• Nenhum resultado encontrado

Autópsias Minimamente Invasivas

No documento Virtópsia e sua aplicabilidade em Portugal (páginas 87-90)

Século XX Consolidação e Declínio da Realização da Autópsia

3.3 Virtópsia

3.7.3 Autópsias Minimamente Invasivas

3.7.3.1 Captação de Imagens

Como já referido acima, no Reino Unido as autópsias convencionais são realizadas dentro das instalações do NHS ou em centros médico-legais.

Nos casos de desastres em massa, em que estão envolvidas muitas vítimas, os exames post-mortem podem ser realizados em mortuárias temporárias ou de campanha.

Quando se trata de autópsias minimamente invasivas, as imagens dos cadáveres, em Inglaterra, são captadas durante a noite (geralmente de madrugada ou ao início da noite, no período entre as 20h e as 7h) ou ao fim de semana com scanners estáticos que se encontram dentro das instalações do NHS, ou são captadas em scanners privados que se encontram em serviços nacionais de imagens post-mortem – tal como o iGene. Estes serviços são exclusivos para cadáveres (Anexo 3).

É importante salientar que atualmente, no Reino Unido, há apenas um número reduzido de centros onde é possível a realização de autópsias minimamente invasivas (Maskell, G., Wells, 2012).

3.7.3.2 Armazenamento de Dados de Imagem

Existem dois sistemas conhecidos no Reino Unido para o armazenamento de dados (NHS et al., 2012):

i. Armazenamento local, como discos rígidos portáteis ou imagens gravadas em CD (Compact Disc – disco compacto) ou DVD (Digital Vídeo Disc – disco de vídeo digital). Isso permite que as imagens sejam visualizadas usando o

software de visualização DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine – Imagem Digital e Comunicação em Medicina) autônomo ou

carregadas em estações de trabalho de imagem local.

ii. Armazenamento no sistema de arquivamento e comunicação de imagens de hospital - PACS (picture archiving and communication system). Isso fornece um armazenamento de dados local com a capacidade de exibir as imagens nas estações de trabalho radiológicas dedicadas ou terminais de visualização.

62 DESENVOLVIMENTO

Virtópsia e sua aplicabilidade em Portugal Mara Santos

O sistema FiMag foi desenvolvido em conjunto para o armazenamento e distribuição de imagens transversais dos cadáveres resultantes de um incidente de mortes em massa. Este sistema está disponível na Inglaterra como um repositório seguro dedicado a imagens de cadáveres (NHS et al., 2012).

3.7.3.3 Profissionais

Atualmente dentro do NHS, é um técnico de radiologia que executa a imagem a um cadáver e dependendo de qual parte do país o exame é realizado, as imagens são posteriormente relatadas por um radiologista ou um patologista forense.

Não existe qualquer treino especializado para realizar relatórios ou interpretação de imagens transversais post-mortem por parte dos radiologistas e patologistas. No entanto, os radiologistas em Oxford, Manchester e Leicester, bem como os patologistas forenses em Leicester, ganharam experiência ao longo do tempo através da comparação da imagem transversal post-mortem com os resultados dos exames de autópsia subsequentes (Maskell, G., Wells, 2012).

A maioria, mas não todos os casos submetidos a varredura têm um exame externo do corpo antes do exame. Em Londres, Oxford e East Midlands isso é realizado por um patologista em todos os casos. Em Manchester há uma variação comparado com os anteriores, pois na prática não recorrem ao exame externo antes da varredura (NHS et al., 2012).

3.7.3.4 Treinamento

Existem dois Royal Colleges envolvidos na formação e obtenção de normas para os médicos envolvidos na autópsia convencional e autópsia minimamente invasiva no Reino Unido. Perante a lei, estes médicos devem obter a aprovação GMC (General Medical

Council). Os colégios envolvidos são (NHS et al., 2012):

i. The Royal College of Pathologists (RCPath). Todos os médicos qualificados do

NHS que desejam realizar a prática de autópsia como consultores de histopatologia ou patologistas forenses devem dirigir a sua formação para a prática forense. No

âmbito do colégio não existe nenhuma subespecialidade puramente para imagens relacionadas com autópsias.

ii. The Royal College of Radiologists (RCR). Todos os médicos qualificados do NHS

com prática como consultor de radiologia devem obter aprovação do RCR com treinamento e exame definido dentro do GMC. Até à data, não existe nenhum subgrupo dentro do RCR para a realização de autópsias baseadas em imagens e também não existe nenhum treinamento ou exame específico para tal.

No Reino Unido, a Sociedade e o Colégio de Radiologistas, o Conselho de Profissões de Saúde e Cuidados (HCPC), a Associação de Técnicos de Anatomia Patológica e o Conselho de Registo Voluntário de Cientistas de Saúde fornecem os padrões e treinamento para estes dois grupos profissionais. A Associação Internacional de Radiologistas Forenses fornece treinamento a radiologistas para a obtenção e interpretação de imagens no caso de mortes em massa (Maskell, G., Wells, 2012).

Ou seja, não existem certificados especiais para a prática das virtópsias para os patologistas e radiologistas no Reino Unido.

3.7.3.5 Auditoria e Garantia de Qualidade Externa

Até à data, não existe nenhuma forma de auditoria ou sistema externo de garantia de qualidade para os que estão atualmente envolvidos na imagiologia post-mortem. Os arranjos locais podem ser implementados sob a forma de reuniões de equipa multidisciplinar onde radiologistas, patologistas e outros profissionais envolvidos se reúnem regularmente para discutir a TC e a RM e compará-las aos achados da autópsia (Maskell, G., Wells, 2012).

3.7.3.6 Custo do Serviço

O custo do uso de um necrotério do NHS para o armazenamento do corpo e os exames post-mortem incluindo a autópsia, é pago pelo Conselho Local através do serviço do Coroner em Inglaterra e País de Gales. Na Escócia, o Procurador Fiscal tem contratos

64 DESENVOLVIMENTO

Virtópsia e sua aplicabilidade em Portugal Mara Santos

com os provedores de autópsia e incluem os serviços da morgue e patologia (NHS et al., 2012).

Os custos dos serviços dos centros médico-legais variam em toda a Inglaterra e País de Gales, ou seja, os custos dos serviços de imagem variam de acordo com a localização. O pagamento pode ser efetuado por:

O Conselho Local através do serviço do Coroner.

 A polícia - para investigações de homicídio e de morte suspeita.

 O público em geral como tipificado pelo serviço de Manchester.

Como se pode verificar mais concretamente, o custo do serviço e a pessoa que paga o serviço varia consoante a área geográfica envolvida, alguns dos exemplos são (NHS et al., 2012):

i. Em Londres, o custo para a realização de um exame de TC-PM foi dado como £ 250. Isso é pago pelo serviço do Coroner.

ii. Em Manchester, o custo para a realização de um exame de TC-PM foi dado como £ 600, enquanto que para a RM-PM o custo varia entre £ 995 e £ 1350, dependendo do número de áreas do corpo examinadas. Sendo o valor suportado pelos parentes do falecido.

iii. Em Leicester, o custo de uma TC-PM é £ 350, que é pago pela força policial investigadora.

iv. Em Derby, o custo de uma TC-PM é £ 800, que é pago pela força policial investigadora.

v. Em Chesterfield, o custo de uma TC-PM é £ 500, que é pago pela força policial investigadora.

No documento Virtópsia e sua aplicabilidade em Portugal (páginas 87-90)