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O florestamento e o reflorestamento foram estabelecidos como os tipos de projetos Land Use, Land Use Change and Forestry (LULUCF) (Uso da terra, Mudança do uso da terra e Florestas) elegíveis para o MDL de 2008 a 2012, período determinado no Protocolo de Quioto. Projetos de conservação florestal não foram considerados para o primeiro período de compromisso.

O ciclo do projeto, os procedimentos e os requisitos de participação em atividades de projetos de florestamento/reflorestamento (F/R) e redução de emissões são semelhantes, porém os projetos de F/R possuem uma característica peculiar quanto ao armazenamento temporário das remoções de GEEs, a não-permanência (BRASIL, 2006a).

A não-permanência corresponde a não garantia de que o carbono retido nas florestas ficará livre de desastres naturais, intervenções antrópicas ou mesmo pragas que

poderão afetar as florestas, retornando assim, o CO2 retido nestas para a atmosfera

(FRONDIZI, 2009).

O risco de não-permanência é característico desses projetos LULUCF, assim, as RECs obtidas por projetos de F/R do MDL deveriam ser temporárias, passando por renovação a cada cinco anos após uma avaliação do carbono sequestrado pelo projeto (PEARSON, WALKER E BROWN, 2005). Logo, foram divididas em RECs temporárias (RECt) e RECs a longo prazo (RECl).

Uma RECt perderá sua validade ao final do segundo período de compromisso, já a RECl perderá sua validade ao final do período de obtenção dos créditos pelo projeto para o qual tenha sido emitida.

Por conseguinte, o florestamento é considerado para áreas que não foram florestadas durante um período de no mínimo 50 anos, e o reflorestamento é considerado para áreas que antes eram florestadas e passaram para áreas não-florestais devido às intervenções, ambos fazem uso do plantio, da semeadura e/ou da promoção de fontes naturais de sementes induzida por ação humana (PEARSON, WALKER e BROWN, 2005).

Para o primeiro período de compromisso determinado pelo Protocolo de Quioto ficou estabelecido que o reflorestamento ocorreria em áreas não-florestais com limite em 31 de dezembro de 1989, evitando assim que desmatamentos propositais fossem realizados com o intuito de iniciar projetos de reflorestamento no âmbito do MDL (MANFRINATO, 2005). Entretanto, para provar a ausência de floresta até essa data, o uso de fotografias aéreas e imagens de satélite que datam de 1989 ou anteriores podem se fazer úteis (PEARSON; WALKER e BROWN, 2005).

Durante a medição das mudanças nos estoques de carbono florestal são utilizados os conceitos de sumidouros e fontes líquidas, definidos como:

Sumidouro: processo, atividade ou mecanismo que remova da atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estufa. Fonte: processo ou atividade que libere na atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estufa (BRASIL, 2009).

Rosenbaum, Schoene e Mekouar (2004) ressaltam que as florestas são consideradas sumidouros ou fontes, ao passo que estejam lançando ou removendo GEEs, ou ainda realizando as duas funções.

Nesse sentido, Stuart e Costa (1998) salientam que uma plantação de árvores proporciona novos sumidouros de carbono através da fixação de carbono pelas árvores na fase de crescimento destas. Assim, os inventários florestais proporcionam dados para a estimativa dos sumidouros de carbono anual de uma floresta.

Brasil (2006a) descreve sobre a necessidade de se definir o limite do projeto no início da atividade de F/R no âmbito do MDL, de modo a calcular as remoções de GEEs por sumidouros tanto por unidade de área, como por área total. O autor ainda menciona que o limite de projeto pode ser definido como uma linha física que delimita a área do projeto de F/R, podendo conter mais de uma área distinta de terra.

Os limites das terras disponíveis para F/R são decididos pelas Autoridades Nacionais Designadas (PEARSON; WALKER e BROWN, 2005).

Vale ressaltar que as modalidades e os procedimentos para atividades de projetos de F/R no âmbito do MDL foram aprovados na COP-9. A Resolução n° 2, de 10 de agosto de 2005, apresenta em seu Art. 2°:

Art. 2° - Para efeito de aprovação pela Comissão das atividades de projeto de florestamento e reflorestamento no âmbito do MDL do Protocolo de Quioto, as modalidades e os procedimentos para essas atividades são aquelas aprovadas na nona Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, na forma do Anexo II, desta resolução. Art. 3º - Para fins do requisito de participação nas atividades de projetos de florestamento e reflorestamento no âmbito do MDL do Protocolo de Quioto, conforme a seção F, parágrafo 8, do Anexo II definido no Art. 2° acima, define-se: a) valor mínimo de cobertura de copa das árvores: 30 por cento; b) valor mínimo de área de terra: 1 hectare, e c) valor mínimo de altura de árvore: 5 metros (COMISSÃO INTERMINISTERIAL DE MUDANÇA GLOBAL DO CLIMA, 2005).

Sendo assim, os projetos de F/R podem ser diferenciados em projetos de grande escala e projetos de pequena escala. Com o intuito de reduzir os custos de implantação do projeto, para os projetos de pequena escala são requeridos requisitos simples, a fim de beneficiar comunidades e indivíduos de baixa renda (MANFRINATO, 2005).

Frondizi (2009) ressalta que as remoções antrópicas líquidas de GEEs por sumidouros para atividades de projeto de pequena escala em F/R enquadram-se em 16.000

toneladas de CO2/ano. A Resolução nº 7, de 05 de março de 2008, apresenta essa

determinação:

Atividades de projetos de pequena escala de florestamento ou reflorestamento no âmbito do MDL são as atividades que devem gerar remoções antrópicas líquidas de gases de efeito estufa por sumidouros inferiores a dezesseis quilotoneladas de CO2

por ano e que são desenvolvidas ou implementadas por comunidades e pessoas de baixa renda, conforme determinado pela Parte anfitriã. Se uma atividade de projeto de pequena escala de florestamento e reflorestamento no âmbito do MDL gerar remoções antrópicas líquidas de gases de efeito estufa por sumidouros superiores a dezesseis quilotoneladas de CO2 por ano, as remoções excedentes não serão aceitas

para a emissão de RECts ou RECls (COMISSÃO INTERMINISTERIAL DE MUDANÇA GLOBAL DO CLIMA, 2008).

Nesse contexto, os pequenos produtores rurais no Brasil se distribuem ao longo dos cursos d’água, desse modo, para as áreas de APPs os limites aos projetos de pequena escala não afetariam as atividades de projeto em âmbito nacional (MANFRINATO, 2005). No entanto, o autor menciona que a data de quando houve o desflorestamento de uma APP, como também a vegetação encontrada nesta, devem ser consideradas na definição da elegibilidade da terra do projeto, constituindo em estudo para inclusão do projeto proposto no MDL.

O período de obtenção das RECs para os projetos de F/R pode ser de 20 anos, com renovação somente por duas vezes, totalizando 60 anos, onde a linha de base deve passar por uma revisão nas renovações, ou por 30 anos diretos sem renovação (FRONDIZI, 2009). Porém, MacDicken (1997) salienta a necessidade de medição dos grandes reservatórios de

carbono ao longo da vida do projeto de sequestro de carbono, devido às possíveis alterações que estes possam sofrer, a fim de um monitoramento pelo comércio internacional de carbono.

Para o sequestro florestal de carbono, as medições das remoções de CO2 das

atividades de projeto, como também a redução de emissões de GEEs, são em toneladas de

dióxido de carbono equivalente (tCO2e) (FRONDIZI, 2009).