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Assistência Farmacêutica Componente Básico da Assistência Farmacêutica Componente Estratégico da Assistência

CAPÍTULO II O ORÇAMENTO PÚBLICO E O FINANCIAMENTO DESCENTRALIZADO DO SUS

FINANCIAMENTO DESCENTRALIZADO DO SUS

4. Assistência Farmacêutica Componente Básico da Assistência Farmacêutica Componente Estratégico da Assistência

Farmacêutica

Componente Especializado da

Assistência Farmacêutica

Esse componente destina-se à aquisição dos medicamentos e insumos complementares e para estruturação e

qualificação das ações da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica. A execução é descentralizada sendo de responsabilidade dos Municípios, do Distrito Federal e dos Estados, onde couber. O financiamento dos medicamentos do rol estabelecido é de responsabilidade das três esferas de gestão, devendo ser aplicados os seguintes valores

mínimos: I - União: R$ 5,10 por habitante/ano; II - Estados e Distrito Federal: R$ 1,86 por habitante/ano; e III -

Municípios: R$ 1,86 por habitante/ano. - Portaria nº 2.982 de 26 de novembro de 2009

A responsabilidade pela aquisição dos medicamentos depende da classificação dos medicamentos. Há

medicamentos que são adquiridos de forma centralizada pelo Ministério da Saúde, outros financiados pelo Ministério da Saúde mediante transferência de recursos financeiros para aquisição pelas Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal e outros financiados pelas Secretarias de Saúde dos Estados - Portarias nº 1.554, de 30 de julho de 2013 alterada pela Portaria nº 1.996, de 11 de setembro de 2013

Os recursos desse bloco são movimentados por meio de contas específicas abertas para cada um de seus

Blocos de Financiamento Componentes 5. Gestão do SUS Componente para a Qualificação da Gestão do SUS

 Regulação, Controle, Avaliação, Auditoria e Monitoramento

 Planejamento e Orçamento  Programação

 Regionalização: - SIS Fronteira  Gestão do Trabalho

 Educação em Saúde

 Incentivo à Participação e Controle Social

 Informação e Informática em Saúde: - Cartão Nacional de Saúde

 Estruturação de serviços e organização de ações de assistência farmacêutica

Portaria n° 1.497 de 22 de junho de 2007

A transferência dos recursos desse componente exigia a adesão ao Pacto pela Saúde, por meio da assinatura do Termo de Compromisso de Gestão e respeitados os critérios estabelecidos em ato normativo específico.

Componente para a Implantação de Ações e Serviços de Saúde

 Implantação de Centros de Atenção Psicossocial  Qualificação de Centros de Atenção Psicossocial  Implantação e Residências Terapêuticas em Saúde

Mental

 Fomento para ações de redução de danos em CAPS ad  Inclusão social pelo trabalho para pessoas portadoras

de transtornos mentais e outros transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas

 Implantação de Centros de Especialidade Odontológicas – CEO

 Implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU

 Reestruturação dos Hospitais Colônias de Hanseníase  Implantação de Centros de Saúde do Trabalhador  Adesão à Contratualização dos Hospitais de Ensino Portaria n° 1.497 de 22 de junho de 2007

A transferência dos recursos desse componente é efetivada em parcela única, respeitados os critérios estabelecidos em cada política específica.

6. Investimentos na Rede de Serviços de Saúde

São transferidos recursos financeiros mediante repasse regular e automático exclusivamente para a realização de despesas de capital, mediante apresentação de projeto, encaminhado pelo ente federativo interessado ao Ministério da Saúde. Portaria nº 837, de 23 de abril de 2009.

Obs: Portaria GM nº 412 de 15 de março de 2013- redefiniu as orientações para operacionalização das transferências de recursos federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a serem repassados de forma automática, sob a modalidade fundo a fundo, em conta única e específica para cada bloco de financiamento de que trata a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de 2007.

Nota-se que o governo federal publicou outras portarias complementares redefinindo orientações para execução e financiamento de algumas ações relacionadas aos blocos e para operacionalização das transferências de recursos federais aos Estados, Distrito Federal e Municípios a serem repassados de forma automática sob a modalidade fundo a fundo, o que gerou incremento de recursos, uma maior equidade na alocação de recursos para a atenção básica, além de uma padronização nas contas públicas para a efetuação dos repasses.

Ressalta-se que esses recursos vinculados a cada bloco de financiamento devem ser utilizados exclusivamente em ações referentes ao próprio bloco e aplicados em conformidade com a programação elaborada com base nos instrumentos legais orçamentários (PPA, LDO e LOA), o que impede os gestores em gastá-los em outras finalidades e por isso esses recursos são classificados como transferências condicionadas.

Além dos blocos de financiamento, citados acima, o Ministério da Saúde prevê transferências de recursos Fundo a Fundo para: Despesas Administrativas, Transferências não regulamentadas por blocos de financiamento e para o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) e Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa Com Deficiência (PRONAS/PCD).

As outras modalidades de transferências de recursos da União para fins de custeio e investimentos na rede de ações e serviços de saúde são realizadas de forma discricionária mediante instrumentos administrativos relacionados no Quadro 16. Entretanto, destaca-se que a maior parte dos “mecanismos de transferência SUS está atrelado em maior ou menor grau à capacidade instalada e/ou de produção de serviços públicos e privados credenciados ao SUS existente em uma dada jurisdição” (LIMA, 2007b, p.519).

Quadro 16: Instrumentos administrativos para transferências voluntárias do governo federal para estados, municípios e outros entes públicos ou privados sem fins lucrativos.

Instrumento Características

Convênio Acordo ou ajuste que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignada no Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe de um lado órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, do Distrito Federal ou municipal, direta ou indireta, consórcios públicos, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando à execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação

Instrumento Características Contrato de

Repasse

Consiste na transferência dos recursos financeiros da União para estados, municípios, Distrito Federal e Entidades Privadas sem fins lucrativos, realizada por instituição financeira pública federal, que atua como mandatária da União para financiamento de projetos de investimentos com recursos do orçamento da União. Estas instituições são representadas pelo Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Caixa Econômica Federal. Esse contrato vem sendo utilizado pelo governo federal predominantemente para a execução de programas sociais nas áreas de habitação, saneamento e infraestrutura urbana, esporte, bem como nos programas relacionados à agricultura. Na saúde os contratos de repasses são destinados a obras vinculadas a construção nova, conclusão, ampliação e reforma de unidades de saúde. A proposta é preenchida no Portal de Convênios- SICONV e aprovada pelo Ministério da Saúde. Termo de

Cooperação

Consiste na transferência de crédito de órgão ou entidade da administração pública federal para outro órgão federal da mesma natureza ou autarquia, fundação pública ou empresa estatal dependente. Portanto, esse instrumento não se aplica aos estados e municípios.

Fonte: Elaboração própria a partir do Brasil (2011c; 2012d)

Os recursos financeiros transferidos por meio de convênios e contratos de repasse são direcionados para uma lista dos programas disponíveis pelos órgãos e entidades da administração pública para a execução de projetos e atividades de interesse do governo federal divulgada no Portal de Convênios (SICONV), anualmente. Para essas transferências são estabelecidas exigências, padrões, procedimentos, critérios de elegibilidade e de prioridade, estatísticas e outros elementos que possam auxiliar a avaliação das necessidades locais e, exigidos um rol de documentos, como por exemplo, Termo de Referência ou Projeto Básico, Plano de trabalho, Relatório Técnico (RT), certificado de regularidade com o FGTS e adimplência junto ao Sistema de Administração Financeira – SIAFI, entre outros, que pode variar em função do objeto da proposta e a entidade solicitante, diferentemente dos exigidos para os repasses obrigatórios de forma regular e automática.

Para as transferências obrigatórias do Ministério da Saúde para os Fundos Estaduais e Municipais de Saúde são condicionadas à instituição e ao funcionamento do Fundo de Saúde, Conselho de Saúde, com composição paritária; existência de plano de saúde; relatórios de gestão; contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento e Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) (Lei 8142/90 e Decreto nº 1232/94), embora, não exista um rigor do governo federal na conferência desses itens para efetuação dos repasses.

Mas, estão previstas sanções no caso de detecção de irregularidades relacionadas ao financiamento na Lei Complementar nº 141/12:

Art. 25. Eventual diferença que implique o não atendimento, em determinado exercício, dos recursos mínimos previstos nesta Lei Complementar deverá, observado o disposto no inciso II do parágrafo único do art. 160 da Constituição Federal, ser acrescida ao montante mínimo do exercício subsequente ao da apuração da diferença, sem prejuízo do montante mínimo do exercício de referência e das sanções cabíveis.

Artigo 26 § 1o No caso de descumprimento dos percentuais mínimos pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, verificado a partir da fiscalização dos Tribunais de Contas ou das informações declaradas e homologadas na forma do sistema eletrônico instituído nesta Lei Complementar, a União e os Estados poderão restringir, a título de medida preliminar, o repasse dos recursos referidos nos incisos II e III do § 2º do art. 198 da Constituição Federal ao emprego em ações e serviços públicos de saúde, até o montante correspondente à parcela do mínimo que deixou de ser aplicada em exercícios anteriores, mediante depósito direto na conta corrente vinculada ao Fundo de Saúde, sem prejuízo do condicionamento da entrega dos recursos à comprovação prevista no inciso II do parágrafo único do art. 160 da Constituição Federal.

Além do aspecto da insuficiência de recursos para a garantia dos direitos do SUS, outra questão no debate atual é a ineficiência no seu uso, que não será abordada nesse estudo. Portanto, tem-se em mente que o financiamento do setor deve ser enfrentado tanto do ponto de vista da quantidade quanto da qualidade (AFONSO, 2010) e, sem dúvida, numa arena política.

Segundo Carvalho (2008) as saídas possíveis para o financiamento em saúde consistem no que o autor chamou de Lei dos Cinco Mais:

1) Mais Brasil: onde fica patente que não haverá melhor saúde se não se mudarem as condições de vida do brasileiro com emprego pleno, melhores salários, casa, comida, educação, lazer, cultura, meio ambiente, saneamento etc.; 2) Mais Saúde - SUS: impossível ter mais saúde a continuarmos fazendo o anti-SUS onde se repete um sistema voltado mais e quase que exclusivamente, para a recuperação de doente que para a integralidade da associação entre promoção, proteção e recuperação da saúde; 3) Mais eficiência: a complexidade da área de saúde, associada a incompetência gerencial administrativa tem levado a que se percam recursos no processo de se fazer saúde demandando um choque de eficiência tanto na saúde privada como pública; 4) Mais honestidade: combater, por todos os meios, os atos de corrupção em que diariamente a saúde se vê envolvida, tanto por ataques externos, quanto pelos internos; 5) Mais recursos: a necessidade de mais recursos destinados à saúde está suficientemente demonstrado e evidente.

Donde se conclui que a insuficiência de recursos para a saúde pública é um dos nós críticos do SUS, mas existem outros que precisam ser enfrentados considerando o conceito ampliado de saúde e a magnitude do sistema.

CAPÍTULO III - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS NO