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Atividade empreendedora de gênero em Portugal

CAPÍTULO II Fundamentação Teórica

2.7. MULHER, TRABALHO E EMPREENDEDORISMO

2.7.4. Atividade empreendedora de gênero em Portugal

Para termos uma perceção sobre as atividades empreendedoras de gênero em Portugal, iremos fazer uma breve exposição, neste ponto, dos resultados obtidos a partir do projeto Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em Portugal e do Relatório

48 “Empreendedorismo Feminino - Um Olhar sobre Portugal”, elaborado em 2014 pelo Instituto para o Fomento e Desenvolvimento do Empreendedorismo em Portugal (IFDEP).

O projeto GEM surgiu em 1999, é a iniciativa investigadora mais ambiciosa que existe a nível internacional sobre o estudo do entorno da criação de empresas e do empreendedorismo. Iniciado em 1999 sobre a direção e coordenação de Babson College e London Business School, é um estudo que se realiza periodicamente a nível mundial e que incorpora vários países de todo o mundo associados a criação e desenvolvimento de novas empresas fazendo comparações internacionais para compreender o impacto do processo na criação de riqueza em diferentes países, incentivou a realização de múltiplos estudos com diferentes enfoques e metodologias que também abordaram o empreendedorismo feminino, fixou-se com o objetivo de calcular o índice da atividade empreendedora (conhecido com a taxa da atividade empreendedora (TEA).

Decidimos procurar obter a informação necessária para compreender o desenvolvimento da atividade empreendedora feminina em Portugal. Em 2013, Portugal registou a taxa total da atividade empreendedora (TEA) de 8,2 %, este resultado insere- se numa tendência de aumento que se verifica desde 2010. A taxa TEA de Portugal tem demonstrado cada vez mais, valores próximos da média das economias orientadas para a inovação, sendo que, desde 2010, esse aumento é especialmente forte. O que significa que, em Portugal, existem 8 a 9 empreendedores early-stage por cada 100 indivíduos em idade adulta. Este resultado coloca Portugal no 47º lugar do universo GEM 2013. A diferença não é muita em relação a 2012, ano em que a taxa total da atividade empreendedora (TEA) em Portugal registava um valor de 7,7%, mas em relação ao ano de 2011 onde Portugal registava um valor de 7,5 %, já se nota comparando entre todos os anos que tem havido um aumento significativo. No ano anterior, Portugal registou o 34º resultado mais alto do universo GEM 2012. Entre as economias orientadas para a inovação, Portugal assume o 10º lugar em 26 países, descendo, comparativamente ao ano anterior, quatro posições (o que parece relacionar-se diretamente com a inclusão de mais economias orientadas para a inovação no estudo). Em 2013, o setor onde se regista uma maior percentagem de atividade empreendedora, nascente ou nova, é o orientado para o consumidor (que inclui todos os negócios direcionados para o consumidor final), reunindo 44,4% dos empreendedores early-stage. O setor orientado para o cliente organizacional (que abrange todas as atividades onde o cliente primário é outro negócio) é o que regista a segunda maior percentagem de empreendedores early-stage (28,0%). Cerca de 75% dos empreendedores early-stage criam negócios motivados pela oportunidade, 21,4% motivados pela necessidade, sendo que os restantes 3,5% alegam

49 uma combinação de motivações para a criação da empresa ou negócio. Em Portugal, 3,0% da população adulta desistiu de um negócio nos 12 meses anteriores à sondagem. No caso de 2,1% da população o negócio não continuou e no caso de 0,9% continuou. Em Portugal, no ano de 2013, o número de empreendedores early-stage do sexo masculino corresponde a 10,8% da população adulta masculina e o número de empreendedores early-stage do sexo feminino a 5,8% da população adulta feminina. Comparativamente ao ano transato verificou-se um acentuar do desequilíbrio entre o número de homens e de mulheres envolvidos em atividades empreendedoras. Com efeito, em 2012, o número de empreendedores early-stage do sexo masculino correspondia a 9,3% da população adulta masculina e o número de empreendedores early-stage do sexo feminino a 6,2% da população adulta feminina, ou seja, o aumento da taxa TEA global de Portugal deve-se principalmente ao aumento do número de homens empreendedores.

O Relatório “Empreendedorismo Feminino - Um Olhar sobre Portugal”, foi desenvolvido pelo IFDEP, tendo como principal objetivo analisar o empreendedorismo feminino em Portugal. Este estudo é parte integrante do programa PORTUGAL POSITIVO desenvolvido pelo IFDEP e que conta com o apoio do POAT (Programa Operacional de Assistência Técnica), os dados apresentados no relatório, permitiram compreender melhor o empreendedorismo feminino em Portugal, 55 % das inquiridas indicaram que viam o empreendedorismo como primeira opção na hora de integrar / reintegrar o mercado laboral, 33,4 % afirmaram ter uma ideia para um negócio (destas 26,71 % já concretizaram um negócio, e 38 % pensam faze-lo no decorrer dos próximos 6 meses), o que demonstra uma intenção empreendedora. No que respeita as desvantagens do empreendedorismo feminino, os fatores que apresentaram valores mais elevados foram a incerteza de rendimentos com (44,06%) e o estereotipo feminino com (42,19 %), quando confrontadas com o facto de se sentirem preparadas ou não para a criação do seu próprio negócio, foi registada uma percentagem elevada de inquiridas que afirmam não se sentir preparadas para a criação do seu próprio negócio com 55,30 %, indicando também o estereotipo feminino e espectativas da sociedade com 57,14 %, como sendo as principais limitações para o empreendedorismo feminino, em relação ao financiamento, 61,88% das respondentes indicaram dificuldade de financiamento como sendo um fonte de constrangimento para o avanço do próprio negócio, sendo que 52,5 % sugeriram a criação de instrumentos de financiamento que permitissem o apoio do empreendedorismo, em relação a dimensão contextual, que no questionário apresentado esta centrado no estabelecimento de ensino e nas iniciativas de empreendedorismo

50 atuais, as inquiridas responderam com 54,7 % não ter contato com qualquer iniciativa. Ao longo do estudo focou-se o empreendedorismo como oportunidade, analisando os questionários, a realização pessoal, a aplicação / valorização de competências e a autonomia apresentaram 63,13%, 43,44% e 30% das respostas respetivamente, enquanto a falta de oportunidades atrativas ao mercado foi referido por 36,69%, o que nos permite verificar que o empreendedorismo por oportunidade, pontuou mais que o empreendedorismo por necessidade. Em relação a questão qual (ais) as (s) razões que consideram mais vantajosas para o desenvolvimento da atitude empreendedora, 65,31 % das respondentes expuseram a realização pessoal, enquanto 53,44% indicaram a possibilidade de gerir o seu próprio negócio, o que nos leva mais uma vez ao empreendedorismo por oportunidade. No que respeita as limitações apresentadas no presente estudo, refere-se ao facto da amostra inicial não ter tido a extensão geográfica proposta, sendo que 57,81 % das respondentes residem na zona centro de Portugal, que apesar de ser considerava, deveria estar mais distribuída pelo país.

De acordo com os dados atualizados em 20 de março de 2016, do INE (http// www.ine.pt/), em Portugal existem 1.127,317 empresas, sendo 1.078,347 localizadas no continente, no norte de Portugal 386.402, na região do Alto Tâmega existem 11.661, dívidas da seguinte forma por conselho Ribeira de Pena 644, Boticas 629, Chaves 4.246, Montalegre 1.459, Valpaços 3.166, Vila pouca de Aguiar 1.517.

Quadro 1 - Empresas (N.º) por Localização geográfica, Atividade económica (Divisão - CAE Rev. 3) e Forma jurídica; Anual INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE) - Dados do INE

Período de referência dos

dados

Localização geográfica Empresas (N.º) por Localização geográfica, Atividade económica (Divisão - CAE Rev. 3) e Forma jurídica; Anual

2012 PT: Portugal 1.127,317 1: Continente 1.078,347 11: Norte 386.402 1151709: Ribeira de Pena 644 1181702: Boticas 629 1181703: Chaves 4.246 1181706: Montalegre 1.459 1181712: Valpaços 3.166

1181713: Vila Pouca de Aguiar 1.517

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2.8. CONCLUSÃO

Neste capítulo foi feita uma revisão da literatura, explorando-se os estudos teóricos, empíricos e de modelos associados com o empreendedorismo tendo em especial atenção o empreendedorismo feminino.

Este capítulo encontra-se, divido em quatro partes. A revisão teórica e as investigações sobre o empreendedorismo os seus conceitos, processos e perspetivas, em geral e com enfase no empreendedorismo de género. A análise de estudos sobre o empreendedor, a sua importância e perfil.

Fez-se uma revisão teórica sobre as tipologias da mulher empreendedora, as suas principais motivações, a autoeficácia, a mulher e apoio social e o locus de controlo.

Por ultimo abordamos a temática da mulher, no trabalho e no empreendedorismo, abordando tema como as dificuldades que afetam a mulher empreendedora, a atividade empreendedora no mundo e a sua relação no desenvolvimento económico, identidade de género e sexo biológico, a orientação empreendedora e a atividade de género em Portugal. No capítulo seguinte iremos fazer uma breve caraterização do local em estudo, a região do Alto Tâmega.

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