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Capitulo II – Breve abordagem Processual Penal

2.6 A atuação dos órgãos de Polícia Criminal

Os OPC são, segundo o artigo 1.º al. c) do CPP, “todas as entidades e agentes policiais a quem caiba levar a cabo quaisquer actos ordenados por uma autoridade judiciária ou determinados por este Código”.

22

Relativamente aos procedimentos para a determinação da TAS vide supra parágrafo XI.1.1.4; 23 Vide supra parágrafo IV.1.1.4;

Compete aos OPC “coadjuvar as autoridades judiciárias com vista à realização das finalidades do processo” (art.º 55º, nº1 do CPP) e em especial, “mesmo por iniciativa própria, colher notícia dos crimes e impedir quanto possível as suas consequências, descobrir os seus agentes e levar a cabo os actos necessários e urgentes destinados a assegurar os meios de prova” (art.º 55º, nº2 do CPP), cujas disposições se encontram previstas no Livro VI, Título I, Capítulo I, II e III do Código Processo Penal (Valente, 2004:259).

Os OPC “actuam sob a directa orientação do MP e na sua dependência funcional” (art.º 263º, nº2 do CPP), coadjuvando na fase de inquérito, que segundo Manuel Guedes Valente (2004:260), é “o conjunto de diligências que visam investigar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a responsabilidade deles e descobrir e recolher as provas, em ordem à decisão sobre a acusação”.

Ao possuírem conhecimento de um facto que constitua crime, os OPC devem antes da intervenção da AJ competente, proceder a todos os atos que considerarem necessários para assegurar os meios de prova, nas palavras de Manuel Guedes Valente (2009:241) os OPC têm “a responsabilidade na prevenção criminal – ex vi art.º 272º da CRP –, e a necessidade de salvaguardar todos os meios de prova - quer inculpem, quer inocentem o arguido –, pelo que deve socorrer-se da máxima objectividade e isenção na promoção das medidas cautelares de polícia”.

Por conseguinte, o OPC que tiver notícia de um crime deve, no mais curto prazo possível, comunicá-lo ao MP (art.º 248º, nº1 do CPP) e, nos casos de maior urgência a transmissão a pode ser feita por qualquer meio de comunicação disponível para o efeito, sendo que a comunicação oral deve ser seguida de comunicação escrita (art.º 248º, nº3 do CPP). De acordo com Manuel Guedes Valente (2004:272) “a comunicação a que estão obrigados os OPC, em regra deve ser o auto de notícia”.

2.6.1 Auto de Noticia

Sempre que uma AJ, um OPC ou outra entidade policial presenciarem qualquer crime de denúncia obrigatória, levantam ou mandam levantar auto de notícia (art.º 243º, nº1 do CPP), devendo estes ser redigidos de modo perfeitamente legível, não contendo espaços em branco que não sejam inutilizados, nem entrelinhas, rasuras ou emendas que não sejam ressalvadas (art.º 94º, nº1 do CPP). No auto de notícia devem constar:

b) o dia, a hora, o local e as circunstâncias em que o crime foi cometido [al.b)]; c) a identificação dos agentes e dos ofendidos, bem como todos os meios de prova

conhecidos, nomeadamente as testemunhas que possam depor sobre os factos que originaram o auto de notícia [al.c)];

d) a menção do dia, mês e ano da prática do ato, bem como, tratando-se de ato que afete liberdades fundamentais das pessoas, da hora da sua ocorrência, com referência ao momento do respetivo início e conclusão (art.º 94º, nº6 do CPP); e

e) a assinatura da entidade que o levantou e pela que o mandou levantar, e sempre que possível pelo infrator, devendo ser lavrada certidão em caso de recusa (Silva, 1996:83).

O Auto de Notícia é um documento que vale como documento autêntico, conforme o artigo 363.º, n.º2 do CC, quando levantado ou mandado levantar pelas autoridades públicas, que apesar de fazer prova dos factos nele constante (art.º 169º do CPP), não serve de prova à prática do crime.

Desta forma, os OPC lavram o auto de notícia quando presenciarem crimes de natureza pública e semipública. Relativamente aos crimes semipúblicos, para iniciarem “a promoção penal, é necessário que o titular do direito de queixa, declare que deseja procedimento criminal contra os agentes do crime” (Valente, 2009:237).

Segundo Manuel Guedes Valente (2009: 230), os OPC quando tomam conhecimento direto e próprio (em flagrande delito) “- in situ e em um quadro físico- psíquico imediato -” lavram um auto de notícia por detenção e transmitem-no à AJ.

Assim, o OPC que tiver procedido à detenção deve (Pinto, 2001): a) Lavrar o Auto de Notícia por Detenção;

b) formalizar a Constituição de arguido [art.º 58, nº1, al.c) do CPP]24;

c) informar imediatamente, ao detido, e de forma compreensível as razões da sua prisão ou detenção e dos seus direitos (art.º 27, nº4 da CRP);

24 A constituição de arguido:

1 - “A constituição de arguido opera-se através da comunicação, oral ou por escrito, feita ao visado por uma AJ ou um OPC, de que a partir desse momento aquele deve considerar-se arguido num processo penal e da indicação e, se necessário, explicação dos direitos e deveres processuais referidos no artigo 61.º que por essa razão passam a caber-lhe” (art.º 58º, nº2 do CPP).

2 - “A constituição de arguido implica a entrega, sempre que possível no próprio acto, de documento de que constem a identificação do processo e do defensor, se este tiver sido nomeado, e os direitos e deveres processuais referidos no artigo 61.º” (art.º 58º, nº2 do CPP).

d) libertar o arguido se a detenção tiver ocorrido fora do horário de funcionamento normal dos tribunais, notificando-o para comparecer na audiência no primeiro dia útil seguinte àquele em que foi detido (art.º 385.º, n.º1 e 3, do CPP). Exceção para as situações previstas no artigo 20.º da Lei n.º 38/2009 de 20 de julho onde a detenção deve manter-se até o detido ser apresentado em audiência de julgamento;

e) sujeitar o arguido a TIR;

f) notificar as testemunhas da ocorrência, no máximo de cinco (art.º 383º, nº1 do CPP); e

g) informar o arguido que pode apresentar em audiência até cinco testemunhas de defesa (art.º 383º, nº2 do CPP).

Capitulo III – Dispensa de comparência da

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