• Nenhum resultado encontrado

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.6. Atividade anti-inflamatória de constituintes de média e baixa polaridade de

Os diterpenos são compostos terpenóides particularmente abundantes nas famílias Lamiaceae, Asteraceae, Apiaceae e Salicaceae, entre outras A classificação dessa classe química é definida de acordo com o anel presente na sua estrutura. Existe os diterpenos lineares, e os cíclico, entre os diterpenos bicíclicos destacam-se os clerodânicos e os labdânicos. Os diterpenos podem modular vias de sinalização celular envolvidas na resposta inflamatória crítica do corpo, tais como a ativação de Fator de Transcrição Nuclear Kappa Beta (NF-kB), um importante regulador de genes relacionados com a resposta inflamatória e imunológica (GIANG et al., 2003, HERAS & HORTELANO, 2009, KIM, et al., 2013, LI, et al., 2015). Portanto, algumas espécies apresentam atividade anti-inflamatória devido a presença dessa classe química. Da espécie Casearia sylvestris Swart, conhecida como guassatonga, foram isolados os diterpenos clerodânicos, casearina (57) e caseargrewiina (58). Esses diterpenos apresentaram atividade anti-inflamatória semelhante à indometacina (10mg/Kg), quando avaliados nas doses de 0,5; 2,5 e 5,0mg/Kg em modelo de edema de pata induzido por carragenina em ratos (PIERRI, 2013). A espécie Croton cajucara Benth exibe atividade anti-inflamatória, relacionada à presença dos diterpenos trans- crotonina (59) e trans-desidrocrotonina (60). Essas substâncias, avaliadas na dose de 50 mg/kg, inibiram de forma significativa o edema induzido por carragenina em pata de rato 1, 2, 3 e 4 horas após a injeção do estímulo inflamatório, resultando em uma inibição máxima de 54,4%, 2 horas após a injeção de carragenina.

59

60

O cajucarinolídeo (61) induziu a inibição in vitro da fosfolipase A2 (PLA2) enzima essencial para a produção do ácido araquidônico, consequentemente interfere na biossíntese de mediadores inflamatórios lipídicos (ICHIHARA et al., 1992). Kim e colaboradores (2013) isolaram um diterpeno labdânico da Thuya orientalis (L) ENDL o ácido 15-nor-14-oxolabda-8(17),13(16)-dien-19-oico (62) e outros 6 diterpenos, com atividade anti-inflamatória a partir do fracionamento do extratos metanólicos das folhas, em frações sucessivas de acetato de etila e n-butanol.

61

CHO

HOOC 62

Este diterpeno mostrou-se potente entre os compostos isolados para a inibição de produção de NO induzida por LPS (IC50 1: 3.56 mM). Além disso, este composto

foi capaz de reduzir a produção de mediadores pró-inflamatórios e realizar a supressão da expressão das enzimas inflamatórias iNOS e COX-2. Uma outra possibilidade de mecanismo desse derivado consiste na atenuação da atividade transcricional induzida por LPS via rota NF-kB. Assim este estudo demonstrou que os diterpenos labdânicos presentes na Thuya orientalis (L) ENDL apresentam atividade anti-inflamatórias pela supressão da atividade NF-kB e fosforilação da ERK. Portanto

foi comprovada a utilização dessa espécie na medicina popular para tratamento de doenças como a gota e dermatites. De uma maneira geral, os diterpenos labdânicos conseguem modular a rota do NF-ҡB, por isso podem ser utilizados na terapia antiinflamatória. Um outro exemplo, dessa classe de diterpenos com propriedade anti- inflamatória é o andrografolideo (63), isolado da Andrographis paniculata Wall (TRAN; WONG; CHAI, 2017).

63

3.6.2. Ácidos graxos com atividade anti-inflamatória

Rotimi; Rotimi; Obembe (2014) realizaram estudos in silico com ácidos graxos isolados de Cucurbita pepo L. e demostraram que o ácido 9-12 octadecadienoico (ácido linoleico) (64) liga-se diretamente à molécula do NF-κB. Os autores sugerem que esse ácido graxo inibe a ativação de citocinas pro-inflamatórias como IL-1β e TNF-α que controlam a cascata do processo inflamatório. O ácido hexadecanóico/ácido palmítico (65), um ácido graxo saturado, liga-se ativamente a enzima fosfolipase A2 (PLA2) o que o torna um possível composto com efeito anti- inflamatório (APARNA, et al., 2012).

64

65

Os inibidores da PLA2 podem atuar como agente anti-inflamatórios, pois essa enzima libera o ácido araquidônico das membranas celulares, e este é responsável pela síntese de mediadores lipídicos que são relacionados com a resposta

inflamatória, como prostaglandinas e os leucotrienos (ALMEIDA, et al., 2013). Ácidos graxos poli-insaturados, como o ácido linoleico, ácido α-linoleico e o ácido docosahexaenóico, apresentaram propriedades anti-inflamatórias, em resposta ao estimulo de LPS, no modelo utilizando células monocíticas humanas THP1, via a inibição da expressão dos genes das seguintes citocinas inflamatórias IL-6, IL-1β e TNF-α (ZHAO G., et al., 2005,SNODGRASS, et al., 2016). Segundo Olson e colaboradores (2013), o ácido docosahexaenóico (66), inibe o fator nuclear κB (NF- κB) e consequentemente interfere na ativação do receptor do tipo Toll 4 (TLR4), diminuindo a produção das citocinas inflamatórias.

Segundo Hamdi, e colaboradores (2018), o extrato de éter de petróleo das folhas da Haplophyllum tuberculatum (Forssk.) Juss

.

é rico em ácidos graxos, e estes

constituintes tem potencial anti-inflamatório e analgésico. Destacam-se o ácido α- linoleico (64), ácido palmítico (65), ácido oleico (67) , ácido láurico (68), ácido esteárico

(69), entre outros. O ácido γ-linoleico inibe a cicloxigenase 2, diminui a produção de

oxido nítrico e da interleucina IL-1β. Neste trabalho, o efeito analgésico e anti- inflamatório observado, é creditado a alta concentração do ácido palmítico (65) presente no extrato. De uma forma geral, os ácidos graxos podem atuar, sinergicamente ou isoladamente.

67

68

69 66

Já os ácidos graxos de cadeia curta, obtidos a partir de fermentação bacteriana, como o acetato, proprionato e o butirato, podem trazer benefícios no tratamento de doenças inflamatórias. Estudos demonstraram que não somente reduzem a produção de fatores pró-inflamatórios incluindo TNF-α, IL- 1β, IL-6 e NO, mas também estimulam a produção de citocinas anti-inflamatórias como IL-10, (LIU, et al., 2012).

De acordo com a revisão bibliográfica feita por SCHMEDA-HIRSCHMANN e colaboradores (2014); os ácidos graxos de animais da Amazônia Peruana apresentaram efeito anti-inflamatório. O efeito anti-inflamatório tópico e oral do óleo de Crocodylus niloticus foi evidenciado pela redução do edema em 60,8% três horas após administração oral e 57,5% doze horas após administração tópica. No artigo discutiu-se sobre a relação direta da atividade anti-inflamatória com a inibição da PLA2, COX1 e COX2; e a inibição das citocinas envolvidas no processo IL-1, IL-2, IL- 6, IL-8 e TNF-α, as quais em excesso desencadeiam o surgimento de doenças inflamatórias crônicas.

Documentos relacionados