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5. ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

5.4. Atividades Locais (Brasil)

A existência de crime organizado no Brasil é inegável. Essa forma de criminalidade manifesta-se através de diversas atividades ilícitas, tais como o tráfico de drogas, armas e pessoas, extorsões, corrupção, lavagem de dinheiro, pirataria e contrabando, entre outras formas.

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144 Informações obtidas por acesso ao site http://www2.mre.gov.br/dai/b_pana_17_4864.htm no dia 10 de

janeiro de 2009.

145 Guaracy Mingardi. O Estado e o crime organizado. São Paulo: IBCCrim, 1998, p. 227.

Para se compreender melhor a atuação das organizações criminosas, importante destacar algumas das principais atividades ilícitas praticadas por esses grupos no Brasil, embora o crime organizado atue em diversas atividades delinquenciais.

De acordo com o Ministério da Justiça146

Outra atividade ilícita está ligada ao tráfico de pessoas, que atinge principalmente mulheres brasileiras entre 18 e 27 anos. Segundo o Ministério da Justiça, é uma atividade de organizações criminosas que agem em rede, tanto com o tráfico doméstico de pessoas, como de forma internacional. Dados do Governo indicam que as vítimas brasileiras são, em sua maioria, de origem humilde e recebem até três salários mínimos. A maior parte é de Goiás, Paraná e Minas Gerais, respectivamente. Cerca de 58% tem ensino médio completo ou incompleto, sendo que uma parte significativa alcançou o ensino superior completo ou incompleto (19,4%).

, a pirataria e o contrabando de produtos movimentam no Brasil o equivalente a 3,5% do Produto Interno Bruto. No mercado de compact discs (CDs), a taxa estimada em 2008 de comercialização de artigos pirateados foi de 40%. Somente nos primeiros seis meses de 2008, a Receita Federal apreendeu cerca de 33 milhões de produtos (CDs e DVDs ainda não utilizados) e outros 890 mil relógios falsificados.

O Ministério da Justiça apontou, também, que os produtos falsificados por organizações criminosas geram um prejuízo de R$ 20.000.000.000,00 (vinte bilhões de reais) em impostos aos cofres públicos apenas nos setores de tênis, roupas e brinquedos.

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146 Informações obtidas por acesso ao site http://www.mj.gov.br/ no dia 10 de janeiro de 2009 (notícia:

Pirataria envolve grandes redes internacionais e alimenta o crime organizado).

147 Informações obtidas por acesso ao site http://www.mj.gov.br/ no dia 11 de janeiro de 2009 (notícia:

Depois do venda ilícita de drogas e armas, o tráfico de pessoas constitui hoje a terceira atividade comercial ilícita mais lucrativa, movimentando cerca de US$ 31,6 bilhões anualmente.148

Marcelo Batlouni Mendroni lembra que o tráfico de drogas é atividade extremamente rentável e, por isso, inúmeras organizações criminosas o praticam. O negócio com a droga é realizado não somente pela venda, mas também na base da troca, de bens roubados. O dinheiro capitaneado pela venda da droga serve para sustentar e ser reinvestido na própria organização criminosa, tendo sido este o principal motivo da movimentação da comunidade jurídica internacional em face da criação de legislação sobre lavagem de dinheiro, desencadeada na Convenção de Viena de 1988.O autor destaca ainda que grande parte das drogas são produzidas na Colômbia, Bolívia e em países do oriente, o que demonstra, também, grande caráter transnacional a essa atividade criminosa.

Com intuito de buscar uma alternativa ao combate desta atividade delinquencial, em 26 de outubro de 2006, o Presidente da República, através do Decreto n° 5.948, aprovou a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, cuja finalidade é estabelecer princípios, diretrizes e ações de prevenção e repressão ao tráfico de pessoas e de atendimento às vítimas.

Vale destacar outra atividade que gera grandes lucros para as organizações criminosas: o tráfico de drogas.

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148 Informações obtidas por acesso ao site http://www.mj.gov.br/ no dia 11 de janeiro de 2009 (notícia:

Política Nacional para combate ao tráfico de pessoas no Brasil).

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Marcelo Batlouni. Crime organizado: aspectos gerais e mecanismos legais. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 125.

Desde 1991, o Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes (UNODC) atua no Brasil por meio do Acordo Básico de Assistência Técnica entre o governo brasileiro e as Nações Unidas, com objetivo de implementar as Convenções da Organização das Nações Unidas sobre Controle de Drogas ratificadas pelo Brasil (1961, 1971 e 1988), e desenvolver no país um programa de cooperação técnica em todo o mundo, valendo-se, no combate às drogas, de parcerias estabelecidas com o governo federal, o setor privado e a sociedade civil.150

Guaracy Mingardi lembra que, no Estado de São Paulo, o tráfico de drogas tem sido um dos principais crimes praticados pelas organizações criminosas, onde se verifica, pelo menos, quatro níveis de traficantes de cocaína e seus derivados: (i) grande traficante, atacadista capaz de comprar mais de 250 quilogramas de cocaína de uma só vez; (ii) médio traficante, que trabalha tanto no atacado quanto no varejo, e consegue lidar com até 250 quilogramas de droga; (iii) pequeno traficante, varejista, embora também venda pequenas quantidades para outros traficantes, e trabalha com menos de 10 quilogramas de droga; e (iii) microtraficante, normalmente vende pequenas porções de cocaína ou pedras de crack.151

José Eduardo de Souza Pimentel afirma que o tráfico de droga é outra dimensão do crime organizado no Brasil. Estima-se que movimente em

150 Informações obtidas por acesso ao site http://www.unodc.org/brazil/pt/about_us_brasil.html no dia 11 de

janeiro de 2009.

dinheiro algo entre 3 a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), tendo adotado, nos últimos anos, modelos empresariais de atuação.152

Marcelo Batlouni Mendroni afirma que exatamente com a finalidade de cumprir ameaças e agir violentamente, integrantes das organizações criminosas equipam-se com armas de natureza diversa, desde as tradicionais armas de fogo (pistolas e revólveres), até as metralhadoras e fuzis, de maior ofensividade, têm chegado às mãos de integrantes das organizações criminosas, gerando, por vezes, incrível vantagem sobre o poder público, já que os policias que são apanhados de surpresa não carregam armas deste porte em seu dia-a-dia.

Também lembrado por grande parte da doutrina como uma das principais atividades ilícitas das organizações criminosas, destaca-se o tráfico de armas.

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Visando buscar alternativas para esta atividade criminosa, que atua não só em território nacional, a Polícia Federal realizou um mapeamento em que pelo menos 17 cidades do Brasil são utilizadas como rota para o tráfico internacional de armas. Doze delas estão localizadas em regiões de fronteira com Paraguai e Bolívia. Só no Mato Grosso do Sul são indicadas sete localidades utilizadas pelo tráfico: Mundo Novo, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Ponta Porã, Bela Vista e Corumbá. Todas ficam às margens de território paraguaio. No levantamento, constam também outras cidades no

152 José Eduardo de Souza Pimentel. Processo penal garantista e repressão ao crime organizado.

Dissertação de mestrado. PUC-SP, 2006, p. 87.

153 Marcelo Batlouni. Crime organizado: aspectos gerais e mecanismos legais. 2ª. ed. São Paulo: Atlas,

Paraná, como Foz do Iguaçu e Guairá, além das cidades de Cárceres (MT), Guarajá-Mirim (RO), Plácido de Castro (AC), Brasiléia (AC), Tabatinga (AM), Guaraí (RS), Santana do Livramento (RS) e Uruguaiana (RS).154

154 Informações obtidas por acesso ao site http://www.adpf.org.br/modules/news/article.php?storyid=43355

no dia 11 de janeiro de 2009.

Ressalta-se, portanto, que inúmeras são as atividades praticadas pelas organizações criminosas. Estas atividades preocupam o Estado brasileiro e a comunidade internacional, amedrontando a população.

Várias dessas atividades têm assumido um caráter transnacional, ultrapassando os limites territoriais dos Estados, o que vêm gerando inúmeras Convenções e Acordos entre os países, em busca de se combater de forma adequada a criminalidade organizada, sendo essencial uma cooperação jurídica internacional, pois, através dela, é possível obter informações para comprovar a ocorrência de crimes e, principalmente, cortar o fluxo financeiro das organizações criminosas.

6. TRATAMENTO JURÍDICO-PENAL DAS ORGANIZAÇÕES