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5 AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DO EUGENOL E DERIVADOS

5.2 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DOS DERIVADOS DO EUGENOL (1-21)

A capacidade de capturar radicais livres dos derivados produzidos está expressa na Tabela 18, sendo avaliada frente ao radical 2,2-difenil-1-pricrilhihrazina (DPPH) e expressa na

forma de IC50, que representa a concentração necessária para captura 50% dos radicais no meio. Como controle positivo foi usado o trolox e a vitamina C.

Tabela 18- Capacidade antioxidante dos derivados do eugenol expressos em IC 50. Substância IC50 (ug/ml)

1 ˃200 2 ˃200 3 ˃200 4 ˃200 5 176,8 6 119,14 7 ˃200 8 ˃200 9 112 10 ˃200 11 ˃200 12 51,12 13 ˃200 14 20 15 ˃200 16 19,3 17 ˃200 18 32 19 30,37 Metileugenol ˃200 Isoeugenol 50,7 Eugenol 4,38 Ácido Gálico 0,64 Trolox 16

Fonte: dados da pesquisa

A análise dos resultados apresentados frente a capacidade de capturar radicais livres do eugenol e derivados permite concluir que todos os derivados produzidos (1-19) apresentaram

concentração inibitória capaz de reduzir em 50% (IC50) a concentração inicial do radical DPPH menor do que o eugenol, ou seja, a modificação estrutural efetuada resultou em substâncias com efeito antioxidante menor.

Outra característica marcante é o fato de os derivados que foram produzidos através da reação de esterificação do grupo fenol teve uma redução abrupta na atividade antioxidante, de forma que em todas as reações que o grupo hidróxi fenólico foi transformado no respectivo éster (derivados: 1-11 e 13, 15, 17, 20 e 21) a consequência foi a imediata e significante redução na capacidade de sequestro de radicais, indicando que o grupo fenol é fundamental para o desempenho da ação antioxidante da substância.

Essa relação de necessidade do grupo hidroxi ligado ao anel aromático do eugenol para um desempenho da ação antioxidante mais efetivo também foi verificado por (FARIAS, OLIVEIRA, et al., 2013) que avaliou o efeito antioxidante de ésteres e éteres do eugenol, incluído, os derivados 2, 4, 5, 6 e 9, encontrando em todos os casos IC50 para os derivados inferiores aos encontrados para o eugenol.

Tal comportamento pode ser explicado devido ao fato que a principal característica dos compostos fenólicos, como eugenol, responsável pela atividade antioxidante seja a presença do grupo hidroxi ligado ao anel aromático que possui a capacidade de doar átomos de hidrogênio, bloqueando a propagação do processo oxidativo (HIDALGO, ROSA, et al., 2009) (NAGABABU, RIFKIND, et al., 2010) (FıNDıK, CEYLAN e ELMASTAş, 2011).

Quando a modificação química foi realizada na ligação dupla, produzir os derivados 12, 16, 18 e 19 foram observados em todos os casos uma redução na capacidade antioxidante frente ao radical DPPH. Contudo, essa redução é muito inferior a provocada pela esterificação do grupo -OH ligado ao anel aromático, uma vez que, os derivados oriundos das reações de adição ainda mantém um considerável efeito antioxidante, os derivados 16 (IC50 19,3 µg/ml) e

18 (IC50 31,8 µg/ml), por exemplo, demonstraram atividades antioxidantes próximas as do

padrão trolox (IC50 22,75 µg/ml), evidenciando que embora o grupo alila não tenha um efeito

tão significativo para a ação antioxidante apresentada pela molécula do eugenol, o mesmo possui uma relativa contribuição na estabilização dos radicais (LUANCHOY, TIANGKUL, et al., 2014).

Esses resultados convergem com dados da literatura (MASTELIC, JERKOVIC, et al., 2008) (BADANAI, SILVA, et al., 2015), que afirmam que grupos ligados ao anel aromático, principalmente grupos doadores, ligados nas posições orto e para, contribuem para melhor atividade antioxidante de compostos fenólicos.

Os derivados do eugenol 12, 14, 18 e 19, que apresentaram melhores atividades antioxidantes, comparado aos demais, possui uma característica estrutural que pode potencializar seu uso como antioxidante. Isso porque, mesmo apresentando valores de IC50 inferiores ao do eugenol frente ao DPPH, esses dados apenas reflete o comportamento da substância in vitro, contudo, em sistemas biológicos vivos, a atividade antioxidante varia em função de: potencial de redução no meio, capacidade de deslocamento do radical formado em sua estrutura; capacidade de complexar metais de transição implicados no processo oxidativo; e acesso ao local de ação, dependendo de sua hidrofilia ou lipofilia e de seu coeficiente de partição (MANACH, SCALBERT, et al., 2004) (SUCUPIRA, SILVA, et al., 2012).

Essa última variável, coeficiente de partição, está intimamente relacionada ao caráter hidrofílico (ou hidrofóbico da molécula) da substância e, no caso dos derivados 12, 14, 18 e 19, embora ambos tenha apresentado ação inibitória de radicais livres menor que o eugenol, a hidrofilicidade é substancialmente diferente, principalmente para os derivados 12 e 14, que possuem grupos hidróxi adicionais em sua estrutura conferindo maior grau de hidratação e interação em meios aquosos, os quais constituem os seres vivos e por isso com potencial de ação diferenciada em sistemas vivos dependendo do alvo biológico pretendido (BUNDGAARD, 1991).

Com isso é possui concluir que as modificações químicas impetradas na molécula do eugenol resultou na síntese de substâncias potencialmente ativas, com derivados inibindo crescimento de estirpes bacterianas que o próprio eugenol mostrou-se inativos, caso das substâncias 8, 15 e 16, além de maior poder antibacteriano em cepas que o eugenol demonstrou halos de inibição inferiores, caso apresentado pelos compostos 9,10, 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 frente a bactéria Streptococcus. Por isso, esses derivados contribuem para ampliar o espectro de substâncias capazes de suprimir o crescimento microbiano.

O estudo da capacidade antioxidante dos derivados contribuiu para fazer uma avaliação empírica da relação estrutura/atividade das moléculas, sendo que foi possível identificar que o grupo hidróxi (-OH) presente na estrutura do eugenol é decisivo para sua habilidade de inibir a propagação de radicais livres, fato evidenciado experimentalmente pela profunda queda no caráter antioxidade de todos os derivados cujo o grupo hidróxi fenólico foi esterificado. Já alterações na ligação dupla do grupo alil presente no eugenol, apesar de resultar em ligeira redução na capacidade de capturar de radicais DPPH, o aumento do caráter hidrofílico pode compensar e contribuir como diferencial na ação antioxidante em sistemas biológicos.

CAPÍTULO 3

PROCESSOS BIOCATALÍCOS USANDO

ENZIMAS IMOBILIZADAS A PARTIR DAS

6. PROCESSOS BIOCATALÍTICOS COM DOS DERIVADOS DO EUGENOL