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3 GESTÃO E CONTROLE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS BRASILEIRAS

3.3 Auditoria interna das universidades

Além dos órgãos colegiados e diretivos, citados anteriormente, as universidades possuem assessorias especiais ao reitor, quais sejam: procuradorias, unidades de auditoria interna, assuntos internacionais e comunicação, entretanto, em algumas instituições, as atribuições normalmente desempenhadas por pró-reitorias são executadas por assessorias. (PETER, 2007).

O marco de criação das auditorias internas das universidades federais foi o Decreto Federal nº 3.591, de 6 de setembro de 2000, alterado pelo Decreto nº 4.440, de 25 de outubro de 2002, conforme o art. 14, abaixo:

As entidades da Administração Pública Federal indireta deverão organizar a respectiva unidade de auditoria interna, com o suporte necessário de recursos humanos e materiais, com o objetivo de fortalecer a gestão e racionalizar as ações de controle. (BRASIL, 2002)

Por sua vez, algumas universidades federais já possuíam unidade de controle com características e atribuições de Auditoria Interna, anteriormente à imposição do referido

Decreto. Em pesquisa realizada nos sites das universidades federais, por exemplo, verificou- se que a unidade de Auditoria Interna da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciou os seus trabalhos no ano de 1974.

Conforme já comentado, porém, o Decreto nº 3.591/2000 foi o responsável por trazer essa imposição de criar as unidades de auditoria interna nas universidades, até então carentes dessa estrutura. Ademais, o grande objetivo da criação de tal unidade foi o de fortalecimento da gestão e a racionalização das ações de controle. (BRASIL, 2000)

Os trabalhos de auditoria interna na Administração Pública Federal, inserindo nesse âmbito as universidades, são realizados por unidade de auditoria interna ou por auditor interno designado para a função. A Auditoria Interna atua como assessoramento à alta administração da entidade, buscando reunir valor à gestão. A nomeação, designação ou dispensa do titular de unidade de auditoria interna deverá ser submetida pelo dirigente máximo da entidade (reitor) à aprovação do Conselho de Administração ou órgão equivalente, quando for o caso e, posteriormente, à aprovação da Controladoria-Geral da União. (BRASIL, 2014a).

A unidade de auditoria interna das universidades federais sujeita-se a orientação normativa e supervisão técnica do sistema de controle interno do Poder Executivo federal, que apoia os órgãos e unidades que o integram. Tal vinculação técnica objetiva proporcionar qualidade nos trabalhos e efetividade nos resultados da auditoria. A unidade de auditoria interna encaminha anualmente ao órgão ou unidade de controle interno a que estiver jurisdicionada, para fins de integração das ações de controle, seu plano de trabalho para o exercício subsequente. (BRASIL, 2014a).

Convém mencionar que a questão da independência da gestão nas universidades federais é um grande ponto de questionamentos, conforme preceitua o art. 15, §3° e §4° do Decreto nº 3.591/2000, o qual segue:

§ 3o A auditoria interna vincula-se ao conselho de administração ou a órgão de atribuições equivalentes. § 4o Quando a entidade da Administração Pública Federal indireta não contar com conselho de administração ou órgão equivalente, a unidade de auditoria interna será subordinada diretamente ao dirigente máximo da entidade, vedada a delegação a outra autoridade. (BRASIL, 2000a)

Essa vinculação, conforme a Instrução Normativa da Secretaria Federal de Controle - SFC nº 01, de 06 de abril de 2001, objetiva proporcionar à unidade de auditoria interna um posicionamento elevado ao ponto de realizar atividades com maior abrangência e independência. (BRASIL, 2001b)

No recente Acórdão nº 821/2014 – TCU Plenário, que trata de auditorias em sete unidades de auditoria interna das instituições federais do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, apontou que uma instituição é vinculada diretamente ao Conselho Universitário, outra ao Conselho de Curadores e as demais diretamente ao dirigente máximo. (BRASIL, 2014c)

Por fim, o Acórdão nº 821/2014 – TCU Plenário recomenda à Controladoria Geral da União (CGU) que estude o referido assunto, objetivando reestruturar a assessoria de controle interno do Ministério da Educação por meio de subunidade organizacional, assim como ocorreu com o Ministério das Relações Exteriores. (BRASIL, 2014c)

Outra questão importante para o planejamento e execução das atividades do auditor interno é o grau de autonomia e independência concedido pelo gestor, por meio do nível de acesso à informação. No momento em que o auditor interno não possuir senha de acesso a qualquer sistema utilizado na universidade, sua autonomia resta comprometida. (LINCZUK, 2012).

Consoante a Instrução Normativa nº 01/2001 da SFC, as atividades específicas das unidades de auditoria interna das entidades da Administração Indireta são as que vem:

a) acompanhamento do cumprimento das metas do Plano Plurianual no âmbito da entidade, objetivando comprovar a conformidade de sua execução;

b) assessoramento aos gestores da entidade no acompanhamento de programas do governo, focando na comprovação do nível de execução das metas, no alcance dos objetivos e na adequação do gerenciamento;

c) verificação da execução do orçamento da entidade, buscando verificar a conformidade da execução com os limites e destinações estabelecidas na legislação pertinente;

d) verificação do desempenho da gestão da entidade nos aspectos da legalidade e legitimidade dos atos, examinando os resultados quanto à economicidade, eficácia, eficiência da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, de pessoal e de sistemas administrativos operacionais;

e) orientação subsidiária aos dirigentes da entidade no que tange aos princípios e às normas de controle interno, como também na forma de prestar contas;

f) exame e emissão de parecer prévio a prestação de contas anual da entidade e de tomadas de contas especiais;

g) propor mecanismos para o exercício e adequação do controle social no âmbito de sua organização;

h) acompanhamento da implementação das recomendações expedidas por órgãos/unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e do TCU;

i) comunicar, no momento oportuno, sob pena de responsabilidade solidária, sobre fatos irregulares, que causaram dano ao Erário, à Secretaria Federal de Controle Interno, após dar conhecimento à direção da entidade esgotadas todas as medidas corretivas, no âmbito administrativo, de ressarcimento à entidade;

j) elaboração do Plano Anual de Auditoria Interna (PAINT) do exercício subsequente, como também do Relatório Anual de Atividade da Auditoria Interna (RAINT), a serem encaminhados ao órgão ou unidade de controle interno a que estiver jurisdicionada, para efeito de integração das ações de controle, de acordo com os prazos estabelecidos na Instrução Normativa CGU n° 07/2006 (alterada pela IN CGU nº 09/2007);

k) verificação da consistência e fidedignidade dos dados e informações que irão compor as contas do Presidente da República no Balanço Geral da União/BGU; e l) testar se os atos de aposentadoria, pensão e admissão de pessoal estão consistentes. (BRASIL, 2001b).

Vale ressaltar que a Instrução Normativa SFC n° 1, de 03 de janeiro de 2007, estabelece informações sobre o conteúdo do PAINT e do RAINT. O PAINT é composto das ações e diretrizes propostas para o exercício subsequente. É o instrumento que contempla o planejamento das atividades das unidades de auditoria interna das entidades da Administração Indireta do Poder Executivo Federal, abordando tanto as ações de auditoria como as de desenvolvimento institucional e de capacitação. (BRASIL, 2014a).

Além do PAINT, há também a necessidade de encaminhamento às unidades de controle, no final de janeiro, do RAINT que traz o relato das atividades de auditoria interna, tanto as planejadas no PAINT do exercício anterior quanto das ações críticas ou não planejadas que necessitaram da atuação da unidade de auditoria. (BRASIL, 2014a).

Ante o exposto, a importância da auditoria interna na gestão exige elevado grau de especialização do quadro de auditores, de uma equipe com visão multidisciplinar, com atuação coordenada, cuja finalidade básica é de assessoramento da administração, bem como o exame e avaliação dos seguintes aspectos.

a) controles adequados e eficientes;

c) estabelecimento e utilização de sistemas íntegros e confiáveis para assegurar a observância das políticas, metas, planos, procedimentos, leis, normas e regulamentos;

d) eficiência, eficácia e economicidade no desempenho e utilização dos recursos, bem como nos procedimentos e métodos de salvaguardas dos ativos e comprovação de sua existência, como também na exatidão de ativos e passivos; e) operações e programas compatíveis com os objetivos, planos e meios de

execução estabelecidos; e

f) mensuração dos problemas e riscos em conjunto com as respectivas opções de solução. (BRASIL, 2014a)

Outrossim, boas práticas sugeridas pelo TCU aos órgãos e entidades da Administração Pública que se aplicam às universidades são as seguintes:

Estabelecer a função de auditoria interna.

Envolve definir o propósito, autoridade e responsabilidade da auditoria interna em estatuto que estabeleça a sua posição dentro da organização, autorize acesso aos recursos organizacionais necessários ao desempenho dos seus trabalhos e defina o escopo de suas atividades. Implica, ainda, a implantação da função de auditoria, resultando na produção de relatórios relevantes destinados às instâncias internas de governança.

Prover condições para que a auditoria interna seja independente e proficiente. Requer que a auditoria interna se reporte funcionalmente à mais alta instância interna de governança e, administrativamente, à alta administração. Envolve, ainda, definir diretrizes para o tratamento de conflitos de interesse na função de auditoria interna e identificar competências necessárias ao desempenho de suas responsabilidades, provendo condições para que os auditores internos possuam, coletivamente, as competências identificadas.

Assegurar que a auditoria interna adicione valor à organização.

Relaciona-se com definir diretrizes para que a função de auditoria interna contribua para a melhoria dos processos de governança, de gestão e de gerenciamento de riscos e controles, assim como diretrizes para o planejamento dos trabalhos, aprovando plano de auditoria interna, com base nos objetivos e metas vigentes. Pressupõe executar os trabalhos de auditoria interna em conformidade com as diretrizes e os planos definidos e avaliar o desempenho da função de auditoria interna, implementando medidas visando seu aprimoramento sempre que necessário. (BRASIL, 2014d)

Em razão do exposto, percebe-se o momento de expansão da função da Auditoria Interna, que faz a avaliação, não somente, dos processos de controle, como também do processo da gestão de risco e governança da organização. (BRASIL, 2014d). Ante o exposto, se torna oportuno, por conseguinte, fazer a explanação da metodologia da pesquisa, a qual se encontra na seção seguinte.