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4 Material e Métodos

5.2 Atitudes Proactivas (Prevenção, sistemas de videovigilância) 1 Juízes

Todos os profissionais da justiça têm tido alguma sensibilidade em lidar com este fenómeno criminal. No entanto a falta de recursos humanos e materiais por parte da justiça tem sido um problema que se vem sentindo ao longo do tempo em Portugal. Quando questionados sobre a possibilidade de haver atitudes pró-ativas por parte do sistema de reação e justiça, todos os participantes têm dificuldade em enunciar possíveis medidas, relacionando isso muitas das vezes com a complexidade que caracteriza o fenómeno e a cultura vigente da sociedade (desconhecimento do crime). No entanto, dois participantes referem que a prevenção é muito importante (f = 18%), um dos participantes refere que o policiamento de proximidade (f = 9%) é importante e não descartam a hipótese de aplicar os sistemas de videovigilância no âmbito do controlo do crime para servir de prova (f = 18%). JIC2 (juiz instrução criminal) aponta algumas possíveis medidas como a intervenção em comunidades onde ocorre este tipo de crime e ações de sensibilização que visem dar a conhecer o mesmo (f = 18%). Outros participantes falam nos meios de comunicação e como pode ser inevitável a mediatização e partilha de informação através das redes sociais.

JJ1: “Agora, a nível pró-ativo eu acho que tem que ver um bocadinho com a cultura da sociedade, não é? E mudar uma cultura não é fácil”.

JJ3: “Pois... isso é… é uma área muito complicada, quer para os tribunais, quer para os órgãos de polícia criminal em intervenção, em particular, na atualidade. De há uns tempos para cá, praticamente não existe… porque cada vez mais a prostituição e a exploração da exploração exercem-se através dos meios tecnológicos, com divulgação através de sites na internet… e, portanto, são muito difíceis a deteção e a intervenção”. JIC2: No sentido da prevenção? Eu entendo a questão, mas… A prevenção neste tipo de crimes é muito complicada. Eu consigo ver mais facilmente são medidas reativas imediatas, no sentido de fiscalização pronta…. o policiamento proximidade não deixa de ser importante”.

57

Tabela 6 - Frequências da análise de discurso dos entrevistados (juízes) relativamente às

atitudes proactivas e tomada de conhecimento.

5.2.2 Magistrados do Ministério Publico

Todos os entrevistados têm dificuldade em apresentar possíveis medidas proactivas e de prevenção do fenómeno. Quanto ao nível de atitudes proactivas e tomada de conhecimentos verifica-se que a maioria dos magistrados do Ministério Público associa como medida proactiva a prevenção a vigilância e os sistemas videovigilância (f = 33%). Algumas medidas apontadas para além da utilização de videovigilância são o alerta da população para este tipo de crime e a proibição da difusão de material que faça publicidade à prostituição. Um dos entrevistados refere que a prevenção passa mais por uma resposta social do que relacionada com a polícia ou justiça, tendo que ser instituições de outro cariz a atuar nesta vertente.

COORDMP1: “Atitudes pró-ativas… É prevenção, é divulgar o conhecimento destas situações. Alertar a população para estas situações. É assim, nós… A nível preventivo, não creio o que é que a justiça poderá fazer… Será se calhar uma resposta mais social (...) Designadamente, no apoio dessas pessoas que muitas vezes por se encontrarem numa situação de completo desamparo, não têm outra alternativa senão dedicarem- se a isso”.

1 2 3 4 5

Meios de comunicação X X 2 18%

Campanhas sensibilização X 1 9%

Mudança de mentalidade/cultura X 1 9%

Outros Opc´s- Policiamento proximidade X 1 9%

Prevenção-complicada X X 2 18%

Sistemas de videovigilância X 1 9%

Vigilâncias X X X 3 27%

Análise Quantitativa das Respostas à questão 5.2.1

Atitudes Proativas- tomada de conhecimento 3 juizes Julgamento do 1ºjuízo central criminal e 2 juizes Instrução criminal Frequência

(n)

Percentagem (%)

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Tabela 7 - Frequências da análise de discurso dos entrevistados (MP) relativamente às

atitudes proativas e tomada de conhecimento.

5.2.3 Órgãos de Polícia criminal

Analisando os dados dos 28 (vinte e oito) OPC´s participantes (f = 35,7%) destes participantes tem conhecimento e apontam como principal medida preventiva a “prevenção complicada”, indicando (f = 10,7%) os sistemas de videovigilância, o sistema Closed Circuit Television Cameras (CCTV) tornou-se numa importante estratégia de prevenção e controlo do crime. Enquanto que outros OPC´s apostam (f = 10,7%) no modelo “policiamento de proximidade, as vigilâncias e campanhas de sensibilização” como forma de se aproximar mais do cidadão, e apostar em mais informação sobre este crime, uma vez que muitas pessoas não têm conhecimento do crime do lenocínio, relacionando sempre com a “prostituição”. Em Portugal a punição do lenocínio, é exclusiva da exploração da atividade de terceiros com fim lucrativo, mas, contrariamente, em países nórdicos existem outros modelos em que o cliente também é punido. Na Holanda, que regula a prostituição de uma forma organizada, ou seja, o crime de lenocínio não é crime é uma atividade económica, há um “vazio legal”.

GNRCMDT1: “É através do policiamento que temos de proximidade e de contacto com a população que vamos tentando ter conhecimento de casos destes para atuarmos de início”.

GNR2CMDT2: “Enquanto as forças policiais têm sempre, preveem sempre a prevenção dos crimes e são ágeis a preparar todas as suas atividades no sentido de prevenir o crime, seja lenocínio, seja outro qualquer. No entanto, o lenocínio, tem que haver sempre um conhecimento prévio de, pelo menos, a suspeição de que existe isto nalgum sítio, as vigilâncias seriam importantes”.

GNRNIC4: “Apostar nas campanhas de sensibilização de pessoas”.

GNRNIC5: “Muitas das vezes a as campanhas são muito importantes, mas este tipo de crime não, não muito conhecido, ou melhor a população em geral desconhece”.

GNRNIAVE1: “Medidas que possam ter a devida eficácia, elas não são fáceis. Passa por algum esclarecimento da própria população, algumas ações de sensibilização na perspetiva de explicar o que é que pode ser englobado como crime, e o que é que não é”.

COORDPJ1: “O que é feito hoje em dia… há várias organizações deque dão apoio social e que fazem intervenção junto de trabalhadores de sexo, normalmente, mesmo nesta prostituição de estrada e de casas,

1 2 3 4

Mudança de mentalidade/cultura X 1 17%

Prevenção-complicada X X 2 33%

Sistemas de videovigilância X X 2 33%

Vigilâncias X 1 17%

Análise Quantitativa das Respostas à questão 5.2.2

Atitudes Proativas- tomada de conhecimento 1 Coordenador e 3 procuradores do Ministerio publico da Comarca de Aveiro Frequência

(n)

Percentagem (%)

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procuram ir junto das pessoas. Muitas vezes estas instituições fazem-nos sinalização de algumas situações mais complicadas”.

INSPCHEFSEF1: “Efetivamente o SEF tem lançado ao longo dos anos diversas campanhas de sensibilização para a exploração das mulheres”

INSPSEF3: “Pois, é assim, eu sou apologista… Hoje temos imensas campanhas no âmbito do tráfico, não é? Até porque o tráfico para a exploração laboral tem-se assistido a uma grande, a uma grande deteção que não era normal nos anos anteriores. E, portanto, tem havido imensas campanhas, desde panfletos, a vídeos, agora até temos o dia nacional do tráfico”.

Tabela 8 - Frequências da análise de discurso dos entrevistados (OPC´s) relativamente às

atitudes proactivas e tomada de conhecimento.

5.3 Formas de Deteção