• Nenhum resultado encontrado

3 O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: DAS FACULDADES ISOLADAS ÀS

3.1 A ATUAL ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DAS IES

O objetivo desta seção é mapear a atual estrutura do ensino superior brasileiro. Primeiramente, tratar-se-á da estrutura normativa das instituições de ensino superior. Após, será apresentado um panorama geral do ensino superior no Brasil por meio de dados do censo da educação superior.

Hodiernamente, a estrutura administrativa do ensino superior brasileiro é formalizada na Constituição Federal de 1988 e normatizada na Lei Nacional de Diretrizes e Base da Educação Nacional de 1996 (MARTINS, NEVES, 2016). Já a estrutura organizacional do ensino superior brasileiro é regulamentada pelo Decreto nº 9.235/17.

A Constituição promulga que a educação é um direito subjetivo do cidadão. Portanto, é dever do Estado oferecer o ensino fundamental e o ensino médio obrigatórios e gratuitos para todos, assim como a progressiva universalização do ensino superior34 (LENZA, 2017). No que concerne especificamente ao ensino superior, a Constituição afirma que as universidades públicas gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, obedecendo ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 1988).

34 É importante salientar que compete à união realizar a avaliação, credenciamento e reconhecimento das

A LDB de 1996 institui um rol de inovações atinentes à normatização do ensino superior. Uma significativa ruptura com a reforma de 68 foi retirar o caráter supletivo das faculdades isoladas. Nesse sentido, a universidade não é mais o modelo hegemônico a ser seguido, abrindo-se a possibilidade para a diversificação do ensino superior35.

Outra inovação da LDB foi o estabelecimento da não obrigatoriedade do vestibular como meio de ingresso36. Com isso, abre-se a possibilidade para novas modalidades de acesso, dentre as quais se destaca o ENEM. Com relação à estrutura curricular, a LDBEN institui diretrizes gerais e não um currículo mínimo, possibilitando a flexibilidade organizacional dos cursos (MARTINS, 1998). Por fim, cabe destacar que a LDBEN promulga que, para as universidades, é necessário que cada instituição tenha um terço dos docentes com título de mestre ou de doutor, e que um terço dos docentes atue integralmente na instituição (CUNHA, 2003).

Quanto à estrutura organizacional das IES no Brasil, cabe registrar que o país possui um sistema complexo, que abrange tanto o setor público como o privado. De acordo com o Decreto nº 9.235/17, as instituições brasileiras são organizadas entre as seguintes categorias: faculdades, centros universitários e universidades37. Já as formas administrativas podem ser divididas entre instituições públicas 38 , privadas sem fins lucrativos, comunitárias, confessionais, filantrópicas e privadas com fins lucrativos (NEVES, 2014).

Em termos quantitativos, segundo o Censo da Educação Superior de 2017 (INEP, 2018), atualmente a organização das instituições de ensino superior brasileiras é composta, em sua maioria, por faculdades privadas. Precisamente, o Brasil possui 2.020 faculdades, dentre as quais 1.878 são privadas e 142 são públicas. No que concerne às universidades, o Brasil possui 106 universidades públicas e 93 privadas. Os centros universitários são a menor categoria em termos quantitativos. Na iniciativa privada, o Brasil possui 181 centros universitários, ao passo que, no ensino público, o país tem 8 centros universitários. O quadro 2 sintetiza a atual situação organizacional das IES em termos quantitativos.

35 Além de não manter o status estruturante conferido pela reforma de 68, a universidade também deixa, a partir

da LDB, de ser a única instituição que goza de autonomia, haja vista que esta fora estendida às instituições que comprovassem alta qualificação para a pesquisa ou para o ensino, desde que tais aspectos fossem avaliados pelo poder público (CUNHA, 2003).

36 A LDB também exige que, para ingressar no ensino superior, é necessária a conclusão do ensino médio. 37 Além das categorias citadas, também cabe mencionar as categorias de centros e institutos tecnológicos. 38 As instituições públicas podem ser instituídas em nível federal, estadual ou municipal.

Quadro 2: Modelo organizacional a partir do contraste entre setor público e privado Categoria Administrativa Universidades Centros Universitários Faculdades Pública 106 8 142 Privada 93 181 1878

Fonte: Censo da Educação Superior de 2017 (INEP, 2018).

Conforme o censo da educação superior (2018), o Brasil possui 8.286.663 matrículas em todas as IES39. Na esfera pública, há 2.045.356 matrículas, 1.306.351 são na esfera federal, 641.865 na estadual e 97.140 na municipal. Já a esfera privada possui o maior número de matrículas, chegando ao total de 6.241.307. Ressalta-se que a maior parte das matrículas da esfera privada está concentrada nas universidades, assim como a maioria das matrículas na esfera pública. O quadro 3 ilustra a atual situação das matrículas no Brasil.

Quadro 3: Relação Distribuição das matrículas por modelo organizacional e setor público e privado Categoria administrativa Total de matrículas Universidades Centros Universitários Faculdades Pública 2.045.356 1.720.110 18.712 124.349 Privada 6.241.307 2.719.807 1.575.652 1.945.848

Fonte: Censo da Educação superior de 2017 (INEP, 2018).

Segundo o Censo da Educação Superior (INEP, 2018), nas instituições de ensino superior públicas, 1.197.741 de matrículas são de estudantes egressos de escola pública e 790.896 são procedentes de escola privada. Já nas instituições de ensino superior privadas, 4.417.799 de matrículas são oriundas de egressos da escola pública e 1.769.683 são procedentes de escolas privadas40. O quadro 4 relaciona o número de matrículas de alunos procedentes de escolas públicas e privadas com as categorias administrativas das IES

39 Este número abrange tanto as matrículas no ensino presencial como no ensino a distância (EAD).

40 Os números de estudantes providos de escola pública e de escola privada exclui a quantidade de estrangeiros, a

Quadro 4: Número de matrículas de alunos procedentes de escolas públicas e privadas por categorias administrativas das IES

Categoria administrativa Estudantes procedentes de escolas públicas

Estudantes procedentes de escolas privadas

Pública 1.197.741 790.896

Privada 4.417.799 1.769.683

Fonte: Censo da Educação superior de 2017 (INEP, 2018).

Quanto às matrículas por recorte étnico-racial, nas IES da esfera pública, 810.961 estudantes são autodeclarados brancos, 183.443 são autodeclarados pretos, 601.877 são autodeclarados pardos, 31.941 são autodeclarados amarelos, 13.898 são autodeclarados indígenas e 368.511 estudantes não se autodeclararam41. Nas IES da esfera privada, 2.481.624 são autodeclarados brancos, 349.164 são autodeclarados pretos, 1.555.312 são autodeclarados pardos, 101.979 são autodeclarados amarelos, 42.852 são autodeclarados indígenas e 1.679.669 estudantes não se autodeclararam42 . O quadro 5 relaciona as categorias administrativas com a matrícula por recorte étnico-racial.

Quadro 5: Matrícula por recorte étnico-racial a partir do setor público e privado.

Setor Brancos Pretos Pardos Amarelos Indígenas

Pública 810.961 183.443 601.877 31.941 13.898

Privada 2.481.624 349.164 1.555.312 101.979 42.852

Fonte: Censo da Educação Superior de 2017 (INEP, 2018).

Conforme desenvolvido na seção, o Brasil possui um diversificado sistema de instituições de ensino superior. Embora haja mais faculdades privadas, a maior concentração de matrículas é nas universidades privadas. As universidades públicas também possuem um significativo número de matrículas. Instituídos durante o octênio FHC, os centros universitários são as menores categorias tanto em números de instituições como no número de matrículas. Com relação às matrículas em todas as IES, registra-se que a maioria dos estudantes é branca, tanto na esfera pública como na privada.

41 No censo, não se dispõe a informação sobre a autodeclaração de 34.725 alunos da esfera pública. 42 No censo, não se dispõe a informação sobre a autodeclaração de 30.707 alunos da esfera privada.

Após esse breve mapeamento, cabe, agora, situar a Universidade Federal do Rio Grande do Sul nesse contexto e descrever sua estrutura organizacional.