• Nenhum resultado encontrado

No presente trabalho, o período de exposição de 30 dias mostrou-se ser eficiente para obter altas taxas de decomposição dos bait-lamina junto à serrapilheira. As porcentagens mais elevadas de taxas de consumo das iscas foram observadas no verão (98,18%), seguido do outono (81,08%). Já as estações do ano que apresentaram menor atividade foram a primavera (62,93%) e o inverno (73,09%). Diferenças estatísticas foram observadas entre verão, primavera e inverno. Os resultados são apresentados na Figura 7.

33

Figura 7 – Atividade alimentar da fauna do solo em diferentes estações do ano, após 30 dias de exposição dos bait-lamina. Letras iguais indicam que não houve diferença significativa pela ANOVA seguida de teste de Tukey (p<0,05).

Fonte: O Autor

A atividade e a diversidade da fauna do solo são determinadas por fatores bióticos e abióticos, como clima, condições do solo, atividades do homem, entre outros (AQUINO, 2006). Os resultados do presente estudo corroboram a relação positiva entre a atividade da fauna edáfica, temperatura e umidade, encontrada por outros autores. Silva et al. (2013) ao estudar a fauna edáfica em áreas de restinga no Rio de Janeiro, verificou que a abundância da fauna aumenta do inverno para o verão, e que esses organismos procuram mais a serrapilheira no verão, e o solo, no inverno. Segundo Fernandes et al. (2011), o aumento da temperatura e da umidade no verão favorecem maior atividade da fauna do solo, já a redução da temperatura reduz a atividade, consequência da migração dos invertebrados para as camadas do solo em busca de maior umidade e temperatura.

Utilizando bait-laminas dispostos na superfície (horizontais) Podgaiski et al. (2011) observaram menor taxa alimentar dos invertebrados do solo em áreas pastejadas em comparação com a área não pastejada. Os resultados foram atribuídos à menor quantidade de serrapilheira sobre a área e à ação do gado, como a compactação do solo. Os mesmos autores demonstraram que o ensaio com bait-lamina mostrou-se eficiente em avaliar a atividade alimentar da fauna edáfica, sendo que, aos nove dias as lâminas dispostas na superfície, já apresentavam algum indício de consumo, e após um mês o consumo chegou a 99%. Em outros ambientes, esta decomposição pode se dar de forma mais rápida, como por exemplo na

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0

Primavera Verão Outono Inverno

% da a ti v idade al im ent ar ac bc c dc

34

Amazônia Central, onde Rombke et al. (2006) encontraram alta taxa de consumo dos bait

lamina em 4 dias de exposição.

Outros autores constataram diferença na atividade alimentar da fauna edáfica entre as estações do ano. Rozen, et al. (2010), que avaliaram a atividade alimentar da fauna do solo em monoculturas de 14 espécies florestais, com um tempo de exposição de 42 e 33 dias, constaram que a atividade diferiu entre as espécies arbóreas, sendo mais alta em Larix decidua e Picea

abies nas duas estações do ano estudada. Em ambas as estações, a atividade da fauna foi mais

alta nas camadas superficiais do solo, sendo mais significativa no verão do que no inverno. Klimek et al. (2015), ao estudar a atividade alimentar em sete formações florestais na Polônia, e relacionar com as propriedades físicas e químicas do solo a partir de análises de regressão, constatou que a atividade alimentar da fauna do solo não era diretamente influenciada por nenhuma propriedade físico-química do solo. Entretanto, alguns autores como Gongalsky et al. (2004), ao estudar a influência de três solos florestais na Rússia sobre a atividade alimentar da fauna do solo, observou que em florestas de Pinus sylvestris, com predominância de solos ácidos e alta capacidade de retenção de água, encontrou em duas semanas 13,9% de consumo. E, em florestas com Picea abies, onde o solo era um pouco menos ácido, com menor capacidade de retenção de água e menor teor de matéria orgânica, em duas semanas de exposição o consumo chegou a 65,2%, sendo o consumo maior na superfície do solo.

Em geral, os resultados indicaram uma tendência de maior atividade alimentar da fauna edáfica no verão, provavelmente relacionada às altas temperaturas e umidade.

35

5 CONCLUSÃO

A partir dos resultados observado no presente trabalho, é possível concluir que a velocidade de decomposição foi mais rápida nos primeiros meses de exposição das bolsas.

Os resultados corroboraram o que já apontaram outros estudos sobre a decomposição das acículas de pinus, indicando que o processo é em grande parte devido à ação de microrganismos e com menor participação dos invertebrados edáficos.

O método bait-lamina mostrou-se eficiente quando disposto na superfície (forma horizontal) para determinar a atividade alimentar da fauna edáfica na superfície do solo. O tempo de exposição de 30 dias foi suficiente para detectar diferenças significativas entre as estações do ano.

Como a área estudada ainda é nova (13 anos) e não passou por vários processos de manejo, os resultados aqui apresentados são limitados para representar o que ocorre em todo o ciclo produtivo, incluindo plantios mais antigos e que receberam outros tipos de manejo, o que pode ter influência sobre o processo estudado.

O presente trabalho traz uma contribuição para o entendimento do processo de decomposição da serrapilheira em povoamento de P. taeda na mesorregião serrana de Santa Catarina, e sobre a participação da fauna edáfica sobre esse processo.

36

REFERÊNCIAS

AERTS, R. The freezer defrosting: global warming and litter decomposition rates in cold biomes. Journal of Ecology, v. 94, p. 713-724, 2006.

AGUIAR, A. V.; SOUSA, V. A.; SHIMIZU, J. Y. Espécies de pinus mais plantadas no Brasil. EMBRAPA, 2014. Disponivel em:

<https://www.spo.cnptia.embrapa.br/conteudo?p_p_id=conteudoportlet_WAR_sistemasdepro ducaolf6_1ga1ceportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id =column-1&p_p_col_count=1&p_r_p_-76293187_sistemaProducaoId=3715&p_r_p_- 996514994_topicoId=3229>. Acesso em: 03 mar 2018.

ANDRADE, A. G.; TAVARES, S. R. L.; COUTINHO, H. L. C. Contribuição da serrapilheira para recuperação de áreas degradadas e para manutenção da sustentabilidade de sistemas agroecológicos. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 24, n. 220, p. 55-63, 2003.

AQUINO, A. M. Fauna do solo e sua inserção na regulação funcional do agroecossistema. In: AQUINO, A. M.; ASSIS, R. L. Processos biológicos no sistema solo-planta. Seropédica: EMBRAPA, 2005. p. 47-75.

AQUINO, A. M.; CORREIA, M. E. F. Invertebrados edáficos e o seu papel nos processos do solo. EMBRAPA, Seropédica, 2005.

AUER, C. G. et al. Fungos em acículas da serrapilheira de Pinus taeda L. em povoamentos com diferentes idades. Floresta, v. 36, n. 3, 2006.

AUGUSTO, L.; SCHRIJVER, A. D.; VESTERDAL, L.; SMOLANDER, A.; PRESCOTT, C.; RANGER. J. Influences of evergreen gymnosperm and deciduous angiosperm tree species on the functioning of temperate and boreal forest. Biological Reviews, 2014.

BARBOSA, J. S. et al. Atributos físicos-hídricos de um cambissolo húmico sob sistema agroflorestal no planalto catarinense. Floresta e Ambiente, v. 24, 2017.

BARDGELL, R. The biology of soil: a community and ecosystem approach. 1. ed. 2005. 255 p.

BINKLEY, D.; GIARDINA, C. Why do tree species affect soils? The warp and woof of tree- soil interctions. Biogeochemistry, v. 42, p. 89-106, 1998.

BRADY, N. C.; WEIL, R. R. Elementos da natureza e propriedades dos solos. 3. ed. Porto Alegre, 2013. 686 p.

BOKHORST, S.; WARDLE, D. A. Microclimate within litter bags of diferente mesh size: implications for the ‘arthropod effect’ on litter decomposition. Soil Biology & Biochemistry, v. 58, p. 147-152, 2013.

COLEMAN, D. C.; JR CROSSLEY, D. A.; HENDRIX, P. F. Fundamentals of soil ecology. 2. ed. 2004. 404p.

37

CORREIA, M. E.; OLIVEIRA, L. C. M.; Fauna de solo: aspectos gerais e metodológicos. EMBRAPA, Seropédica, p. 46, 2000.

CORTEZ, N.; MARTINS, A.; MADEIRA, M. Decomposição de agulhas de Pinus pinaster e de folhas de Eucalyptus globulus em regiões do interior e do litoral de Portugal. Revista

Ciência Agrária, v. 30, n. 2, p. 142-158, 2007.

COÛTEAUX, M. M.; BOTTNER, P.; BERG, B. Litter decomposition climate and litter quality. Tree, v. 10, n. 2, 1995.

COÛTEAUX, M. M.; ALOUI, A.; BESSON, C. K. Pinus halepensis litter decomposition in laboratory microcosms as influenced by temperature and a millipede, Glomeris marginata.

Applied Soil Ecology, v. 20, p. 85-96, 2002.

CUNHA NETO, F. V. et al. Soil fauna as na indicator of soil quality in forest stands, pasture and secondary forest. R. Bras. Ci. Solo, v. 36, p.1407-1417, 2012.

ESPINDOLA, J. A. A. et al. Decomposição e liberação de nutrientes acumulados em

leguminosas herbáceas perenes consorciadas com bananeira. R. Bras. Ci. Solo, v. 30, p. 321- 328, 2006.

FERNANDES, M. M. et al. Influência de diferentes coberturas florestais na fauna do solo na flona Mário Xavier, no município de Seropédica, RJ. Floresta, Curitiba, v. 41, n. 3, p. 533- 540, 2011.

FISCHER, A. O fomento na indústria de base florestal. Informe Gepec, Toledo, v. 13, n. 2, p. 6-19, 2009.

FILZEK, P. D. B. et al. Metal effects on soil invertebrate feeding: measurements using the bait lamina method. Ecotoxicology, n. 13, p. 807-816, 2004.

GAMA-RODRIGUES, A. C.; BARROS, N. F. Ciclagem de nutrientes em florestas natural e em plantios de eucalipto e de dandá no sudeste da Bahia, Brasil. R. Árvore, Viçosa, v. 26, 2002.

GAVAZOV, K. S. Dynamics of alpine plant litter decomposition in a changing climate. Plant

Soil, v. 337, n. 19-32, 2010.

GRUGIKI, M. A. et al. Decomposição e atividade microbiana da serapilheira em coberturas florestais no sul do Espírito Santo. Floresta e Ambiente, v. 24, 2017.

GONGALSKY, K. B. et al. Stratification and dynamics of bait-lamina perforation in three forest soils along a north-south gradiente in Russia. Soil Ecology, v. 25, p. 111- 122, 2004.

HANDA, I. T. et al. Consequences of biodiversity loss for litter decomposition across biomes.

Nature, v. 509, 2014.

IBÁ – Industria Brasileira de Árvores. Relatório 2017. 2017. Disponível em: <

http://iba.org/images/shared/Biblioteca/IBA_RelatorioAnual2017.pdf>. Acesso em: 03 mar 2018.

38

ISO – INTERNATIONAL STANDARDIZATON ORGANIZATION. Soil quality - Method for testing effects of soil contaminants on the feeding activity of soil dwelling organisms - Bait-lamina test. ISO 18311. 2016.

KLIMEK, B. et al. Application of the bait-lamina method to measure the feeding activity of soil fauna in temperate forests. Pol. J. Ecol., v. 63, p. 414-423, 2015.

KORASAKI, V.; MORAIS, J. W.; BRAGA, R. F. Macrofauna. In: MOREIRA, F. M. S.; CARES, J. E.; ZANETTI, R.; STURMER, S. L. O ecossistema solo. Lavras: Editora UFLA, 2013. p. 352.

LAVELLE, P. et al. Impacto f soil on the properties of soils in the humid tropics. Soil Science

Society of America and American Society of Agronomy, n. 29, 1992.

LAVELLE, P. Diversity of soil fauna and ecosystem funcion. Biology International, França, n. 33, 1996.

LAVELLE, P. Faunal activities and soil processes: adaptive strategies that determine ecosystem function. Ecological Research, v. 27, p. 93-122, 1997.

LI, X. et al. Litter mass loss and nutriente release influenced by soil fauna of Betula ermanii forest floor of the Changbai Mountains, China. Applied Soil Ecology, v.95, p. 15-22, 2015.

MARCHIORI, J. N. C. Dendrologia das gimnospermas. 2. ed. Santa Maria, 2005. 161 p.

MELLO, F. Z. et al. A importância da meso e macrofauna do solo na fertilidade e como biondicadores. Boletim Informativo da SBCS, 2009.

MORAIS, J. W. et al. Mesofauna. In: MOREIRA, F. M. S.; CARES, J. E.; ZANETTI, R.; STURMER, S. L. O ecossistema solo. Lavras: Editora UFLA, 2013. p. 352.

MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e bioquímica do solo. 2 ed. Lavras, 2006. 729p.

MORRISON, I. K. Decomposition and elemento release from confined jack pine needle litter on and in the feathermoss layer. Can. J. Res, v. 33, p. 16-22, 2003.

ORGIAZZI, A. et al. Global soil biodiversity Atlas. European Commission Publications office of the European Union, Luxembourg, 2016, 176p. Disponível em:

<https://esdac.jrc.ec.europa.eu/public_path/JRC_global_soilbio_atlas_online.pdf>. Acesso em: 30 maio 2018.

PANT, M.; NEGI, G. C. S.; KUMAR, P. Macrofauna contributes to organic matter

decomposition and soil quality in Himalayan agroecosystems, India. Applied Soil Ecology, v. 120, p. 20-29, 2017.

PRESTON, C. M. et al. Chemical changes during 6 years of decomposition of 11 litters in some canadian forest sites. Part 1. Elemental composition, tannins, phenolics, and proximate fractions. Ecosystms, v. 12, p. 1053-1077, 2009.

39

PRESCOTT, C. E. et al. Decomposition of broadleaf and needle litter in forests of British Columbia: influences of litter. Type, forest type, and litter mixtures. Can. J. Res., v. 30, p. 1742-1750, 2000.

PURAHONG, W. et al. Influence of diferente forest system management practices on leaf litter decomposition rates, nutriente dynamics and the activity of ligninolytic enzymes: a case study from central european forest. Plos One, v.9, n. 4, 2014

PODGAISKI, L.R., F.S. SILVEIRA; M. MENDONÇA JR. Avaliação da Atividade Alimentar dos Invertebrados de Solo em Campos do Sul do Brasil – Bait-Lamina Test.

EntomoBrasilis, v. 4, n. 3, 2011.

REZENDE, C. P. et al. Litter deposition and disappearance in Brachiaria pasture in the atlantic forest region of the South of Bahia, Brazil. Nutrient Cycling in Agroecosystems, v. 54, p.99-112, 1999.

RÖMBKE, J. et al. Feeding activities of soil organisms at four diferente forest sites in central amazonia using the bait lamina method. Journal of Tropical Ecology, v. 22, 2006.

ROZEN, A. et al. Soil faunal activity as measured by the bait-lamina test um monocultures of 14 tree species in the siemianice common-garden experimente, Poland. Applied Soil

Ecology, v. 45, p. 160-167, 2010.

SALAH, Y. M. S.; SCHOLES, M. C. Effect of temperature and litter quality on

decomposition rate of Pinus patula needle litter. Procedia Envirommental Sciences, v. 6, p. 180-193, 2011.

SCORIZA, R. N. et al. Métodos para coleta e análise de serrapilheira aplicados à ciclagem de nutrientes. Floresta & Ambiente, v.2, n. 2, p. 01-18, 2012.

SILVA, C. F. et al. Fauna edáfica em área periodicamente inundável na restinga da Marambaia, RJ. R. Bras. Ci. Solo, v. 37, p. 587-595, 2013.

SHIMINUZU, J. Y. Pinus na silvicultura brasileira. 1.ed. Colombo, 2008. 223 p.

SOARES, N. S.; SILVA, M. L.; CORDEIRO, S. A. Produto interno bruto do setor florestal brasileiro, 1994 a 2008. Revista Árvore, Viçosa, v. 38, n. 4, p. 725-732, 2014.

SOUSA, E. P. et al. Desempenho do setor florestal para a economia brasileira: uma abordagem da matriz insumo-produto. Revista Árvore, Viçosa, v. 34. n. 6, p. 1129-1138, 2010.

TAUK, S. M. Biodegradação de resíduos orgânicos no solo. Revista Brasileira de

Geociência, v. 20, p. 299-301, 1990.

THOMAS, W. A. Decomposition of loblolly pine needles with and without addition of dogwood leaves. Ecology, v. 49, n. 3, p. 568-571, 1968.

THOMAS, R. J.; ASAKAWA, N. M. Decomposition of leaf litter from tropical forage grasses and legumes. Soil Biology and Biochemistry, v. 25, n. 10, p. 1352, 1361, 1993.

40

VASQUES, A. G. et al. Uma síntese da contribuição do gênero Pinus para o desenvolvimento sustentável no sul do Brasil. Floresta, Curitiba, v. 37, n. 3, 2007.

VIEIRA, M.; SCHUMACHER, M. V. Variação mensal da deposição de serapilheira em povoamento de Pinus taeda L. em área de campo nativo em Cambará do Sul –RS. Revista

Árvores, Viçosa, v. 34, n. 3, p. 487-494, 2010.

VIEIRA, M. et al. Deposição de serrapilheira e nutrientes em plantio de Eucalyptus urophylla x E. globulus. Floresta e Ambiente, v. 21, n. 3, p. 327-338, 2014.

VON TÖRNE, E. Assessing feeding activities of soil-living animals. I. Bait-lamina-tests.

Pedobiologia, v.34, n.2, 1990.

WANG, Z.; YIN, X.; LI, X. Soil mesofauna effects on litter decomposition in the coniferous forest of the Changbai Mountains, China. Soil Ecology, v. 92, p. 64-71, 2015.

Documentos relacionados