• Nenhum resultado encontrado

ALUNOS CONCEITOS

3.5 AUTO-AVALIAÇÃO DO PROJETO COPÉRNICO

Terminada a aplicação das atividades ao final das quatro aulas, a pesquisadora aplicou um questionário (o mesmo do Projeto Pitágoras) de avaliação do projeto, o qual foi respondido numa entrevista individual com Laura e Renata. As questões foram:

 Quais as contribuições/mudanças que o projeto desenvolvido trouxe para a sua (ou futura) prática docente?

 Quais as carências que você identifica na sua (ou futura) prática docente e que gostaria de superar?

 De que maneira você enxerga, avalia o CABRI-GEOMETRE no ensino de Geometria?

 Quais as perspectivas para a continuação do trabalho com o CABRI- GEOMETRE?

Ao analisarmos as contribuições e mudanças proporcionadas pelo Projeto Copérnico, as duas apontaram a importância de o professor estar sempre estudando no momento de elaborar atividades e de levar em conta o aluno que irá fazer a atividade. Laura diz que se sente mais segura após o projeto e Renata ressalta que os alunos relacionaram os temas trabalhados no CABRI- GEOMETRE com os da sala de aula:

“Eu acho que contribuiu fundamentalmente para que eu tenha certeza de que é possível, sabe porque você estuda CABRI- GEOMETRE, você mexe, tem alguma experiência, mas como é a coisa concreta, como é elaborar atividades, como são essas atividades, eu tenho um corpo na minha cabeça formado, não importa qual vai ser o assunto, no que vai tratar, eu sei que eu vou ter que preparar vários exercícios, várias atividades, que serão alteradas, sem medo, eu tinha medo, como vai ser lá na sala de aula, como os alunos vão reagir....Deu pra perceber que você puxa o aluno pra você....Uma coisa que a gente tem que ter a preocupação

é de na hora de preparar a atividade, de maneira geral, ter o objetivo que a gente quer chegar muito bem concretizado, e constantemente estar sempre estudando muito...Quando você prepara uma atividade, você está muito mais comprometida do que quando você reproduz...A gente acaba percebendo que a responsabilidade é muito maior do que a gente imagina.” (Laura)

“Eu acho que o professor tem que estar constantemente estudando, ele tem que estar ligado, diretamente com a turma... Quanto ao CABRI-GEOMETRE, eu achei que ficou uma ligação, eles (os alunos) toda hora puxavam o CABRI-GEOMETRE na sala de aula, e achei que dá pra ter resultados ótimos com o CABRI-GEOMETRE, dependendo da atividade que você elabora.” (Renata)

Percebemos que tanto Laura como Renata expressam a necessidade de uma prática pedagógica reflexiva, que vai sendo construída durante a ação. A observação, a reflexão sobre a prática e a reformulação constante das propostas de trabalho são essenciais para o desenvolvimento de uma prática reflexiva. Schön (1997, pp. 90-91) salienta a importância da compreensão da matéria pelo aluno, a interação interpessoal entre o professor e o aluno como dimensões da reflexão sobre a prática.

Quanto às carências, elas dizem que necessitam dar continuidade à prática iniciada, desenvolver novas atividades, aplicá-las, analisá-las e refletir sobre seus resultados, reformulando-as permanentemente:

“Com respeito às próprias atividades, seria um refinamento das atividades, e isso, é só com o tempo mesmo, e com a prática, a gente vai adquirindo aquele “feeling”, aquela sensibilidade de saber isso é mais importante, isso não, isso eu tiro, sabe, e isso de tirar e colocar alguma coisa, também depende do grupo que você está trabalhando.” (Laura)

“Acho que é continuar estudando e com CABRI-GEOMETRE eu acho que é mais a minha prática mesmo, eu acho que eu tenho que ter mais prática com ele, e tem que experimentar agora, fazer atividades, ir colocando, experimentando, pra ver, e reformulando.” (Renata)

Alonso (1999, pp. 44-45) ressalta que o pensamento e a reflexão parecem constituir elementos fundamentais que podem ajudar o professor no enfrentamento de seus problemas diários. Refletindo sobre o próprio trabalho e confrontando-o com os resultados da aprendizagem, o professor vai compreendendo melhor sua prática e tornando-se crítico de si mesmo.

Com relação ao software CABRI-GEOMETRE, ambas o reconhecem como uma ferramenta que pode trazer contribuições para o processo de ensino- aprendizagem:

“Eu acho que o CABRI-GEOMETRE é uma forma de ganhar a atenção do aluno...Eu acho que o CABRI-GEOMETRE faz com que as propriedades geométricas tenham razão de ser... Os alunos são outros, muito mais atirados, que buscam, exigem mais, questionam

mais, querem saber o porquê e acho que o CABRI-GEOMETRE nos ajuda a dizer.” (Laura)

“Eu vejo ele hoje como uma ferramenta muito boa, que me ajuda muito, que tudo que eu vou lá ver nele, que eu consigo aprender mesmo, eu sei que fica pra mim, eu acredito muito, é uma ferramenta. Também não faço uma ilusão como se o CABRI- GEOMETRE fosse algo, sabe, uma coisa muito genial, é uma coisa muito legal... porque ele no fundo, no fundo, é uma tela ali, que está ali pra você trazer conceitos, idéias, pra você mexer.” (Renata)

Quanto às perspectivas futuras, elas pretendem ter oportunidade de utilizar o software CABRI-GEOMETRE em suas escolas e acreditam ter condições de incorporá-lo à prática pedagógica, ressaltando a necessidade de um planejamento adequado para sua introdução.

Laura: “Vai ser bastante frustrante eu ficar olhando alguém dando um desenho geométrico no papel, vai ser horrível, e principalmente se eu tenho convicções de fazer uma coisa legal... O projeto de Iniciação Científica não seria o mesmo (se não tivesse a parte prática) porque eu teria continuado com aquela idéia, será que é possível aplicar o CABRI-GEOMETRE.”

Renata: “Eu quero mesmo poder continuar estudando a Matemática... O CABRI-GEOMETRE assim que der, vamos colocar lá no colégio, mas eu quero antes fazer um ano, pra eu treinar direitinho, de experimentação, nada que seja ainda certo, com uma turma só lá, fazer um planejamento legal, pegar pelo menos um seis

meses antes, pra eu fazer umas atividades, experimentar, eu mesma sozinha, talvez com a Laura, mas eu tenho intenção de colocar lá.”