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1. INTRODUÇÃO

3.1. SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO

3.1.1. Atores do Sistema Nacional de Inovação e

Diversos autores (VILLELA; MAGACHO, 2009; ZOUAIN et al., 2008; ALBUQUERQUE; SILVA; PÓVOA, 2005; EDQUIST, 2004) esclarecem que um SNI compõe-se do envolvimento e integração de três principais agentes:

Estado, cujo papel principal é o de formular e fomentar políticas públicas de C&T;

Universidades e institutos de pesquisa, aos quais cabe a criação e a disseminação do conhecimento e a realização de pesquisas; e

Empresas, responsáveis pelo investimento na transformação do conhecimento em produto.

As empresas são responsáveis diretas pela inovação, o lócus do processo inovativo (EDQUIST, 2004). Elas possuem a missão de captar o conhecimento científico e tecnológico gerado

nas instituições de ensino e pesquisa e desenvolver, produzir, comercializar e difundir a tecnologia dele oriunda, promovendo o desenvolvimento local (VILLELA; MAGACHO, 2009; ZOUAIN et al. 2008).

O governo, como agente indutor da inovação, é um componente essencial dos SNI: (i) estabelece e define diretrizes de coordenação para o desenvolvimento integrado de C&T e economia de uma região e/ou país; (ii) relaciona as necessidades estruturais e sistêmicas com o potencial disponível; (iii) define prioridades de desenvolvimento científico e tecnológico e do desenvolvimento econômico e industrial, tendências tecnológicas, linhas de financiamento, incentivos e fomento e; (iv) promove a inovação (VILLELA; MAGACHO, 2009; ZOUAIN et al., 2008; ALBUQUERQUE; SILVA; PÓVOA, 2005).

De acordo com a OCDE (2005), uma das questões presentes para os governos é fazer com que suas políticas e ações sejam eficientes e eficazes para melhorar o desempenho dos seus respectivos SNI. Não se trata apenas de se preocupar com instrumentos financeiros para P&D, mas é necessária a implementação de políticas que fortaleçam as interações entre as organizações públicas de pesquisa e a indústria, além de facilitar a transferência de conhecimento e tecnologias entre o setor público e privado.

As universidades e os institutos de pesquisa e o conjunto da estrutura educacional são responsáveis pelo desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico, alicerce da atividade inovativa das empresas. Tais agentes são importantes promotores da inovação, pois concentram grande parte das competências e infra-estrutura de pesquisa, sendo considerados por muitos estudiosos um ponto focal de qualquer política de desenvolvimento econômico. O entrelaçamento entre as dimensões científica e tecnológica é uma das características principais dos sistemas de inovação (VILLELA; MAGACHO, 2009; ALBUQUERQUE; SILVA; PÓVOA, 2005).

O papel desses três atores tem sido discutido em relação aos diversos modelos de inovação. No modelo denominado de Triângulo de Sábato (Figura 5), Sábato e Botana (1968) fizeram referência a uma ação múltipla e coordenada desses atores para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas.

Figura 5. Triângulo de Sábato. Fonte: Sábato e Botana (1968).

Os autores destacaram o papel de cada um dos vértices, onde o governo deveria pensar estrategicamente por meio de um conjunto de políticas favoráveis ao desenvolvimento científico e tecnológico. A infra-estrutura científico-tecnológica, além do aparato físico, deveria contar com recursos humanos em número e qualidade elevados, e para a estrutura produtiva, os autores enfatizam a importância de explorar o novo, de buscar fontes alternativas de matéria-prima, descobrir métodos diferentes e colocar no mercado produtos inovadores.

Ainda segundo Sábato e Botana, entre os três vértices não se poderia considerar cada ator atuando isoladamente, mas o intercâmbio de informações e conhecimentos se mostrava fundamental. Quanto às inter-relações com o contexto externo, a forma como o Triângulo reagiria às variáveis do ambiente dependeria do desenvolvimento isolado e da interação existente entre os três elementos.

Em 1996, esse modelo de interação foi contrastado pelo surgimento de um novo modelo: o Triple Helix. Nesse modelo, desenvolvido a partir dos trabalhos de Etzkowitz e Leydesdorf (1997), os objetivos e estrutura são basicamente os mesmos, entretanto, os atores - universidade, governo e indústria - estariam ajustados em um modo de interação em rede, compartilhando responsabilidades na construção das bases científicas e tecnológicas, não havendo hierarquia. Os diversos

Governo Infra-estrutura Científica e Tecnológica Setor Produtivo

atores trabalham de forma autônoma, mas interdependente, podendo assumir papéis diferentes a cada instante.

Etzkowitz e Leydesdorff (2000) mencionam três estágios desse modelo, como mostra a Figura 6. No primeiro modelo, Hélice Tríplice I, o governo envolve a universidade e a indústria e direciona a relação entre eles; a Hélice Tríplice II, que pode ser equiparada ao Triângulo de Sábato, considera as esferas institucionais separadamente com fronteiras de atuação bem delimitadas e baixa interação entre as instituições; por fim, a Hélice Tríplice III se refere à sobreposição das três esferas institucionais, havendo uma troca e intercâmbio de funções. Governo, universidade e empresa são instituições independentes, mas com vínculos relacionais muito fortes acompanhados de novos padrões de atuação.

Figura 6. Modelos da Hélice Tríplice I, II e III. Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (2000).

Segundo os autores, os novos arranjos são encorajados pelo governo, mas não controlados por ele. A Hélice Tríplice é muito mais do que uma interação entre universidade, governo e empresa; implica na transformação interna de cada uma dessas esferas, fruto de uma nova economia baseada no conhecimento. Eles sugerem inúmeras combinações de possibilidades envolvendo novos e variados arranjos institucionais que não se limitam às fronteiras nacionais ou áreas industriais específicas.

A abordagem sistêmica dos SNI, proposta pela OCDE, surgiu para explicar porque alguns países apresentam processos de desenvolvimento tecnológico e econômico superiores a outros

Empresa Universidade

Governo

REDES TRILATERAIS E ORGANIZAÇÕES HIBRIDAS

Hélice Tríplice II Hélice Tríplice III Hélice Tríplice I Universidade Empresa Universidade Governo REDES TRILATERAIS E ORGANIZAÇÕES HIBRIDAS

Hélice Tríplice II Hélice Tríplice III Hélice Tríplice I Empresa Universidade Governo REDES TRILATERAIS E ORGANIZAÇÕES HIBRIDAS

Hélice Tríplice II Hélice Tríplice III Hélice Tríplice I Empresa Universidade Governo Empresa Universidade Governo Empresa Universidade Governo REDES TRILATERAIS E ORGANIZAÇÕES HIBRIDAS

Hélice Tríplice II Hélice Tríplice III Hélice Tríplice I

e ainda chama a atenção para a essência da interação na geração da inovação. Segundo essa Organização, as empresas não inovam isoladamente, mas sim no contexto de um sistema de redes de relações diretas ou indiretas com outras empresas, com os institutos de pesquisa públicos e privados, com outras instituições da organização social, no âmbito da economia nacional e internacional. Essa rede de relações está representada na Figura 7.

Figura 7. Modelo Sistêmico de Inovação. Fonte: OCDE (1999 apud VIOTTI, 2003).

Empresas (competência internas e redes externas)

Outros grupos

de pesquisa científicoSistema

Instituições de apoio Geração, difusão e uso do conhecimento

Sistema Nacional de Inovação Redes de Inovação Global

Clusters de indústrias Sistema Regional de Inovação Infra-estrutura de comunicações DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores Empresas (competência

internas e redes externas)

Outros grupos

de pesquisa científicoSistema

Instituições de apoio Geração, difusão e uso do conhecimento

Sistema Nacional de Inovação Redes de Inovação Global

Clusters de indústrias Sistema Regional de Inovação Infra-estrutura de comunicações DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores Empresas (competência

internas e redes externas)

Outros grupos

de pesquisa científicoSistema

Instituições de apoio Geração, difusão e uso do conhecimento

Sistema Nacional de Inovação Redes de Inovação Global

Clusters de indústrias Sistema Regional de Inovação Infra-estrutura de comunicações DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores Empresas (competência

internas e redes externas)

Outros grupos

de pesquisa científicoSistema

Instituições de apoio Geração, difusão e uso do conhecimento

Sistema Nacional de Inovação Redes de Inovação Global

Clusters de indústrias Sistema Regional de Inovação Empresas (competência internas e redes externas)

Outros grupos

de pesquisa científicoSistema

Instituições de apoio Geração, difusão e uso do conhecimento

Sistema Nacional de Inovação Redes de Inovação Global

Clusters de indústrias Sistema Regional de Inovação Empresas (competência internas e redes externas)

Outros grupos

de pesquisa científicoSistema

Instituições de apoio Geração, difusão e uso do conhecimento

Sistema Nacional de Inovação Sistema Nacional de Inovação Redes de Inovação Global Redes de Inovação Global

Clusters de indústrias Sistema Regional de Inovação Infra-estrutura de comunicações DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores Infra-estrutura de comunicações DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores Infra-estrutura de comunicações DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores Infra-estrutura de comunicações DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores DESEMPENHO DO PAÍS

Crescimento, criação de empregos, competitividade Contexto macroeconômico e regulatório Sistema educacional e de treinamento Condições do mercado de produtos Condições do mercado de fatores

Sob a perspectiva do Modelo Sistêmico de Inovação, argumenta Viotti (2003) que os processos de criação, difusão e uso do conhecimento e os processos de geração de inovação estão condicionados à influência simultânea de fatores institucionais, econômicos e de gestão. A inovação é encarada como um processo social e sistêmico, com a participação cada vez maior de um grande número de atores.

Para a OECD, a capacidade inovativa de um país depende de como os atores do sistema se relacionam uns com os outros, como elementos de um sistema coletivo de geração e uso do conhecimento e de tecnologias são utilizados. Assim, há um destaque no âmbito da abordagem dos SNI para a importância econômica atribuída ao conhecimento, para o enfoque sistêmico e para o número e articulação crescente de instituições envolvidas na geração do conhecimento (VIOTTI, 2003).

Nesses três modelos - Triângulo de Sábato, Hélice Tríplice e Sistêmico - verifica-se a importância de haver um contexto político, econômico e social bem estruturado para que se possam fazer as interações entre os três atores no sentido de fomentar o desenvolvimento dos países.

Como um dos atores centrais dos SNI, o governo é o grande responsável pela definição das principais estratégias de desenvolvimento científico e tecnológico do país. Assim, deve se preocupar com o aumento e a eficiência das atividades de inovação, incluindo as políticas de educação, de P&D, de infraestrutura, dentre outras. Além disso, deve identificar e remover obstáculos ao funcionamento adequado das organizações e promover a interação entre os elementos que constituem o SNI (LOPES et al., 2010; HIRATA, 2006).

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