ıtios em es- tudo. Observando as figuras 25(a) e 25(c), mais uma vez verificamos a equivalˆencia das configura¸c˜oes t e b. Tamb´em n˜ao se verifica modifica¸c˜oes significativas na estrutura de bandas do grafeno com rela¸c˜ao a ele puro, al´em de um deslocamento do n´ıvel de Fermi por um valor da 0,8 eV e o surgimento de n´ıveis sem dispers˜ao com 0,7, 2,7 e 3,6 eV acima do n´ıvel de Fermi (para o s´ıtio h) pertencentes ao ´atomo de potassio, como pode ser verificado pela densidade de estados projetada sobre o pot´assio mostrada na figura 26. Na figura 25 percebesse claramente que esse desvio do n´ıvel de Fermi ´e para valores maiores de energia.

Figura 25: Estrutura de bandas sobre os pontos de alta simetria ΓMKΓ: (a) grafeno puro, (b) ´

atomo de pot´assio adsorvido sobre o s´ıtio t, (c) sobre o s´ıtio h e (d) sobre o s´ıtio b.

Como nos demais casos dos metais alcalinos, esse fraco acoplamento dos orbitais do pot´assio com os do grafeno ´e compensado com uma forte transferˆencia de cargas do ´atomo de pot´assio para a folha de grafeno, levando a uma forte energia de liga¸c˜ao que varia de -1,24 a -1,32 eV. Essa transferˆencia de carga do pot´assio para o grafeno tem um valor de 0,85 e−/cel. unit. (mesmo valor para todos os s´ıtios, ver tabela 4) e tamb´em ´e respons´avel

Figura 26: Estrutura de bandas para o sistema pot´assio-grafeno sobre o s´ıtio h e a PDOS sobre o ´atomo de pot´assio.

Tabela 4: Atomos de pot´assio adsorvidos na superf´ıcie da folha de grafeno. Para o c´alculo da´ energia de liga¸c˜ao (Elig) ´e utilizada a defini¸c˜ao dada pela equa¸c˜ao (3.1) (corre¸c˜ao BSSE).

DGr−K ´e a distˆancia entre o ´atomo de pot´assio e a superf´ıcie da folha de grafeno. A varia¸c˜ao

de carga ∆Q ´e a diferen¸ca entre a carga que o ´atomo de metal alcalino possui quando adsorvido e quando isolado, segundo an´alise da popula¸c˜ao de M¨ulliken.

S´ıtio Elig (eV) DGr−K (˚A) ∆Q (e/c´el. unit.)

t -1,24 2,64 -0,85

h -1,32 2,59 -0,85

b -1,24 2,64 -0,85

3.4

Compara¸c˜ao

Como foi mostrado anteriormente, o s´ıtio de maior estabilidade na adsor¸c˜ao dos metais alcalinos pela folha de grafeno ´e o h, ou seja, em todos os casos estudados foi sobre o centro do hex´agono que os metais alcalinos encontraram maior estabilidade. Este resultado j´a era esperado, visto que para o caso do grafite, evidˆencias experimentais [55–60] e te´oricas [54, 61–64] tˆem se somado ao longo dos anos apontando consistentemente para isso. Esses trabalhos estudaram como se d´a a intera¸c˜ao desses ´atomos no processo de intercala¸c˜ao com o grafite por meio de diversas t´ecnicas experimentais, como LEED (Low-Energy Electron Diffraction), e te´oricas, como DFT, afim de entender como se d´a o processo de transferˆencia de carga e suas propriedades eletrˆonicas. Trabalhos com adsor¸c˜ao de metais alcalinos em nanotubos de carbono tamb´em apontam esse s´ıtio como o mais est´avel

3.4 Compara¸c˜ao 67

[65, 66].

Comparando os metais alcalinos estudados, percebemos que a transferˆencia de cargas cresce com o aumento do tamanho do ´atomo o que ´e previsto, como j´a foi dito, j´a que com o aumento do raio atˆomico o el´etron de valˆencia tende a ficar menos ligado ao n´ucleo. O deslocamento do n´ıvel de Fermi n˜ao ´e alterado com a adsor¸c˜ao dos diferentes metais alcalinos, sendo positivo e igual 0,8 eV para todos os casos.

´

E interessante observar a ordem de intensidade da energia de liga¸c˜ao entre os metais alcalinos e a folha de grafeno. A princ´ıpio poder´ıamos acreditar que, devido ao seu car´ater iˆonico, essa ordem seguisse a intensidade da transferˆencia de cargas, ou equivalentemente, o aumento do raio atˆomico, mas n˜ao isso que observamos. Essa ordem ´e dada por Li > K > Na, concordando com resultados j´a obtidos em grafite [67]. Alguns estudos realizados com grafite [67, 68] sugerem que esse processo de liga¸c˜ao alcalino-grafite ´e regido por intera¸c˜oes do tipo c´ation-π [69], a qual descreve a intera¸c˜ao entre o correspondente ´atomo e an´eis arom´aticos. Nesse tipo de liga¸c˜ao a polariza¸c˜ao (induzida) e intera¸c˜ao eletrost´atica s˜ao as maiores fontes de atra¸c˜ao.

4

ADSORC¸ ˜AO DE

HALOGˆENIOS EM GRAFENO

Devido ao car´ater anf´otero, doador ou aceitador de cargas, de estruturas graf´ıticas como os nanotubos de carbono, ´e tamb´em interessante estudar a intera¸c˜ao do grafeno com halogˆenios, j´a que teoricamente os nanotubos s˜ao derivados do grafeno [35].

Neste cap´ıtulo mostraremos um estudo semelhante ao dos metais alcalinos, para os ´atomos cloro (Cl), iodo (I) e para a mol´ecula de iodo (I2). Como nos casos anteriores,

analisamos a intera¸c˜ao desses ´atomos quando adsorvidos na folha de grafeno sobre um ´atomo do grafeno (s´ıtio t), o centro de um hex´agono (s´ıtio h) e sobre uma liga¸c˜ao C-C (s´ıtio b). Foram utilizadas as mesmas aproxima¸c˜oes e parˆametros do cap´ıtulo anterior. Os el´etrons dos halogˆenios envolvidos diretamente nos c´alculos s˜ao os da camada de valˆencia (3s23p5 para o cloro e 5s25p5 para o iodo) sendo os demais el´etrons (caro¸co) introduzidos

indiretamente por meio do pseudopotencial.

4.1

Cloro

Nosso primeiro passo foi introduzir o ´atomo de cloro a uma distˆancia de 2,00 ˚A da superf´ıcie do grafeno sobre os diferentes s´ıtios de adsor¸c˜ao em estudo (t, h e b). Ap´os a convergˆencia desses trˆes sistemas, verificamos que a menor distˆancia entre o ´atomo e o grafeno ocorreu para o s´ıtio t, apresentando um valor de 2,50 ˚A. O s´ıtio b apresentou um valor intermedi´ario de 2,65 ˚A, seguido do s´ıtio h com a maior distˆancia encontrada, 2,80 ˚

A. N˜ao foi observado nenhuma modifica¸c˜ao significativa na estrutura do grafeno, como pode ser verificado na figura 27. Onde todas as distˆancias C-C continuam da ordem de 1,42 ˚A.

As energias de liga¸c˜ao foram calculadas, como em toda essa disserta¸c˜ao, utilizando a corre¸c˜ao BSSE, segundo a defini¸c˜ao dada na equa¸c˜ao 3.1 com X, nesse caso, representando o ´atomo de cloro. Dessa forma verificamos que o s´ıtio t ´e energeticamente o mais favor´avel

4.1 Cloro 69

Figura 27: Adsor¸c˜ao do ´atomo de cloro no grafeno sobre o s´ıtio t. As distˆancias (em vermelho) s˜ao dadas em Angstrom.

para a adsor¸c˜ao do cloro, apresentando um valor de energia de liga¸c˜ao de -0,98 eV. Os s´ıtios h e b apresentaram valores de -0,81 e -0,87, respectivamente. Portanto, a adsor¸c˜ao do ´atomo de cloro sobre um ´atomo da folha de grafeno se mostrou a configura¸c˜ao de maior estabilidade, com uma menor distˆancia do grafeno e uma menor energia de liga¸c˜ao.

Figura 28: Estruturas de bandas para os sistema cloro-grafeno: (a)grafeno puro; (b)s´ıtio t; (c)s´ıtio h; (d)s´ıtio b. As linhas pontilhadas (em vermelho) s˜ao a estrutura de bandas referente

a spin down e as cont´ınuas (em preto) referente a spin up.

Na figura 28 s˜ao mostradas as estruturas de bandas desses trˆes sistemas em estudo e do grafeno puro, de onde podemos observar que a presen¸ca do ´atomo de cloro apesar de n˜ao provocar grandes modifica¸c˜oes na estrutura de bandas do grafeno, quando comparado a ele puro, apresenta uma polariza¸c˜ao de spin em n´ıveis pertencentes ao ´atomo de cloro, como

Figura 29: A esquerda temos a estrutura de bandas para o sistema Cl-grafeno dividida em` spin up, linhas continuas em preto, e spin down, linhas descont´ınuas em vermelho. `A direita ´e

mostrada a PDOS sobre o ´atomo de Cl.

Tabela 5: Tabela mostrando as energias de liga¸c˜ao, Elig, da adsor¸c˜ao do cloro na superf´ıcie do

grafeno sobre os diferentes s´ıtios, a varia¸c˜ao de carga no ´atomo adsorvido e sua distˆancia `a folha de grafeno, DGr−Cl.

S´ıtio Elig (eV) ∆Q (e−/c´el. unit.) DGr−Cl (˚A)

t -0,98 0,37 2,50

h -0,81 0,39 2,80

b -0,87 0,39 2,65

ser´a mostrado mais adiante. Dessa figura tamb´em observamos que h´a um deslocamento negativo do n´ıvel de Fermi, de aproximadamente 0,5 eV, quando comparado com o grafeno puro, causado pelo ganho de carga por parte do ´atomo de cloro num valor de 0,27 e−/c´el.

uni. para o s´ıtio t (para as demais configura¸c˜oes ver tabela 5). A figura 29 mostra a estrutura de bandas do sistema cloro-grafeno mais est´avel (t) juntamente com a densidade de estados projetada (PDOS) sobre o ´atomo de cloro. Tamb´em ´e observada a presen¸ca de n´ıveis sem dispers˜ao, mostrando que n˜ao h´a intera¸c˜ao entre os ´atomos de Cl das c´elulas vizinhas. As bandas spin up (linha cont´ınua em preto) e spin down (linha tracejada em vermelho) apresentam um quebra de degenerescˆencia na regi˜ao pr´oxima ao n´ıvel de Fermi. Nas bandas spin down s˜ao introduzidos dois n´ıveis ocupados, um sobre o n´ıvel de Fermi e outro a 0,4 eV abaixo, pertencentes ao ´atomo de Cl, o que pode ser comprovado pela PDOS sobre o ´atomo de cloro. Nas bandas spin up o Cl introduz dois n´ıveis ocupados a 0,3 e 0,5 eV abaixo do n´ıvel de Fermi, como mostra a figura 29.

4.2 Iodo 71

4.2

Iodo

Como no caso do cloro, o iodo tamb´em foi introduzido a uma distancia de 2 ˚A da superf´ıcie do grafeno, como configura¸c˜ao inicial para os c´alculos, e sobre os mesmos s´ıtios em estudo (t, h e b). Foi verificado que as distˆancias de estabilidade entre o grafeno e o ´atomo de iodo para as diferentes configura¸c˜oes s˜ao bem pr´oximas umas das outras, apresentando os valores 3,24, 3,26 e 3,28 ˚A para os s´ıtios t, b e h, respectivamente. Estruturalmente o grafeno n˜ao foi modificado quando na presen¸ca do ´atomo de iodo, como pode ser visto na figura 30 para o caso da configura¸c˜ao t.

Figura 30: Vis˜ao estrutural da adsor¸c˜ao do iodo no grafeno sobre o s´ıtio t. As distˆancias (em vermelho) s˜ao dadas em Angstrom.

Energeticamente, foi observada equivalˆencia entre todos os s´ıtios em estudo, com valores de energia de liga¸c˜ao de -0,42 eV para os s´ıtios t e b, e -0,41 para o h. Dessa forma, podemos dizer que o ´atomo de iodo n˜ao tem um s´ıtio preferido quando adsorvido pela folha de grafeno.

A figura 31 apresenta as estruturas de bandas das trˆes configura¸c˜oes de adsor¸c˜ao do iodo. Podemos observar que realmente n˜ao h´a uma grande diferen¸ca entre elas, mostrando que o ´atomo de iodo n˜ao faz muita distin¸c˜ao entre os s´ıtios em estudo. Concordando, dessa forma, com os valores obtidos para energia de liga¸c˜ao e distˆancias do ´atomo de iodo `a superf´ıcie do grafeno, que s˜ao similares para os diferentes s´ıtios (ver tabela 6).

Comparando a estrutura de bandas do grafeno puro com a do sistema iodo-grafeno, vistas na figura 31, verificamos um deslocamento negativo do n´ıvel de Fermi com rela¸c˜ao ao grafeno puro, como observado no caso do cloro, o que era de se esperar devido ao car´ater de aceitador de el´etrons dos halogˆenios. Tamb´em como no caso do cloro, esse sistema composto apresenta uma polariza¸c˜ao de spin. Observando as bandas spin down (linha

Figura 31: Estruturas de bandas dos sistemas iodo-grafeno: (a) grafeno puro; (b)s´ıtio t; (c)s´ıtio h; (d)s´ıto b. As linhas continuas (em preto) s˜ao as bandas spin up e as linhas

tracejadas (vermelha) as bandas spin down.

descont´ınua vermelha) percebemos a presen¸ca de dois n´ıveis sem nenhuma dispers˜ao, muito pr´oximos um do outro, logo abaixo do n´ıvel de Fermi pertencentes ao ´atomo de iodo, como pode ser verificado pela densidade de estados projetada sobre o ´atomo de iodo (figura 32). Na estrutura de bandas spin up verifica-se um n´ıvel bem localizado pertencente ao ´atomo de iodo `a 0,4 eV abaixo do n´ıvel de Fermi. Os n´ıveis do ´atomo de iodo n˜ao apresentam dispersar˜ao, isso mostra que n˜ao h´a intera¸c˜ao entre o ´atomos de iodo vizinhos, de modo que podemos considerar o ´atomo de iodo como isolado na superf´ıcie do grafeno.

Atrav´es de uma analise da popula¸c˜ao de M¨ulliken verificamos que essa intera¸c˜ao entre o ´atomo de iodo e o grafeno apresenta uma consider´avel transferˆencia de cargas da folha de grafeno para o iodo com um valor da ordem de 0,27 e−/c´el. unit., a qual ´e respons´avel

pelo deslocamento do n´ıvel de Fermi.

Tabela 6: Tabela mostrando as energias de liga¸c˜ao Elig, varia¸c˜ao da carga eletrˆonica do ´atomo

adsorvido e sua distˆancia a folha de grafeno,DGr−I.

S´ıtio Elig (eV) ∆ Q (e−/c´el. unit.) DGr−I (˚A)

t -0,42 0,27 3,24

h -0,41 0,28 3,28

Documentos relacionados