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Uma característica comum a todas as inovações desenvolvidas são as múltiplas funções, recursos e disciplinas necessárias para transformá-la de uma

ideia, em uma inovação, sendo comum que os inúmeros indivíduos, participantes de cada ação do processo de inovação perder o foco do todo. Para que isso não ocorra, é preciso que seja estabelecido um processo de inovação desde sua fonte ou origem até seu desenvolvimento final (VEN DE VEN, 1986).

A etapa fundamental e inicial de qualquer processo de inovação é que as empresas disponham de fontes ou atividades de inovação. As fontes de inovação não são somente internas da empresa, existindo diversas fontes externas, que de forma mais ou menos intensa contribuem. Tigre (2014) classifica as fontes quanto à origem em externas e internas: as fontes internas podem ser o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ou equivalente, ou setores dedicados à qualidade ou melhoria contínua; as fontes externas, em sua maioria, estão relacionadas com a aquisição de conhecimento técnico, como compra de livros ou softwares, contratação de consultorias, obtenção de licenças e compra de equipamentos. As fontes de tecnologias6 que são mais usadas pelas empresas e sua classificação

segundo Tigre (2014) podem ser vistas no Quadro 3. Quadro 3 – Fontes de tecnologia.

Fontes de Tecnologia Exemplos

Desenvolvimento tecnológico

próprio P&D, engenharia reversa e participação em redes de pesquisa. Contratos de transferência de

tecnologia Licenças e patentes, contratos com universidade e centros de pesquisa. Tecnologia incorporada Máquina, equipamentos e software embutido.

Conhecimento codificado Livros, manuais, revistas técnicas, internet, feiras e exposições, software aplicativo, cursos e programas educacionais.

Conhecimento tácito Aprendizado cognitivo, contratação de RH experiente, consultores, informações de clientes e fornecedores, estágios e treinamento prático.

Aprendizado cumulativo Processo de aprender fazendo, usando, interagindo, etc. devidamente documentado e difundido na empresa.

Fonte: Tigre (2014).

6 No contexto desta dissertação, conforme Tigre (2014) fontes de inovação e fontes de tecnologia, ambas associadas a origem da informação ou conhecimento necessário para inovar, serão aplicados como sinônimos.

Baldwin e Hanel (2003) consideram como fontes externas, além das citadas por Tigre (2014), os fornecedores, os clientes e os consumidores, as empresas concorrentes, instituições de venda de P&D, feiras do setor, além de escritórios de patente.

Batraga, Brasliņa e Viksne (2014) ao tentar sistematizar a primeira parte do processo de inovação, identificaram as fontes de informação, da ideia de inovação, e chegaram a onze principais: empregados, parceiros de negócios, produtos e serviços já pertencentes ao portfólio, consumidores, competidores, tendências, mudanças demográficas, novos conhecimentos tecnológicos ou não, mudanças na indústria e estruturas de mercado, base de dados de patentes e “crowdsourcing”, sendo essa última a única fonte dita híbrida pelo autor (Quadro 4).

Quadro 4 – Fontes de identificação de ideia inovadora na empresa.

Identificação da fonte de ideia inovadora na companhia

Fontes internas Fontes externas Fontes Híbridas

Empregados (gerente, força de vendas, especialistas) Parceiros de negócios Produtos ou serviços existentes no portfólio Consumidores e clientes Competidores Tendências Mudanças na demografia Novo conhecimento em tecnologia e não-tecnologia Mudanças nas estruturas das indústrias e mercados Base de dados de patentes

Crowdsourcing

Fonte: Batraga, Brasliņa e Viksne (2014).

Quanto ao uso de cada fonte no processo de inovação da empresa, existe uma grande variabilidade da importância de cada fonte, que depende de fatores como: setor da empresa, tipo de inovação, capacidade de investimento e tamanho.

Considerando o setor em que a empresa atua, a participação do P&D e das demais fontes internas de inovação, segundo Baldwin e Hanel (2003), podem variar. Empresas do setor primário, mais ligadas à tecnologia de base, tendem a ter a maior parte de suas inovações provenientes da área de P&D, enquanto as empresas do setor secundário, indústria de transformação, acabam tendo a maior parte de suas inovações internas originárias em setores de gerências e marketing.

Quanto ao tipo de inovação, Sharif, Baark e Lau (2012), ao estudarem as empresas inovadoras em Hong Kong e na China, concluíram que as empresas ao inovarem em produtos e marketing, ainda recorrem mais as fontes internas de inovação. As inovações organizacionais e em processo por outro lado, se baseariam na compra de equipamentos e softwares, fontes predominantemente externas. As áreas internas de P&D, no entanto, têm como fontes chaves, consultadas para inovar: os clientes, consumidores e fornecedores, indicando o foco para mercado das empresas pesquisadas.

O tamanho da empresa também define como ela inova. Baldwin e Hanel (2003) mostram em sua pesquisa com as empresas canadenses, que as empresas menores usam menos os setores de P&D, como fonte de inovação, por sua menor estrutura e também dispõem de menor rede de empresas fornecedoras e colaboradoras, utilizando, portanto, menos estas fontes, e dando mais espaço para as contribuições provenientes dos consumidores, por outro lado.

Por fim quanto aos custos, segundo Abramovsky et al. (2005), apud Sharif, Baark e Lau (2012) revelam que a cooperação em P&D pode reduzir as despesas de inovação especialmente em inovação em produto. A cooperação pode substancialmente reduzir os riscos financeiros da inovação, reduzindo despesas na aquisição de equipamentos e softwares e sugere que os governos façam a conexão entre das empresas de forma a reduzir estes riscos.

Do ponto de vista de capacidade para inovação Tello-Gamarra e Zawislak (2013) deixam claro que capacidade tecnológica desenvolvida não torna uma empresa inovadora, nem que toda empresa inovadora tem alta capacidade tecnológica. A inovação necessita de certo nível de capacidade tecnológica, porém depende também da capacidade transacional da empresa que é “o repertório de habilidades, processos, experiências, habilidades, conhecimento e rotinas que a empresa usa para minimizar seus custos de transação.”, envolvendo relacionamento com fornecedores, clientes e outros agentes. Desta forma somente tendo boa capacidade transacional é possível manter a empresa atenta às necessidades do consumidor e minimizando os custos de transação, com o objetivo viabilizar inovações e manter-se competitivo.