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6 CONCLUSÕES

6.1 ATENDIMENTO AOS OBJETIVOS PROPOSTOS

Através da análise dos dados obtidos e levando em conta as limitações impostas, podem ser elaboradas algumas respostas aos objetivos propostos neste estudo.

A emissão após o catalisador foi consistentemente maior do que a emissão antes desse dispositivo de controle. Os resultados parecem confirmar as afirmações encontradas na literatura que dão conta da indução na formação desse composto no interior do catalisador automotivo. A emissão de amônia após o catalisador mostrou-se da ordem de três a quatro vezes superior à emissão antes do catalisador, lembrando que essa comparação só foi feita nos ensaios realizados conforme a Norma ABNT NBR 6601 (ABNT, 2012).

Embora tenha havido diferença entre as médias, quando se compara as emissões obtidas com os diferentes combustíveis, a análise estatística efetuada mostrou que essas diferenças não são significativas, no nível de confiança adotado.

Também não foi detectada diferença significativa entre os ensaios realizados com o combustível gasool, nos dois teores de enxofre considerados (50 e 350 ppm), embora possam ser encontrados trabalhos que afirmem que o maior teor de enxofre em geral leva a uma emissão menor de amônia. Deve ser levado em conta que o enxofre presente no combustível tem um efeito deletério sobre o catalisador, contaminando-o de forma a fazer com que perca a sua eficiência. Esse efeito, no entanto, é sentido em longo prazo, durante a vida útil do catalisador. É provável que um efeito desse tipo não possa ser detectado em ensaios efetuados imediatamente após a troca de um combustível pelo outro, o que foi exatamente o caso deste estudo.

Pode-se observar que a maior emissão de amônia, independente do ciclo de condução foi sempre quando o veículo utilizou GNV como combustível.

Os valores das emissões obtidas quando se ensaiou o veículo utilizando o ciclo de condução congestionamento (NYCC) foram de três a quatro vezes superiores às emissões obtidas usando o ciclo urbano de condução conforme Norma ABNT NBR 6601 (FTP-75) (ABNT, 2012). Quando se utilizou o ciclo de condução agressivo (US-06) as emissões foram cerca de 50% a 60% maiores do que na utilização do ciclo congestionamento para os combustíveis GNV e gasool. Nesse caso, o comportamento dissonante ficou por conta das emissões detectadas quando se utilizou o combustível EHC. O valor mostrou-se inferior ao obtido na utilização do ciclo NYCC e apenas pouco superior ao obtido com o ciclo FTP-75.

Partindo da suposição da formação de amônia induzida pela presença do catalisador, podemos concluir que, via de regra, é provável que quando da condução do ciclo congestionamento, que reproduz a típica solicitação de acelerações repentinas (trânsito “anda e para”), e do ciclo agressivo, que é caracterizado por bruscas acelerações e velocidades extremas, estejam presentes condições facilitadoras da formação de amônia. Essas condições são a presença em maior concentração dos poluentes precursores de amônia, aliada ao fato de que o catalisador deve permanecer um período maior, em relação ao ciclo FTP-75, em condições de alta temperatura, que tende a otimizar o seu funcionamento.

Também foi possível determinar, para todos os ensaios, a emissão dos demais compostos de nitrogênio (NOx e N2O), além dos demais poluentes

regulamentados. Das análises conduzidas para relacionar esses poluentes podemos tecer algumas conclusões e suposições:

a) Foi observada baixa correlação entre a emissão de NH3 e CO, que é

indicado como sendo um precursor de amônia. No entanto, observou-se que as maiores emissões de amônia estiveram associadas também com emissões elevadas de CO, tanto nos ensaios efetuados com o ciclo de condução agressivo quanto com o ensaio realizado com o veículo desregulado, que foi aquele que apresentou a maior das emissões de CO. Embora seja um indicativo, a utilização da emissão de CO como um preditor

da emissão de amônia, necessita de maiores estudos que realizem ensaios em amostra representativa da frota.

b) Para a relação entre a emissão de NH3 e NOx também não foi

observada uma boa correlação. É sabido que a formação de NOx deve-se às condições de alta temperatura e pressão no interior das câmaras de combustão do motor e o seu abatimento é feito através da atuação do catalisador. As condições extremas do ciclo US-06, no entanto parece ter sido de tal monta que a emissão sobrepujou a capacidade de atuação do catalisador, mesmo sendo operado em condições otimizadas que levaram a uma maior emissão de amônia.

c) A melhor relação obtida foi entre a emissão de N2O e NOx. Os maiores

valores de emissão de N2O foram obtidos nos ensaios que utilizaram como

combustível o GNV e que apresentaram também as maiores emissões de NOx. As emissões de N2O quando utilizado o combustível GNV foram de

quatro a cinco vezes superiores às emissões com os combustíveis EHC e gasool, quando os ensaios foram feitos com o ciclo de condução FTP-75. Nos ensaios com os ciclos agressivo e congestionamento, essas emissões foram da ordem de 10 vezes maiores. Embora também se admita que a formação de N2O, da mesma forma que a amônia, é induzida pela presença

do catalisador, esse comportamento só foi detectado nos ensaios em que se utilizou o GNV. Nesse caso, a emissão após o catalisador é cerca do dobro da emissão antes do catalisador.

d) Este estudo não encontrou correlação entre as emissões de NH3 e

CO2. A grande emissão de amônia que pode ser associada à condução do

veículo no ciclo agressivo, nessa comparação foi pareada com os valores de CO2, para todos os combustíveis, menores que os valores desse mesmo

composto, obtidos no ciclo de condução urbano. A maior emissão de CO2 foi

observada nos ensaios feitos com a utilização do ciclo congestionamento, que simula uma condição que favorece o alto consumo de combustível. Esses comportamentos díspares levaram a uma dispersão grande dos valores associados e a uma correlação desprezível.

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