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ATRIBUTOS ESPACIAIS QUE POSSAM FAVORECER A ATIVIDADE DE

3 O AMBIENTE E O ENSINO, NO CONTEXTO ATUAL

3.2 ATRIBUTOS ESPACIAIS QUE POSSAM FAVORECER A ATIVIDADE DE

Encontram-se, na literatura, vários autores que defendem atributos espaciais comuns, considerados favoráveis à aprendizagem, com recorrências às disciplinas de conforto ambiental, ergonomia e psicologia ambiental. Trata-se da proposição de espaços ativos, que, centrados no aluno, possibilitam novas formas de aprendizado com salas de aula com espaço flexível, que se adaptem as diversas metodologias de ensino, aproveitamento das áreas comuns, como espaços informais de compartilhamento de ideias, integração com o exterior e participação da comunidade.

Sanoff (2001) defende alguns atributos básicos para o aprendizado, como ambiente estimulante, local para ensino em grupo, conexão entre interior e exterior, áreas públicas incorporadas ao espaço escolar, segurança, variedade espacial, flexibilidade, ambientes ativos e passivos, espaços personalizados e espaços comunitários.

Nair (2014) apresenta quatro princípios básicos para uma proposta gráfica de uma escola que favoreça a atividade de ensino/aprendizagem. Ser convidativa, versátil, com espaços flexíveis, que possibilitem diferentes metodologias de ensino, maior variedade de configurações de aprendizagem, além apresentar um clima favorável. Considera que a organização espacial da escola deve beneficiar o aprendizado e que, para isso, devem ser levados em consideração aspectos importantes no projeto, a saber:

Escala - A escala apropriada do espaço possibilita aos alunos o domínio dos elementos que compõem o espaço.

Variedade e flexibilidade - Possibilitam alterações no espaço e múltiplos usos. Como exemplo desses aspectos, apresentam-se os espaços projetados pelo escritório Crossboundaries para a Escola de Ensino Médio da Universidade de Pequim, que, reconfigurados e integrados, possibilitam o compartilhamento entre as diversas disciplinas (Fig. 7).

Figura 7 - Exemplos de leiaute das salas de aula da Escola de Ensino Médio da Universidade Pequim.

Fonte: <www.archdaily.com.br/br/874677/escola-de-ensino-medio-da-universidade-peking- crossboundaries>. Acesso em 10 Out. 2017

Áreas informais fora da sala de aula - Possibilitam interações entre os alunos, troca de informações, auxílio nas atividades, locais para comer, ler e relaxar.

Conforto térmico, visual e acústico - Dispositivos de controle de Iluminação natural e artificial (Fig. 8 e 9), ventilação natural e boa acústica pela presença de materiais absorventes que favorecem o desempenho das atividades.

Figura 8 - Escola Internacional de Suzhou em Singapura. Observam-se na fachada elementos arquitetônicos que promovem o sombreamento das salas.

Fonte: <http://www.designshare.com/index.php/projects/suzhou-singapore- international/images@3689. >Acesso em 25 fev. 2018

Figura 9 - Esquemas de prateleira de Luz.

Fonte: <http://www.bioclimaticarquitetura.com.br/2009/11/repisas-reflectantes-prateleiras-de- luz.html>Acesso em 01 mar.2018

Personalização do ambiente - Presença de espaços individuais que possibilitem privacidade para ler, utilizar laptops e relaxar. Esses espaços normalmente são disponíveis em bibliotecas, mas devem ser concebidos na escola como um todo.

Áreas de descanso - Áreas em contato com a natureza, para relaxamento e reflexão. Mobiliário ergonômico e variável – Normalmente, os alunos passam horas sentados. Por isso, o mobiliário deve oferecer conforto e variedade, além de ser fácil de mover e usar.

Entradas e áreas comuns - Devem ser utilizadas como espaço de aprendizagem. Campfire - Espaço para aprendizado para grandes grupos, como as salas de aula tradicionais.

Watering Hole - Espaço casual para estudo em pares.

Cave - Espaço introspectivo para estudo individual.

Life - Espaço para soluções de problemas reais.

A figura abaixo (Fig. 10) exemplifica como salas de aula com mesmas dimensões podem ser ajustadas com as mudanças de leiaute, em consonância com as organizações espaciais apresentadas por Nair (2014).

Nas salas D e E podem ser realizadas apresentações focadas no professor; as salas B e C apresentam alunos envolvidos em grupos de trabalho em equipe e discussão; e a sala A possibilita a realização de tarefas que podem ser feitas individualmente.

Figura 10 - Escola Virtual de Teerã-Irã.

Kowaltowski (2011) cita Hertzberger como um profissional que trouxe inovações ambientais às escolas ao projetar áreas convidativas de circulação, unindo as salas de aula a outros espaços, em uma estrutura aberta para alterações necessárias. As áreas sociais são valorizadas, permitindo o convívio e trocas de informações entre os alunos e promovendo o processo de aprendizagem (Fig. 11 e 12).

Figura 11 - Escola Montessori, Holanda.

Fonte: <http://hertzbergerertca.blogspot.com.br/2009/10/montessori-college-oost-amsterdam.html> Acesso em: 13 fev.2018

Figura 12 - Corte esquemático. Escola Montessori, Holanda.

Fonte: <http://hertzbergertca.blogspot.com.br/2009/10/montessori-college-oost-amsterdam.html> Acesso em: 13 fev. 2018

A mesma autora descreve, segundo o CABE (Comission for Architecture and the Built Environment) 5, uma lista de dez critérios que deveriam ser considerados no processo de projeto escolar, a saber:

1. Identidade e contexto: criar ambientes dos quais os usuários e a comunidade possam se orgulhar;

2. Implantação: otimizar o aproveitamento do lote;

3. Área externa da Escola: ganhar proveito das áreas externas;

4. Organização: criar um diagrama claro para os edifícios;

5. Edificações: promover a síntese da forma, dos volumes e da harmonia;

6. Interior: criar espaços de excelência para o ensino/aprendizagem;

7. Utilizar estratégias de sustentabilidade;

8. Segurança: criar um lugar seguro e acolhedor;

9. Vida longa, liberdade de possibilidades: criar um projeto escolar que se adapte e que tenha capacidade de evoluir com o tempo;

10. Síntese de sucesso: desenvolver projetos que funcionem na sua totalidade.

Tendo como base os conceitos apontados acima, a metodologia proposta para esta pesquisa contempla o desenvolvimento de um projeto arquitetônico que possibilite adequada utilização do espaço escolar, por meio de processo racionalizado de construção, com os espaços distribuídos modularmente, com aproveitamento de todos os seus ambientes e a possibilidade de participação da comunidade.

Nessa proposta, buscam-se aspectos que devem ir ao encontro da concepção pedagógica dos institutos federais, pautada na integração da teoria e da prática, da educação e trabalho, na investigação por soluções de problemas que envolvem a sociedade contemporânea.

5 O CABE tratava-se de órgão público, responsável por assessorar o governo do Reino Unido na arquitetura e no desenho urbano. Procurava inspirar o público a exigir mais de seus edifícios e espaços, influenciando na criação de locais bem planejados e acolhedores. Encerrado em 2011, fundiu-se ao Conselho de Design, no entanto considera-se interessante listar os critérios estabelecidos pelo mesmo, enquanto esteve vigente. Fonte:<https://www.gov.uk/government/organisations/commission-for- architecture-and-the-built-environment-cabe> Acesso em: 10 nov. 2018

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