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CAPÍTULO 3 : MÉTODO E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 Sujeitos da pesquisa

3.4.2 Atividades para conhecer o desenvolvimento da linguagem escrita

3.4.2.2 Atividade: escrita do próprio nome

Por meio dessa atividade, tive o intuito de verificar o aprendizado dos sujeitos das Escolas A e B em relação à escrita do próprio nome.

Os critérios para análise foram: escrita do primeiro nome corretamente, escrita parcial do primeiro nome, escrita correta do nome completo, escrita parcial do nome completo e não escrita do nome.

A tabela a seguir apresenta os dados das Escolas A e B.

Tabela 18 - Resultado da atividade escrita do próprio nome.

Total de alunos Escrita do nome completo Escrita parcial do nome Escrita do primeiro nome Escrita parcial do primeiro nome Não realizaram a escrita Escola A 166 15 6 69 10 66 Escola B 35 5 3 6 7 14

Fonte: elaborado pela autora

As figuras a seguir trazem amostras de escrita do próprio nome, em que foram considerados os critérios estabelecidos para análise.

Figura 25 - Escrita do primeiro nome.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 26 - Escrita do primeiro nome.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 27 - Escrita do primeiro nome

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 28 - Escrita do primeiro nome

Nas Figuras 25 e 27, temos a escrita parcial do primeiro nome, na Figura 26, a escrita do nome está representada por meio do registro que imita a escrita do adulto; na Figura 28, as letras utilizadas não têm relação com o nome do sujeito. 3.4.2.3 Atividade: escrita de lista de palavras

Por meio da atividade apresentada adiante, averiguei a condição da alfabetização dos sujeitos a partir do estudo e da análise do desenvolvimento da linguagem escrita, por meio de escrita de palavras ditadas e organizadas por mim em listas.

As listas de palavras foram organizadas com base em dois critérios: palavras cujos significados eram conhecidos pelos sujeitos e palavras diversificadas quanto à estrutura e fonética, o que ampliou as possibilidades de registro.

A análise da escrita teve como referencial os fundamentos da psicologia histórico-cultural no que se refere ao desenvolvimento da linguagem escrita. No estudo, as amostras foram selecionadas de acordo com os estágios do desenvolvimento da linguagem escrita propostos por Luria (2016) e Vigotski (2009), quais sejam: escrita pré-instrumental, escrita gráfica diferenciada, escrita pictográfica e escrita simbólica.

A seguir, são apresentados os dados e a análise das amostras utilizadas neste estudo.

Estágio Pré-instrumental: escrita indiferenciada

Segundo Luria (2016), esse estágio é caracterizado pela ausência da compreensão dos mecanismos da escrita e é realizada como imitação e reprodução da ação do adulto.

No aspecto da forma, os registros são representados como rabiscos e traçados, que mais tarde serão estabelecidos como escrita.

Na Escola A, constatei um total de 28 sujeitos que apresentavam escrita indiferenciada; na Escola B, 7 sujeitos apresentavam esse tipo de registro.

Figura 29 - Amostra de escrita pré-instrumental.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 30 - Amostra de escrita pré-instrumental.

Figura 31 - Amostra de escrita pré-instrumental.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 32 - Amostra de escrita pré-instrumental.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 33 - Amostra de escrita pré-instrumental.

. Fonte: Imagem obtida pela autora.

Nas Figuras 29, 30,31, em que são exibidas a escrita de jovens de 16, 17 e 21 anos, respectivamente, há movimentos de escrita por toda a folha, não caracterizando um registro específico. Nas Figuras 32 e 33, os jovens de 19 e 24 anos realizaram a escrita semelhante ao movimento da escrita de um adulto.

Escrita gráfica diferenciada

Nesse estágio, os registros, embora semelhantes aos do estágio anterior, a forma, disposição ou marcas diferenciadas passam a ser um recurso para lembrar. Segundo Luria (2016), esse é o primeiro estágio em que a criança utiliza o registro como signo.

No estudo, identifiquei 15 sujeitos na Escola A e 5 sujeitos na Escola B com esse tipo de escrita.

As figuras a seguir apresentam amostras de escrita diferenciada dos sujeitos participantes deste estudo.

Figura 34 - Amostra de escrita diferenciada.

Figura 35 - Amostra de escrita diferenciada.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 36 - Amostra de escrita diferenciada.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

As Figuras 34 e 35 que trazem elaborações de dois jovens, um de 23 anos, outro de 18 anos, demonstram que, embora semelhantes, os registros são diferenciados pelas marcas e pela posição. Quando lhes foi solicitado fazer a leitura, eles mostraram onde estava escrita a denominação de cada animal. Na Figura 36, um jovem de 23 anos registrou o seu próprio nome de maneira diferente do padrão das palavras da lista.

Escrita pictográfica

Nesse estágio, segundo Luria (2016), o desenho passa a ser uma representação do real.

Com base na análise das amostras de registros dos sujeitos, constatei que 4 sujeitos na Escola A e 5 na Escola B estavam nesse estágio.

As figuras a seguir apresentam amostras da escrita pictográfica de alunos das Escolas A e B.

Figura 37 - Amostra de escrita pictográfica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 38 - Amostra de escrita pictográfica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Nas Figuras 37 e 38 os jovens de 21 e 22 anos, respectivamente, registraram a palavra “dinossauro” por meio de um desenho.

Figura 39 - Amostra de escrita pictográfica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Na Figura 39 uma jovem de 21 anos fez representações com desenho e símbolos gráficos. No tocante à palavra “dinossauro”, utilizou nove letras disponibilizadas em quase toda uma linha da folha, ao passo que para a palavra “cobra”, utilizou apenas duas letras.

Escrita simbólica

Na escrita simbólica, ocorre a superação dos estágios anteriores. Para Luria (2016) e Vigotski (2009), o desenvolvimento da linguagem escrita não acontece de maneira linear, mas, sim, como um processo dialético.

Conforme apresentei no Capítulo 2 e considerando as demonstrações dos estágios anteriores, inicialmente, esse processo é marcado por gestos imitativos (escrita pré-instrumental) e pelo desenho que passa a representar a fala, com o salto qualitativo da representação simbólica, em que o signo passa a representar a fala sem o auxílio de traços, marcas ou desenhos. Nesse processo, as letras passam a ser utilizadas como representações do real e como recurso mnemônico.

Por meio desta investigação, constatei que a maior parte dos sujeitos das duas escolas está no estágio da escrita simbólica, porém em etapas distintas.

Luria (2016) observa que a escrita simbólica sofre um processo de amadurecimento e de elaboração. Para o autor, a utilização dos símbolos gráficos instituídos culturalmente (letras) não significa apropriação dos mecanismos da escrita (LURIA, 2016).

Entre os sujeitos participantes, constatei que a escrita simbólica é utilizada por 116 indivíduos da Escola A e por 20 da Escola B.

As figuras a seguir apresentam amostras de fases distintas da escrita simbólica dos sujeitos das Escolas A e B.

Figura 40 - Amostra de escrita simbólica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 41 - Amostra de escrita simbólica.

Figura 42 - Amostra de escrita simbólica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

As Figuras 40, 41 e 42 exemplificam a escrita simbólica, em que são utilizadas letras do alfabeto, porém sem relação entre as palavras solicitadas para a escrita.

Pode-se notar, na Figura 43, que a escrita realizada por uma jovem de 25 anos traz apenas cinco letras, A- E B-O-L, que se referem ao registro de três palavras; as escritas não se repetem, são utilizadas escritas diferentes para palavras diferentes.

Nas Figuras 41 e 42, a escrita realizada por sujeitos de 19 e 32 anos, respectivamente, tem letras diferentes para palavras distintas.

A Figura 43 é uma amostra de escrita de um jovem de 25 anos, que, quando lhe foi solicitado escrever as palavras, pegou o cartão do alfabeto que estava sobre a mesa, copiou as letras e falou: “Pronto cavalo”. Ele demonstrou conhecer a funcionalidade das letras do alfabeto, porém não sabia como usá-las.

Figura 43 - Amostra de escrita simbólica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Na Figura 44, um jovem escreveu três palavras sem relação com as palavras ditadas. Ele demonstrou que as palavras registradas foram memorizadas, porém não sabia o significado delas.

Figura 44 - Amostra de escrita simbólica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

As Figuras 45 e 46 apresentam a escrita de dois jovens, de 20 e 21 anos, respectivamente, que a realizaram com letras relacionadas ao som das palavras solicitadas.

Figura 45 - Amostra de escrita simbólica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 46 - Amostra de escrita simbólica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Figura 47 - Amostra de escrita simbólica.

Na Figura 47, um jovem de 19 anos estabeleceu relação entre a primeira sílaba e o som das palavras ditadas.

Figura 48 - Amostra de escrita simbólica.

Fonte: Imagem obtida pela autora.

Na Figura 48, uma jovem de 17 anos utilizou letras e algumas sílabas relacionadas às palavras ditadas.

A seguir, apresento de forma sistematizada, os resultados obtidos por meio do estudo realizado na Escola A e na Escola B.

Tabela 19 - Estágios da escrita – Escola A.

Pré-instrumental – escrita indiferenciada 28

Escrita diferenciada 18

Escrita pictográfica 4

Escrita simbólica 116

Fonte: Elaborado pela autora.

Tabela 20 - Estágios da escrita – Escola B.

Fonte: Elaborado pela autora

Pré-instrumental − escrita indiferenciada 7

Escrita diferenciada 5

Escrita pictográfica 3

Os dados apresentados no estudo revelam que os alunos em ambas as escolas encontram-se com defasagem nas questões referentes ao conhecimento da própria identidade e em relação ao desenvolvimento da linguagem escrita

Conforme dados expostos na tabela 14, 56% dos alunos da Escola A informaram apenas o primeiro nome e 44% não sabiam o nome completo. Na Escola B, 69% dos alunos informaram o primeiro nome, e apenas 31,4% informaram o nome completo.

Em relação à idade, os dados da tabela 15 mostram que do total de 201 alunos participantes da pesquisa, 143 (72%) não souberam informar a própria idade corretamente e 58 (28%), informaram a idade corretamente.

Os números apresentados na tabela 16, demostram a dificuldade dos alunos em relação à data de nascimento, sendo que do total de alunos das duas escolas, apenas 14% informaram a data de nascimento corretamente e 86% não conhecem o dia que nasceram.

Nas questões relacionadas à investigação acerca do desenvolvimento da linguagem escrita, os dados revelam que os alunos de ambas as escolas estão com defasagem significativa em relação à apropriação da alfabetização.

Os dados referentes à investigação do conhecimento das letras do alfabeto demonstraram em ambas as escolas, que apesar dos alunos reconhecerem as mesmas como símbolos para utilização da escrita, não as utilizam de maneira funcional. O estudo demonstrou que 80,5% dos alunos não nomearam corretamente as letras do alfabeto.

As tabelas 19 e 20 desse estudo mostram que nas duas escolas o maior número de alunos, apesar de não estarem alfabetizados, encontra-se no estágio da escrita simbólica, sendo que 70% na Escola A e 57% na Escola B, totalizando um total de 136 alunos.

A escrita pré instrumental (indiferenciada) está presente em 37% do total de sujeitos da pesquisa, ou seja, 35 alunos representam a escrita com rabiscos e traçados em movimentos de imitação do adulto. No estágio da escrita pré instrumental (diferenciada) foi identificado na pesquisa um total de 23 (11%) de alunos.

Pode-se observar nas tabelas 19 e 20 que em ambas as escolas, o menor número de alunos encontram-se no estágio de escrita pictográfica, sendo que apenas 7 alunos(3,7%) , utilizam o desenho como representação da escrita.

Com base nos dados apresentados pode- se afirmar que o caminho de uma trajetória escolar na escola especial é muito aquém do esperado no aspecto da aprendizagem.

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