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Equação 16: Índice de rotatividade de carteiras dos fundos

7. RESULTADOS

7.1. Atribuição de desempenho

Os primeiros resultados empíricos são obtidos pela aplicação do modelo de atribuição de desempenho no mercado de renda fixa brasileiro, o que marca a primeira contribuição do estudo à literatura. O modelo decompõe os excessos de retornos sobre o benchmark obtidos pelas decisões dos gestores sobre a duration da carteira, a alocação em classes e a seleção individual de ativos. A Tabela 8 apresenta o resumo estatístico dos excessos de retornos obtidos por cada decisão de investimento.

Tabela 8 - Resumo estatístico dos excessos de retornos em cada decisão de investimento.

Nota: Elaborado pelo autor.

As decisões de duration das carteiras e de alocação em classes de ativos levaram a um excesso de retorno médio negativo de -0,0029% e -0,0198%, respectivamente. No entanto, as decisões de seleção individual de ativos levaram a um excesso de retorno médio positivo de 0,2541%. A mediana dos resultados sustenta as evidências obtidas com os resultados médios, com as decisões de alocação levando a um excesso de retorno próximo de zero.

Os resultados encontrados não são inesperados, uma vez que, para alcançar resultados médios positivos, o gestor deve apresentar desempenho positivo persistente, condição encontrada com menor frequência na literatura de gestão ativa de carteiras (ELTON ET AL., 1995). Os resultados máximos e mínimos destacam o fato de que os gestores tendem a entregar excessos de retornos elevados quando eles acertam a duration da carteira, ou seja, quando eles conseguem antecipar movimentos de preços dos ativos no mercado, em função das alterações na curva de taxa de juros. O resultado é coerente, pois a decisão de duration da carteira é a mais importante na gestão de ativos de renda fixa para a obtenção de excessos de retornos (BREUKELEN, 2000).

Decomposição dos excessos de retornos Média Mediana Desvio padrão Mínimo Máximo

Excesso de retorno pela Duration (%a.m.) -0,0029% -0,2584% 0,5585% -1,5401% 3,9301%

Excesso de retorno pela Alocação (%a.m.) -0,0198% -0,0002% 0,3191% -1,7017% 1,7173%

Buscando observar os resultados máximos obtidos por decisão de investimento, o Gráfico 6 apresenta as amostras de observações mensais que alcançaram os maiores excessos de retornos pela duration, pela alocação e pela seleção de ativos.

Gráfico 6 - Amostras de excessos de retornos máximos positivos por decisão do gestor.

Nota: Elaborado pelo autor. O eixo vertical corresponde à escala percentual de excessos de retornos.

O Gráfico 6 demonstra que, quando o gestor alcança os maiores excessos de retornos positivos por decisão individual, ele também gera um excesso de retorno total positivo na carteira, mesmo que o resultado alcançado nas outras decisões seja negativo. Dentre as decisões individuais, apenas os excessos de retornos positivos obtidos com a alocação em classes são acompanhados por excessos de retornos positivos na seleção individual de ativos.

A decomposição dos excessos de retornos pela perspectiva do resultado total alcançado pela carteira complementa a decomposição individual e demonstra como a combinação das decisões de duration, alocação e seleção afetaram os resultados das carteiras. É possível examinar, na Tabela 9, o resumo estatístico dos excessos de retornos obtidos pelas carteiras.

Tabela 9 - Resumo estatístico dos excessos de retornos obtidos pelas carteiras.

Nota: Elaborado pelo autor.

A Tabela 9 apresenta, na linha superior, as observações que correspondem a 1% dos maiores excessos de retornos positivos das carteiras. Os resultados foram alcançados por 13 fundos, oferecidos por 7 diferentes gestoras. A caracterização pela classificação de fundos da ANBIMA aponta para 10 fundos de renda fixa duração livre e 3 de duração alta, sendo 8 fundos soberanos e 5 fundos de renda fixa grau de investimento.

A tabela apresenta também a amostra de observações com os 10% dos maiores excessos de retornos, seguida pela amostra da totalidade dos fundos com excessos de retornos positivos. Pela perspectiva das observações com excessos de retornos negativos, a Tabela 9 apresenta a amostra da totalidade dos fundos com excessos de retornos negativos, a amostra com 10% dos maiores excessos de retornos negativos e a amostra com 1% dos maiores excessos de retornos negativos. Os maiores resultados negativos foram alcançados por 26 fundos, oferecidos por 14 diferentes gestoras. A caracterização pela classificação de fundos da ANBIMA aponta para 24 fundos de renda fixa duração livre e 2 de duração alta, sendo 19 fundos de renda fixa grau de investimento, 5 fundos crédito livre e 2 fundos de renda fixa soberanos.

Os maiores excessos de retornos positivos acessados pelos fundos foram obtidos pela combinação vencedora das decisões de duration e alocação em classes de ativos. Os resultados estão alinhados com os argumentos de Kahn (1991) e Breukelen (2000) que apontam para a estratégia “de cima para baixo” em termos de importância das decisões de composição das carteiras de renda fixa: a duration como decisão mais importante, seguida pela decisão de alocação em classes e chegando à decisão sobre os ativos individuais. O Gráfico 7 destaca os resultados apresentados na Tabela 9.

Amostra de observações Excesso de retorno Duration Alocação Seleção N. de Obs.

1% dos maiores excessos de retornos positivos 0,4271% 0,4585% 0,1965% -0,2279% 38

10% dos maiores excessos de retornos positivos 0,2241% -0,1049% 0,0647% 0,2643% 378

Apenas excessos de retornos positivos 0,1147% -0,1547% 0,0093% 0,2601% 1354

Apenas excessos de retornos negativos -0,1353% -0,4023% -0,0351% 0,3021% 2426

10% dos maiores excessos de retornos negativos -0,4232% -0,7959% 0,0032% 0,3695% 378

Gráfico 7 - Amostra dos excessos de retornos totais por carteira.

Nota: Elaborado pelo autor. O eixo vertical corresponde a escala percentual de excessos de retornos.

Os dados apresentados graficamente demonstram que os gestores alcançaram os maiores excessos de retornos nas carteiras, amostra com 1% maiores excessos de retornos, pelas decisões vencedoras sobre a duration. No entanto, as evidências sugerem que os gestores não acertaram a duration com frequência, dado o impacto negativo causado pelas decisões perdedoras nas demais amostras analisadas.

As demais amostras, do grupo dos 10% maiores excessos de retornos positivos até o grupo com os maiores excessos negativos, destacam o efeito das decisões de duration nas carteiras de renda fixa. Os resultados revelam que, na maioria das observações, os gestores agregaram excessos de retornos totais positivos às carteiras quando eles erraram menos a decisão da duration. Quando os gestores erraram mais, eles comprometeram o desempenho total das carteiras.

Os resultados destacam que os gestores acertaram mais as decisões sobre os ativos individuais, gerando impacto positivo nos excessos de retornos das carteiras, compensando, algumas vezes, os resultados negativos obtidos com as demais decisões de investimento.

Os resultados dão embasamento à discussão na literatura sobre a importância da duration em carteiras de renda fixa e a dificuldade do gestor de antecipar movimentos de preços de ativos em face dos movimentos da curva de taxa de juros, a exemplo de Ferson et al. (2004).

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