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Augusto Borges de Medeiros, o Herdeiro

No documento 2013Amanda Siqueira da Silva (páginas 109-112)

CAPÍTULO III: A TRAJETÓRIA DAS LIDERANÇAS DA BRIGADA MILITAR

3.3. Augusto Borges de Medeiros, o Herdeiro

Em 1895 recebeu de Castilhos a incumbência de comandar a Polícia do Estado como Chefe, neste tempo “o jovem advogado gozava da confiança do líder republicano; lembremos a importância que para o regime castilhista tinham os cargos relacionados

com a segurança pública” 200

.

200

109 Da sua personalidade destacava-se a moralidade, o que foi bastante admirado por Castilhos e um dos fatores que levou que fosse o sucessor escolhido, João Neves da Fontoura já dizia:

Acima do que deixou – e foi imenso! – a característica dos governos do Sr. Borges de Medeiros residiu principalmente no sentido moral, com que administrou o Rio Grande, onde criou e manteve um padrão de decência, de limpeza, de retidão, de autêntica moral política [...] 201.

Esta característica de Borges ficou evidente no final de sua vida, onde morreu modestamente, sem ter acumulado bens financeiros. Em 1898 assumiu a presidência do Rio Grande do Sul, sendo em 1903 reeleito por indicação direta de Castilhos e com a morte do grande líder, também passou a ser a principal liderança do partido.

Ao sair da presidência do Rio Grande do Sul em 1908, sendo substituído por outro republicano, ficou no comando do PRR e nos mandatos seguintes de 1913 até 1928 reelegeu-se sucessivamente, o que propiciou descontentamentos entre os opositores do Castilhismo e que levou à revolta de 1923, Rodriguez salienta que Borges conseguiu se manter no poder, “graças ao auxilio da Brigada Militar e dos Corpos

Provisórios, que atuaram com perfeita fidelidade às diretrizes por ele traçadas” 202.

Borges se destacou nos apoios aos presidentes nacionais durante as revoltas tenentistas, já que este mandava a BM em defesa dos governantes. Era recordado pela força militar com muito respeito devido às atenções e investimentos que fazia nesta, como salientou o comandante geral Claudino Nunes, ao frisar que “o eminente presidente do Estado a quem devia a melhor parte do sucesso da sua administração pelo

honroso apoio e confiança que lhe dispensava” 203

.

No ano de 1928 quando Borges estava para entregar a Presidência do estado, o comando geral da Brigada Militar, na figura do coronel Claudino Nunes Pereira,

201

FONTOURA, João Neves da. Borges de Medeiros e seu tempo. 1º volume. Porto Alegre: Globo, 1958, p. 02.

202

RODRIGUEZ, op. cit., p. 59.

203

Pindorama. Brigada Militar: o 2º aniversário do comando do Sr. Coronel Claudino

110 juntamente com a oficialidade da capital e todos os comandantes de unidades da força, se dirigiram para o Palácio para prestar-lhe homenagens.

Em obediência a preceito constitucional V. Ex.ª dentro de poucos dias, isto é, a 25 do corrente mês, passará às mãos do seu ilustre sucessor a presidência do Estado.

Por tal motivo, a Brigada Militar presta a V. Ex.ª suas melhores homenagens.

Não é possível nos estreitos limites destas páginas mencionar, em todos os detalhes, os empreendimentos de vulto, a ação devotada e insuperável do governo de V. Ex.ª, consagrado com justiça, como benemérito pela clarividência, grande descortino e patriotismo com que foi realizado.

V. Ex.ª na sua longa jornada pública, devotou-se, inteiramente, ao serviço do Rio Grande e da República [...] Com relação à Brigada Militar, V. Ex.ª tem sido mais que o chefe e guia superior – o amigo carinhoso e interessado pelo seu bem estar e pelo seu progresso.

V. Ex.ª nunca regateou medidas que visassem a sua melhora material e moral: dotou-a de quartéis, instalações e aparelhamento moderno; proporcionou meios para o preparo intelectual e profissional dos seus oficiais e inferiores, o que tem cooperado grandemente para a eficiência dos quadros e da tropa; dotou-a de regulamentos administrativos e técnicos que orientam seguramente a sua administração e instrução; regulou, com justiça, vários assuntos importantes que, a cada passo, surgiam, dada a evolução da força, mormente a parte relativa à promoções de oficiais, problema delicado, que tem sido atendido com acerto e a contento.

Sempre a Brigada Militar encontrou no governo de V. Ex.ª boa vontade e o melhor apreço.

[...] Neste momento em que as armas estaduais se [...] para prestar as contingências do estilo ao novo e ilustre chefe do Estado, perpassava, em cada soldado da Brigada Militar, um tremido de emoção, traduzindo num sentimento expressivo o eloquente de saudade e de imperecível gratidão ao eminente varão encanecido na ingente obra do governo, ao seu grande, dileto e respeitável amigo, que desce as escadas do Palácio cada vez mais engrandecido e prestigiado pela opinião pública do Rio Grande e do País. 204

Quando se iniciou os preparativos para a Revolução de 1930, apesar de não concordar com a execução desta ação e ser levado a aderir devido às pressões exercidas pela ala jovem do PRR, que tinha como destaque Getúlio Vargas, Borges participou e empregou as fileiras da BM ao ato revolucionário. Ao apoiar a Revolta de 1932 em São Paulo marcou a dissolução do PRR e consequentemente seu domínio sobre o Rio Grande do Sul. Conseguiu se eleger para a Assembleia Constituinte em 1933 e 1934.

204

Pindorama. A homenagem da oficialidade da Brigada Militar ao Dr. Borges de

111 Porém em 1937 com a instauração do Estado Novo, teve seu mandato na Assembleia anulado, fato que praticamente encerrou sua vida política, como nos coloca Rodriguez.

Ainda tentou restaurar o PRR em 1945, entretanto não obteve sucesso, o que o levou a abrigar-se na UDN. Morreu aos 97 anos de idade em 1961.

Túmulo de Augusto Borges de Medeiros no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia em Porto Alegre. Este jazigo pertence à família Dr. Sinval Saldanha. Podemos verificar que não recebeu a mesma pompa que Castilhos, já que quando morreu, já eram outros tempos políticos. A simplicidade de seu túmulo passou a justificar o mito de Borges: aquele que não enriqueceu por estar à frente do poder público e morreu na pobreza. Um exemplo de homem público.

Fonte: Arquivo da autora.

No documento 2013Amanda Siqueira da Silva (páginas 109-112)

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