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A inovação social oferece meios pelos quais reimaginar, recalibrar e introduzir maior resiliência nas instituições (HUDDART, 2010). Constitui-se como parte de um amplo movimento de uma sociedade baseada no conhecimento, onde a inovação é amplamente difundida e enriquecida pelo seu compartilhamento (BEPA - BUREAU OF EUROPEAN POLICY ADVISERS, 2011) na geração de soluções.

Essas soluções citadas por Murray, Mulgan e Caulier-Grice (2008), especialmente no campo do desenho, tende a reunir pessoas para desenvolver soluções. Muitas vezes isso é chamado de “co-design” e cada vez mais, algumas dessas abordagens estão sendo usadas dentro do setor para re-desenhar os serviços e produtos. Desta forma, os usuários são chamados para identificar a sua necessidade e expor as ideias sobre a melhor forma de atingi-los. Sendo assim, esses atores desempenham papéis fundamentais como orquestradores e facilitadores da inovação social.

As inovações sociais podem assumir duas perspectivas distintas e complementares de acordo com os impactos de inovação social: processo e resultado (NICHOLLS; MURDOCK, 2012). A primeira, de processo, em que adquire contornos semelhantes à noção de inovação aberta2 proposta por Chesbrough (2003, 2006). A segunda, do resultado, que se constituiria no desempenho da inovação social traduzido por meio do “valor social” gerado (MERTENS; MARÉE, 2012).

Para que se possa entender melhor os atores e suas relações, com base nas pesquisas realizadas, é necessário que se analise a abordagem que é dada pelo pesquisador, pois esta variável determina quem participa desse processo conforme pode ser observado no Quadro 7.

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Inovação aberta (Open innovation) de acordo com Chesbrough (2003, 2006) é definida como o uso intencional dos fluxos internos e externos de conhecimento para acelerar a inovação interna e aumentar os mercados para uso externo das inovações.

Quadro 7 - Formas de Abordagem da Inovação Social

Autores Abordagem Cortes Analíticos

Cambon et al (1982) Dimensões da Inovação Social

a) Forma

k) Processo de criação e implantação l) Atores

m) Objetivos de mudança Mulgan et al. (2007)

Dinâmicas inerentes ao seu desenvolvimento e à sua aplicação

a) Combinações n) Fronteiras

o) Novas Relações sociais. Dess et al. (2004) Resultado e formas de

difusão

a) Modelo Organizacional p) Programa

q) Princípios CRISES (2010) Níveis de análise

a) Território r) Qualidade de vida s) Trabalho e emprego Cloutier (2003) Níveis de Análise

a) Inovações centradas no indivíduo t) Inovações orientadas sobre o meio u) Inovações no meio da empresa Fonte: Bignetti (2011, p. 9).

Ao se perceber a inovação social sob a perspectiva de um processo, as interações entre os atores sociais promovem a reunião e integração de recursos e capacidades complementares em interações de modo colaborativo (HEALEY, 1997).

De acordo com o relatório do Grupo de trabalho em inovação social (1999), instituído pelo antigo Conselho de Quebec - Conselho de Pesquisa Social (2000), a definição de inovação social traz a nova abordagem, prática ou intervenção ou qualquer novo conjunto de produtos desenvolvido para melhorar a situação ou resolver um problema social. De acordo com esta definição, reconhece Dandurand (2005, p. 380):

“[…] dois recursos que olha no processo de inovação social. Uma função para a criação própria e uma função de reconhecimento de inovação. Pela sua função de reconhecimento crescimento, a investigação é um "revelador" no sentido em que a montante, ele designa uma situação exigindo inovação social ou a jusante fez da inovação um objeto de pesquisa: ela verifica a validade, aumanta a capacidade de aplicar uma variedade de contextos e identifica as condições ideais para a implantação bem sucedida” (DANDURAND, 2005, p.380, tradução própria).

Edwards-Schachter, Matti e Alcántara (2012), em seus estudos, apontam que combinando as dimensões estruturais e organizacionais para satisfazer as necessidades humanas, a inovação social liga os vários níveis da estrutura da sociedade; envolve uma reorientação regional e local das agendas, instituições e responsabilidades; e fornece uma revisão do papel tradicional de interação com o usuário-produtor e parcerias de colaboração nos processos de inovação (PRAHALAD; KRISHNAN, 2008; THOMKE; VON HIPPEL, 2002; VON HIPPEL, 1985, 2005).

Figura 6 - Evolução das funções de usuários e clientes: 1980-2012

Fonte: adaptado de Edwards-Schachter et al. (2012).

As interações entre os diversos atores de inovação social ocorrem em espaços caracterizados pela existência de limites tênues e indefinidos entre estes, tornando-se as redes o tipo dominante de organização para esse propósito (HULGÅRD; FERRARINI, 2010), o que possibilitaria a obtenção de resultados que não seriam obtidos individualmente (SILVA, BIGNETTI, 2012) em um fenômeno, descrito por Bignetti (2011), como “inclusivo”.

Em seus estudos, Moulaert e Mehmood (2010) e Volkmann (2010) expõem que os atores da inovação social são mecanismos que permitam esforços "andaimes" e intermediação para estruturação e prestação de governança para as pessoas que participam do processo de inovação.

Corroborando a obra de Edwards-Schachter, Matti e Alcántara (2012), aonde os mesmos baseiam-se na obra de Hochgerner (2009, p. 40), afirmam que a inovação social, bem como as inovações tecnológicas e econômicas, podem ser compreendidas como componentes de mudança social em uma "interpretação holística da inovação." Os autores identificam algumas características dimensionais da inovação social. O

Quadro 8 apresenta algumas das características de Inovação Social obtidos da análise de 76 obras.

Quadro 8 - Características Dimensionais de Inovação Social

(continua)

Dimensão Características

Objetivos

Bem social e público (Chambon et al, 1982;. Gillwald, 2000; Gurrutxaga & Echeverría, 2010; Hochgerner, 2011; Mulgan, 2006a, 2006b; Rodríguez Herrera & Alvarado Ugarte, 2008; Taylor, 1970).

Geração de valores sociais e melhoria da qualidade de vida (QV) e desenvolvimento sustentável (Gillwald, 2000; Goldenberg et al, 2009;. Henderson, 1993; Howaldt & Schwarz, 2010; Levesque, 2005; Phills, Deiglmeier, & Miller, 2008) .

A detecção de necessidades sociais reais (Hochgerner, 2011; Howaldt & Schwarz, 2010;. Moulaert et al, 2007; Mulgan, 2006a, 2006b; NESTA, 2007).

Orientada para a resolução dos problemas sociais e com o objetivo de ambos os benefícios sem fins lucrativos e sem fins lucrativos (Andrew & Klein, 2010; De Muro et al, 2007;. Prahalad et al, 2009;. Rodríguez Herrera & Alvarado Ugarte, 2008).

Drivers

Os desafios ambientais, econômicos e sociais, aos níveis global e local (Goldenberg et al, 2009;. Howaldt & Schwarz, 2010; Mulgan, 2006a).

Demandas sociais que tradicionalmente não são abordados pelas instituições do mercado ou existentes (Echeverría, 2010; Moulaert & Mehmood, 2010; Rodríguez Herrera & Alvarado Ugarte, 2008).

Fontes Pluralidade de fontes de inovação em diferentes áreas (econômica, de negócios, social, cultural, artístico) (Echeverría, 2010; Hochgerner, 2011; Neamtan & Downing, 2005).

Contexto

Sociedade, cultura, mercado (Echeverría, 2010; Howaldt & Schwarz, 2010; Levesque, 2005).

A região eo desenvolvimento da comunidade social (Moulaert & Nussbaumer, 2004; OCDE, 2004).

Resultado da combinação entre "bottom-up" e dinâmica "top-down" (Goldenberg et al, 2009;. Hubert, 2010; Rodríguez Herrera & Alvarado Ugarte, 2008).

Agentes

Três áreas inter-relacionadas: a sociedade civil, estaduais e agentes de negócios (Chambon et al, 1982; Echeverría, 2010; Novy & Leubolt, 2005; Rodríguez Herrera & Alvarado Ugarte, de 2008.).

"Cruzamento de experiências" entre os setores de governo e de negócios "quarto setor" sem fins lucrativos, (Murray et al, 2009;.. Phills et al, 2008).

Setores Atravessando fronteiras organizacionais e setoriais (Echeverría, 2010;. Goldenberg et al, 2009; Prahalad et al, 2009;. Rodríguez Herrera & Alvarado Ugarte, 2008).

Processo

Modelo de base colocado contextualizada para a inovação e as atividades de inovação dependente de para-path (MacCallum et al, 2009;. Moulaert & Nussbaumer, 2004). Concentre-se em tecnologias como facilitadores da inovação (Howaldt & Schwarz, 2010; Prahalad et al, 2009.).

Papel ativo dos usuários / pessoas e criação de novas relações sociais em co- desenvolvimento e co-geração de inovações (Harrison et al, 2009;.. Murray et al, 2009;. Prahalad et al, 2009).

Processo coletivo de aprendizagem (Cloutier, 2003; Lettice & Parekh, 2010;. Murray et al, 2009).

As etapas do processo são os seguintes: identificação e definição do problema a ser resolvido; identificar, definir e selecionar possível solução (s); planejar e implementar a inovação; revisar, avaliar e continuar ou ajustar a inovação; e dimensionamento e difusão de inovações de sucesso.

Capacitação e desenvolvimento de capacidades (capital

social)

O aumento da capacidade de ação político-social e acesso aos recursos necessários para a realização dos direitos e à satisfação das necessidades (Hubert, 2010; Lallemand, 2001).

Construção de ativação e um sistema ou de colaboração "andaime" (Moulaert et al., 2005).

Empoderamento de grupos sociais desfavorecidos (Howaldt & Schwarz, 2010; Lallemand, 2001;. Moulaert et al, 2005, 2007).

(continua)

Dimensão Características

Governança

Participação / colaboração das pessoas na tomada de decisões e os processos de governança locais (Chambon et al, 1982;. Dawson & Daniel, 2010; MacCallum et al, 2009;. Taylor, 1970).

Modelo de governança: a vários níveis e em colaboração (. Muro De et al, 2007; Heiskala, 2007; Moulaert & Nussbaumer, 2004).

Resultados

Desenvolvimento de novas formas de organização e relações sociais (Conger, 1974; Fontan, 1998; Hochgerner, 2011; Levesque, 2005; Moulaert et al, 2007;. Neamtan & Downing, 2005; OCDE, 2004).

Geração de novos (ou melhorados) produtos, serviços, normas, regras, procedimentos, modelos, estratégias e programas (Cloutier, 2003; Coleman, 1970; Conger, 1974; Levesque, 2005; OCDE, 2004;. Prahalad et al, 2009 ).

Melhorias para o bem-estar, sustentabilidade, inclusão social e QL, especialmente para as populações mais desfavorecidas e marginalizadas (Andrew & Klein, 2010; Hubert, 2010).

Melhoria de direitos de acesso e inclusão política.

Impacto nas políticas de desenvolvimento em todos os níveis (Moulaert & Nussbaumer de 2008; Rodríguez Herrera & Alvarado Ugarte, 2008).

Fonte: Baseado em Edwards-Schachter et al. (2012, p. 679).

Por fim, cabe destacar que as características dimensionais da Inovação Social são abordadas, de acordo com Juliani et al. (2014), nos Centros de Inovação Social, e a importância dos centros de inovação social como outro importante ator no desenvolvimento de inovações sociais.

Os centros de inovação social constituem grupos de pessoas ou organizações, de instituições de ensino e de iniciativas governamentais, os quais atuam de forma colaborativa em um espaço comum por um mesmo objetivo.

Quadro 9 - Centros de Investigação de inovação Social

Nome do centro Local Site Desde Origem Foco

CRISES Toronto - Canadá http://crises.uqam.ca/presentation-pt 1986 Universidade Pesquisa e Ensino ZSI - Zentrum for sozial

innovation Vienna - Austria https://www.zsi.at/en/home 1990 Governo

Pesquisa, Ensino e Ação

Fundação Porto Social Porto - Portugal http://bonjoia.org/en/projects/projecto/55 1995 Empreendedor social Ação

Nesta Londres - Inglaterra http://www.nesta.org.uk/ 1998 Governo Ação

INSEAD

- Stanford San Francisco CA - EUA http://csi.gsb.stanford.edu/ 1999 Universidade Pesquisa, Impumelelo Várias cidades - Africa do sul http://impumelelo.org.za/ 1999 Atores de vários setores Ação HARVARD

Ash Center

Project on social innovation

Toronto - Canadá e Nova Iorque

- EUA http://socialinnovation.ca 2004 Empreendedores Ação

The Young Foundation Londres - Inglaterra http://youngfoundation.org/ 2005 Empreendedores sociais Pesquisa e Ação

LIEN Singapore http://lcsi.smu.edu.sg/ 2006 Universidade Pesquisa e

Ensino The Australian centre for

social innovation - TACSI Adelaide - Australia http://www.tacsi.org.au/ 2009

Governo e

EmpreeededoresSociais Ação world Vision Institute Friedrichsdorf - Alemanha http://www.worldvision-institut.de/ 2009 Organização não

governamental Pesquisa e Ação

SIERC Auckland - Nova Zelândia http://sierc.massey.ac.nz/ 2010 SIM Pesquisa

HARVARD Boston - EUA http://www.ash.harvard.edu/Home/Programs/Innovat

ions-in-Government/Social-Innovation 2011 Universidade

Pesquisa e Ensino Bertha CSI Cape town - Africa http://www.gsb.uct.ac.za/s.asp?p=389 2011 Universidade Pesquisa e

Ensino

SIM Istambul - Turquia http://www.en.sosyalinovasyonmerkezi.com.tr/ 2012 Atores de vários setores Pesquisa e Ação

Gawad Kalinga Philipines http://gk1world.com/gkcsi 2013 Movimento social Ação

CAIS - Centro de apoio

inovação social Florianópolis - Brasil http://www.icomfloripa.org.br/icom/cais/ 2014 Empreendedor social Ação INSEAD Social Innovation

Centre

Campus na Europa, Asia, Abu

Dhabi - Universidade

Pesquisa e Ensino

Boston College Boston - EUA http://www.bc.edu/content/bc/schools/gssw/csi.html - Universidade Pesquisa e Ação

função de seus objetivos, características e capacidades (JULIANI et al., 2014).

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