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Aterros para Resíduos Perigosos e Não-Perigosos 49

1   INTRODUÇÃO

3.5   T ECNOLOGIAS DE T RATAMENTO DE R ESÍDUOS S ÓLIDOS 46

3.5.3   Aterros para Resíduos Perigosos e Não-Perigosos 49

3.5.3.1 Aspectos Gerais

Segundo Lange et al. (2003), a elaboração do projeto do aterro deve considerar o sistema de operação, drenagem de águas pluviais, impermeabilização da base do aterro, cobertura final, drenagem de líquidos lixiviados, drenagem de biogás, análise de estabilidade dos maciços de solo e resíduos, sistema de monitoramento e fechamento do aterro. De acordo com a origem e a periculosidade dos resíduos sólidos os aterros classificam-se em:

• Aterro sanitário: segundo a norma NBR 8.419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1984) o aterro sanitário é uma “técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou risco à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ao meio ambiente; método este que utiliza princípios de engenharia para

confinar os resíduos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho”. Esse tipo de aterro recebe sobretudo resíduos sólidos urbanos de classe IIA.

• Aterros industriais: Aterro Classe II: utilizado para disposição de resíduos industriais considerados, não perigosos. A estrutura deste aterro é idêntica a de um aterro sanitário mas, geralmente, não apresenta sistema de coleta de gases. Aterro Classe I: recebe resíduos industriais de classe I ou perigosos. Possui condições de impermeabilização mais severas que os aterros classe II.

A maior restrição quanto aos aterros, como solução para disposição final de resíduos, é a demanda por grandes extensões de área para sua viabilização operacional e econômica, lembrando que os resíduos permanecem potencialmente perigosos no solo até que possam ser incorporados naturalmente ao meio ambiente (IBAM, 2001).

3.5.3.2 Características dos aterros Classe II ou de Resíduos Não Perigosos

3.5.3.2.1 Fundação e Impermeabilização do Fundo e das Laterais

O fundo e as laterais do maciço devem ser impermeabilizados para evitar uma possível contaminação do subsolo e do lençol freático pelos lixiviados. As camadas de impermeabilização devem apresentar estanqueidade, durabilidade, resistência mecânica, resistência a intempéries e compatibilidade com os resíduos a serem aterrados.

Normalmente, as camadas de impermeabilização tem-se sido executadas utilizando-se materiais impermeabilizantes como revestimentos minerais (camada de argila adequadamente compactada) ou revestimentos sintéticos (geomembranas plásticas e betuminosas). A escolha de um ou de outro tipo de material é influenciada pelo uso a que se destina, pelo ambiente físico, pela química do percolado e pela taxa de infiltração (CARVALHO, 1999).

3.5.3.2.2 Sistema de Drenagem e Tratamento de Líquidos Lixiviados e Gases

Os lixiviados gerados pela degradação dos resíduos aterrados devem ser canalizados para fora do sistema de disposição a fim de receberem o tratamento adequado. A drenagem dos lixiviados pode ser projetada de forma a propiciar a percolação do lixiviado através dos resíduos sólidos. Isto acelera o processo de biodegradação dos resíduos, já que os microorganismos degradadores estão presentes no lixiviado (GOMES e MARTINS, 2003).

Várias alternativas de tratamento de lixiviados vêm sendo testadas. A legislação ambiental inclui parâmetros máximos para o lançamento de efluentes nos corpos d’água naturais. Dentre os principais processos atualmente empregados no tratamento dos líquidos lixiviados incluem-se: a utilização de lagoas de estabilização, processos físico-químicos, a recirculação e estações de tratamento de esgotos, tratando lixiviados juntamente com esgotos sanitários.

Os principais gases gerados nos aterros, provenientes do processo de degradação dos resíduos aterrados, são o metano, o dióxido de carbono e o gás sulfídrico. O conjunto desses gases - denominado biogás - deve ser drenado para o exterior do maciço para evitar bolsões internos que possam gerar incêndios ou explosões, além de potencializar problemas de instabilidade.

Segundo Jucá (2003), no Brasil o tratamento de gases em aterros sanitários resume-se praticamente a queima do metano (CH4) e liberação do dióxido de carbono (CO2). Em geral o sistema de drenagem de gases é individual (tipo aberta) utilizando queimadores tipo “flare”, havendo exceções em sistemas conjugados de drenagem, com extração forçada de gás.

Além da queima dos gases gerados pela degradação dos resíduos, e devido ao elevado poder calorífico do metano presente no biogás, em muitos aterros sanitários no mundo, estão sendo implantadas unidades de geração de energia elétrica. Segundo estudos do Banco Mundial (WB, 2004), para cada tonelada de resíduo disposto em um aterro sanitário, são gerados em média 200 Nm3 de biogás.

3.5.3.2.3 Execução de Camadas de Coberturas Intermediária e Final

As camadas intermediárias são aquelas realizadas ao longo do processo de enchimento do aterro, realizadas diariamente ou ao final da jornada de trabalho. Dentre suas principais funções estão o controle de vetores, a minimização de odores, a proteção de resíduos contra pássaros e a prevenção contra a combustão espontânea dos resíduos. As camadas finais, executadas na finalização do aterramento, apresentam as principais finalidades de evitar a infiltração de águas pluviais, resultando em aumento do volume de líquidos lixiviados, impedir a liberação desordenada dos gases gerados e favorecer a recuperação final da área.

3.5.3.2.4 Sistema de Drenagem Pluvial e Proteção Superficial

De acordo com IPT/CEMPRE (2000), esse sistema tem a finalidade de interceptar e desviar o escoamento superficial das águas pluviais, durante após a vida útil do aterro, evitando sua

infiltração na massa de resíduos. Em geral, é constituído por estruturas drenantes do tipo canaletas, associadas às escadas d’água e tubos de concreto.

3.5.3.2.5 Sistema de Monitoramento Geotécnico e Ambiental

O sistema de monitoramento geotécnico e ambiental de um aterro deve contemplar essencialmente os seguintes itens: monitoramento do microclima (temperatura, índice pluviométrico, qualidade do ar, etc.); monitoramento da águas superficiais e subterrâneas; monitoramento dos líquidos lixiviados e dos gases gerados; monitoramento do maciço de resíduos (recalques, poropressões, estabilidade dos taludes, etc).

3.5.3.3 Características dos aterros Classe I ou de resíduos perigosos

Nos aterros Classe I ou de resíduos perigosos devem ser observados os mesmos aspectos que os aterros de resíduos não perigosos, porém com mais intensidade, visto que as características dos resíduos dispostos neste tipo de aterro são bem mais agressivas. Contudo, cuidados adicionais devem ser tomados. No momento da seleção da área para construção do aterro, devem ser observados, além dos aspectos relacionados aos aterros de resíduos não perigosos, a possibilidade da dispersão de pós e vapores nocivos e a biodiversidade existente na região.

Os resíduos devem ser dispostos obedecendo à legislação pertinente, em aterros industriais, devem ser dispostos resíduos quimicamente compatíveis para se evitar conseqüências como: geração de calor, fogo ou explosão, produção de fumos e gases tóxicos e inflamáveis, solubilização de substâncias tóxicas e polimerização violenta (IBAM, 2001).

Durante o projeto do aterro, devem ser consideradas as rotas preferenciais de caminho das substâncias nocivas, devendo ser instaladas, coberturas ao longo da área de disposição, contribuindo para o afastamento de animais. As camadas de impermeabilização devem possuir espessuras maiores, com várias camadas isolantes (duas de PEAD com 2,0 mm de espessura e uma de solo de 1,5m com permeabilidade da ordem de 10-8 cm/s) (CCME, 2006).

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