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Em todos os sistemas biológicos, exceto em microrganismos anaeróbicos, desde os mais simples como os procariontes, até os mais especializados como os mamíferos e plantas, as espécies reativas de oxigênio (ERO), são produzidas nas mitocôndrias como um subproduto do metabolismo normal, durante a produção de energia (VASCONCELOS et al., 2007; VICENTINO; MENEZES, 2007). A produção de espécies reativas de oxigênio (ERO), de nitrogênio (ERN), entre outras espécies reativas, é parte integrante do metabolismo humano e é observada em diversas condições fisiológicas. Os exemplos de ERO mais comuns são os radicais superóxido (O2•-), hidroxila (OH•), peroxila (RO2•), alkoxila (RO•) e hidroperoxila (HO2). O óxido nítrico (NO•) e o dióxido de nitrogênio (NO2) são espécies reativas de nitrogênio (SOUSA et al., 2007). Outras moléculas como o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o peroxinitrato (ONOO-) não são radicais livres, mas podem conduzir à formação deles através de reações químicas (VICENTINO; MENEZES, 2007).

De forma geral, denominam-se antioxidantes as substâncias que, presentes em concentrações baixas, comparadas ao substrato oxidável, retardam significativamente ou inibem a oxidação do substrato (ATOUI et al, 2005). Os radicais formados a partir de antioxidantes não são reativos para propagar a reação em cadeia, sendo neutralizados por reação com outro radical, formando produtos estáveis ou podem ser reciclados por outro antioxidante (HASLAM, 1996; SOUSA et al., 2007).

2.5.1 Antioxidantes sintéticos

Em função dos possíveis problemas provocados pelo consumo de antioxidantes sintéticos, as pesquisas têm-se voltado no sentido de encontrar produtos naturais para o emprego em produtos alimentícios ou para uso farmacêutico, com o intuito de substituir antioxidantes sintéticos, entre eles, o butil-hidroxi-anisol (BHA), butil- hidroxi-tolueno (BHT) e butil-hidroxi-quinonas (TBHQ), que atuam na inibição da oxidação lipídica como sequestradores de radicais livres (HASLAM, 1996; SOUSA et al., 2007).

Estudos têm demonstrado a possibilidade de, estes antioxidantes apresentarem efeitos tóxicos (SOUSA et al., 2007; ATOUI et al, 2005), motivo pelo qual estão sendo restringidos devido ao seu potencial de carcinogênese, bem como pela comprovação de diversos outros males, como o efeito hepatotóxico (DURÁN; PADILLA, 1993; DEGÁSPARI; WASCZYNSKY; dos SANTOS, 2004).

2.5.2 Antioxidantes naturais

A determinação da atividade antioxidante de produtos naturais teve início com estudos em especiarias, ingredientes utilizados em alimentos desde os primórdios da história, não somente para melhorar ou ressaltar as características sensoriais dos alimentos, mas também, para preservá-los (DEGÁSPARI, 2004).

Espécies botânicas apresentam propriedades antioxidantes associadas a propriedades antimicrobianas, como o que ocorre especificamente na espécie, Allium sativum, que possui compostos químicos decorrentes do metabolismo secundário, derivados de aminoácidos (sintetizados após hidrólise), destacando-se a alicina que possui uma atividade antimicrobiana potente e juntamente com os outros componentes químicos do alho, têm ação como antirradicais livres onde os compostos sulfurados aliados aos bioflavonóides incrementam sua ação antifúngica e antibacteriana (SIMÕES et al., 2010; DEWICK, 2002; ROSS, 2001).

Os compostos fenólicos de plantas enquadram-se em diversas categorias, como fenóis simples, ácidos fenólicos (derivados de ácidos benzóico e cinâmico),

cumarinas, flavonóides, taninos condensados e hidrolisáveis, lignanas e ligninas (SOUSA et al., 2007; SIMÕES et al., 2010) e por sua ocorrência natural, têm recebido muita atenção nos últimos anos, sobretudo por inibirem a peroxidação lipídica e a lipooxigenase in vitro (MENSOR et al., 2001; HASLAM, 1996; SOUSA et al., 2006).

A atividade antioxidante de compostos fenólicos deve-se principalmente às suas propriedades redutoras e estrutura química (capacidade de deslocar életrons, conferindo a estes compostos propriedades oxidáveis). Estas características desempenham um papel importante na neutralização ou seqüestro de radicais livres e quelação de metais de transição, agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do processo oxidativo. Os intermediários formados pela ação de antioxidantes fenólicos são relativamente estáveis, devido à ressonância do anel aromático presente na estrutura destas substâncias (DESZCZ; KOZUBEK, 2000; VICENTINO; MENEZES, 2007).

Ceruks e colaboradores (2007) registraram, em experimento com folhas de S. terebinthifolius, cinco compostos fenólicos: galato de etila, quercitrina, galato de metila e miricetina; supostamente responsáveis pela potente atividade antioxidante e antimicrobiana, desta espécie. Degáspari e colaboradores (2004), ao analisar a atividade antioxidante e antimicrobiana de extratos aquosos e alcóolicos, a partir de frutos da espécie, associando aos resultados obtidos para a quantificação de compostos fenólicos, constataram que o poder antioxidante de ambos os extratos foram significativos, quando comparados ao poder antioxidante, dos conhecidos e comumente empregados, BHA (butil-hidroxi-anisol) e BHT (butil-hidroxi-tolueno), visto que se trata de extratos vegetais, cujo poder antioxidante é, em geral, mais fraco que os antioxidantes artificiais.

Ensaios, para avaliação de atividade sequestradora de radical livre e atividade antioxidante da família Anacardiaceae e da espécie S. terebenthifolius, estão descritos na literatura (CAIEIRO; DEGÁSPARI; WASCZYNSKY; dos SANTOS, 2004; MARCUCCI, 2010; VICENTINO; SOUSA et al., 2007; MENEZES, 2007), principalmente o ensaio espectrofotométrico do radical, DPPH (1,1-difenil-2-picril- hidrazil). É um teste amplamente empregado, pois o DPPH é um radical livre estável,

não natural, cujas propriedades diferem dos radicais de oxigênio altamente reativos como os radicais hidroxil, alcoxil, superóxido, etc., que apresentam um importante papel nos processos oxidativos biológicos (DEGÁSPARI; WASCZYNSKY; dos SANTOS, 2004, MAKSIMOVI´C, 2008; SOUSA et al., 2007). Inclusive métodos seletivos para as classes metabólicas de interesse, como, métodos de captura do radical peroxila, ORAC (Oxygen Radical Absorbance Capacit), TOSC (Total Oxyradical Scavenging Capacity) e TRAP (Total Radical-Trapping Antioxidant Parameter), de poder de redução do metal, FRAP (Ferric Reducing/Antioxidant Power), de captura do radical hidroxila (método de desoxirribose), de captura do radical orgânico, ABTS (2,2’- azinobis-3-etil-benzotiazolina-6-sulfônico) e DPPH (1,1- difenil-2-picril-hidrazil), de quantificação de produtos formados durante a peroxidação de lipídios, TBARS (Thiobarbituric acid reactive substance), Oxidação do LDL, Co-oxidação do β- caroteno) (SÁNCHEZ et al., 1998), dentre outros.

Várias séries de compostos químicos tem apresentado estreita correlação entre as atividades sequestradora de DPPH e antioxidante determinada em modelos biológicos e outros não biológicos.

2.6 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

2.6.1 Extratos vegetais com atividade antimicrobiana

Plantas, cujos produtos extrativos apresentem substâncias bioativas com ação biológica contra fitopatógenos (SALES, 2009; STANGARLIN; SCHWAN-ESTRADA, 2008), estão sendo avaliadas para o controle de doenças de plantas. Trabalhos desenvolvidos com diversidade de plantas medicinais têm indicado o potencial, em experimentos in vitro e in vivo, no controle de patógenos. As diferentes formas extrativas vegetais, tais como tinturas-mãe, extratos aquosos ou hidroetanólicos, resinas e outras formas extrativas, mostraram capacidade de inibição do desenvolvimento fúngico, principalmente pela presença de constituintes químicos ativos de plantas, sendo sua maioria produtos do metabolismo secundário (SALES, 2009).