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Em contexto de estágio, foi-me dada liberdade para assistir a todas as diligências agendadas pelo Senhor Dr. Juiz Pedro Lima, algo que fiz de bom agrado, tendo sido um período extremamente enriquecedor não só como jurista, mas também como pessoa. Para além disso, foi me dada total liberdade no que diz respeito à consulta de processos.

Abaixo apresento registos fotográficos da sala de diligências do Juiz 1.

O registo fotográfico acima apresentado mostra-nos a sala onde decorriam as diligências dirigidas pelo Dr. Pedro Lima. À direita temos a secretária do Escrivão de Direito onde podemos ainda observar uma câmara, utlizada em situações de videoconferência; no centro senta-se o Senhor Juiz, na cadeira de maiores dimensões; mais à esquerda, a cadeira do MP. À esquerda, numa secretária em segundo nível, temos ainda o local designado para os mandatários.

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Nas situações de Debate Judicial (a qual presenciei duas vezes, ambas em sede de Processos de Promoção e Proteção)4950 os juízes sociais sentam-se lado a lado com o Sr. Juiz, ocupando a cadeira central e o MP a cadeira mais à esquerda. Nas diligências diárias, o lugar à direita do juiz era ocupado por mim.

Chamo ainda a atenção para a existência dos microfones, visto que todas as declarações eram guardadas em suporte digital (como aliás é exigido pelo artigo 155.º do CPC). O mesmo pode ser observado no primeiro registo fotográfico, salientando-se a existência de microfones para os mandatários e um no centro da sala que servia não só para ouvir testemunhas e partes, mas também os pareceres das Equipas Multidisciplinares dos Tribunais.

49 De acordo com o artigo 106.º n. º1 RGPTC “O processo de promoção e proteção é constituído pelas fases de instrução, decisão negociada, debate judicial, decisão e execução da medida.”. Esta e outras questões relativas aos PPP serão abordados em parte específica neste relatório de estágio.

50 Neste contexto chamo a atenção para o artigo 103.º n. º4 RGPTC que nos diz que “No debate judicial é obrigatória a constituição de advogado ou a nomeação de patrono aos pais quando esteja em causa a aplicação da medida prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º e, em qualquer caso, à criança ou jovem.” Ou seja, estamos perante uma exceção à característica de não obrigatoriedade de constituição de mandatário, típica dos processos de jurisdição voluntária.

25 Esta fotografia mostra-nos a perspetiva do juiz e do magistrado do Ministério Público durante as diligências. Ao centro temos o microfone utilizado para gravar em suporte digital as já referidas testemunhas, partes e pessoal das Equipas Multidisciplinares dos Tribunais. As apresentações eram sempre feitas de pé, mas normalmente o resto das declarações eram feitas sentados na cadeira verde ao centro. Tal só seria exceção no caso do menor objeto de Processo Tutelar Educativo ou de Promoção e Proteção, onde se indicavam condutas desrespeitosas perante figuras de autoridade. Nesses casos o Senhor Juiz fazia questão que se mantivessem de pé e com uma postura adequada.

Nos casos de regulação das responsabilidades parentais, não sendo caso de se ouvir a criança em sala especializada, esta sentava-se nas cadeiras verdes, juntamente com a técnica que a acompanhava.

Nos bancos de madeira atrás sentavam-se, normalmente, os técnicos da EMAT após audição e, no caso de Processos Tutelares Educativos, os detentores das responsabilidades parentais do menor.

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Sempre me foquei numa análise e compreensão extensiva, prévia, dos casos em que iria assistir à diligência. Nesse sentido, fiz sempre questão de, no final da semana, proceder à análise e sumarização dos processos que iriam ser objeto de diligência na semana seguinte, de forma a estar o mais dentro possível dos assuntos a serem tratados.

No gráfico que se segue exponho o número e o tipo de diligências assistidas.

No total assisti a 105 diligências. Ao fim de algum tempo, e com base nessa prévia análise era capaz de eu própria prever o desenvolvimento da diligência e a sua conclusão. Isto deveu-se também ao facto de o Dr. Pedro Lima seguir uma certa linha de posições em relação a certos assuntos, o que facilitava a tomada de decisões. Por exemplo, para ele, mais importante do que ter uma decisão “bonita” no papel (e havia sempre uma decisão excelentemente escrita), era a sua atual aplicação e, acima de tudo, estando em causa um menor, o seu bem-estar. Nesse sentido, sempre que possível a opinião predominante era a do menor, sendo essencial averiguar no caso concreto uma possível instrumentalização, ou não, do menor(as chamadas situações de Alienação Parental).

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Regulação do Exercício das Responsabilidades Parentais Alteração da Regulação das Responsabilidades Parentais Incumprimento da Regulação das

Responsabilidades Parentais Processo Tutelar Comum (67.º RGPTC)

Processo Tutelar por Falta de acordo (44.º RGPTC)

Processo Tutelar Educativo Processo de Promoção e Proteção Divórcio sem mútuo consentimento Atribuição de Morada de Família Alteração/Cessão Pensão de Alimentos Adoção do Filho do Cônjuge

27 Apesar de estarmos numa sala de tribunal, o Senhor Dr. Juiz queria que o menor à sua frente fosse sincero naquilo que realmente pretendia. Isso significava, por vezes, conversas numa sala adequada. Outras vezes, principalmente em jovens com problemas comportamentais, significava um “abanão” verbal. O discurso baseava-se essencialmente no mesmo – a importância da educação e do respeito aos pais e à comunidade. Mas a maneira como o fazia, apesar do tom autoritário, era inspirador.

Ainda no que diz respeito ao gráfico apresentado, afigura-se claro que as diligências a que assisti ao longo destes quatro meses incidiam essencialmente sobre as seguintes temáticas:

1. Regulação das Responsabilidades Parentais;

2. Processos de Promoção e Proteção, de acordo com a Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (LPCJP);

3. Divórcio sem mútuo consentimento:

4. Processos Tutelares Educativos, de acordo com a Lei Tutelar Educativa (LTE).

Para efeitos de contextualização do trabalho realizado na EMAT, e sem intuito de me estender demasiado, parecem-me necessárias algumas notas quanto às temáticas do ponto 1 e 2, o que será feito no CAPÍTULO III.