• Nenhum resultado encontrado

O farmacêutico tem o dever de assegurar a máxima qualidade nos serviços que presta, uma vez que são muitas as vezes em que os doentes procuram a farmácia em primeira instância para resolverem os seus problemas de saúde, nomeadamente no que se refere a patologias caraterizadas por sintomas ligeiros e em situações agudas. Neste contexto, a indicação farmacêutica é uma vertente fundamental no papel que o farmacêutico desempenha na sociedade, sendo certo que a qualidade dos cuidados que presta é condicionada, de forma determinante, pelos seus conhecimentos e por uma correta e minuciosa análise dos sintomas e patologias que o doente apresenta. Assim, de acordo com as BPF para a farmácia comunitária, o farmacêutico é o responsável pela seleção de um MNSRM e/ou indicação de medidas não farmacológicas, com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde considerado como transtorno menor, não grave, autolimitante, de curta duração e que não apresenta relação com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente. [31]; [32] No entanto, é de extrema relevância promover o uso racional dos medicamentos, com o intuito de não mascarar sintomas de situações mais complicadas, dificultar o diagnóstico de outras patologias ou atrasar as respetivas soluções terapêuticas, favorecer o aparecimento de reações adversas e de interações medicamentosas. Adicionalmente, deve-se sempre avaliar as vantagens económicas e a relação benefício-risco aquando da cedência da medicação, especialmente perante populações de risco, como grávidas, mulheres a amamentar, latentes, crianças, idosos e doentes com patologias crónicas.

Todas as situações de indicação farmacêutica assentam no uso racional dos medicamentos e na melhoria do estado de saúde do doente. Com efeito, o farmacêutico deve

22 seguir um protocolo de indicação farmacêutica constituído, de forma genérica, por entrevista ao doente, avaliação da situação, intervenção farmacêutica, seguimento e avaliação dos resultados clínicos.

Na entrevista ao doente, o farmacêutico deve conduzir todo o diálogo com o intuito de recolher informação relevante para avaliar o estado de saúde do doente. Entre os dados mais importantes a recolher encontram-se a idade, os sintomas, a sua duração, persistência e localização, a existência de outros sintomas/situações associados ao problema de saúde que motivou a consulta ao farmacêutico, outras patologias associadas, medicamentos que o doente tome e hábitos de vida relevantes, como sedentarismo, beber e fumar.

Posteriormente, procede-se à avaliação de toda a sintomatologia e identificação do problema de saúde que está a preocupar o doente. Neste sentido, a intervenção farmacêutica deve ser estruturada e adaptada a cada situação, por forma a intervir eficazmente no aconselhamento e acompanhamento do doente. O farmacêutico pode indicar uma terapêutica farmacológica, determinadas medidas não farmacológicas ou, em casos mais complexos, encaminhar o doente para o médico.

Quando a decisão passa por indicar uma terapêutica farmacológica (MNSRM) esta deve ser adaptada às caraterísticas do doente em causa, tendo sempre em conta possíveis alergias medicamentosas, doenças já diagnosticadas e medicamentos que já esteja a tomar. O farmacêutico deve sempre optar por medicamentos com apenas um princípio ativo e embalagens de pequenas dimensões, para evitar a automedicação descontrolada. Adicionalmente, o doente deve ser informado acerca da finalidade do tratamento, a sua duração e qual a posologia a seguir. O farmacêutico deve facultar toda a informação relevante, já que todo o processo de indicação farmacêutica é da sua responsabilidade. O aconselhamento de medidas não farmacológicas, associadas à terapêutica medicamentosa, são de capital importância, podendo ser suficientes para melhorar o estado de saúde do doente que apresenta transtornos menores.

O doente deve ser informado da finalidade pretendida com a intervenção instituída e alertado para a necessidade de recorrer ao médico caso a situação não melhore.

A intervenção farmacêutica é, assim, uma prática profissional que requer o cumprimento da metodologia supracitada, com o intuito de agir com profissionalismo e homogeneidade na melhoria da saúde dos utentes.

Durante a prática profissional, o farmacêutico depara-se com diversas situações que requerem uma indicação farmacêutica. No decorrer do estágio, foram muitos os doentes que se dirigiram à farmácia com sintomas de rinorreia e obstipação.

As queixas de «pingo no nariz» (rinorreia) eram frequentes, na maioria das vezes ainda não tinham tomado qualquer medicação e era o único sintoma. Nestes casos indicava o

Telfast® para o alívio dos sintomas associados à rinorreia e uma água do mar (como o Rhinomer®) para uma limpeza eficaz do nariz e consequente, melhoria da respiração.

O número de indivíduos que recorriam à farmácia a solicitar um laxante foi também muito frequente, grande parte devido ao stress do dia-a-dia, à dieta pobre em fibras e vegetais, à

23 ingestão de poucos líquidos e à adoção de um estilo de vida sedentário. Deste modo, o farmacêutico deve saber há quanto tempo o doente se encontra obstipado, se a toma de laxantes é habitual, qual a frequência com que costuma defecar, se possui alguma doença diagnosticada, quais os medicamentos que toma habitualmente e qual o seu estilo de vida. A título de exemplo, recordo-me de uma cliente jovem que se encontrava obstipada há alguns dias. Neste sentido, aconselhei efetuar um microclister, como o Microlax®, para alívio imediato, seguindo-se a toma do laxante expansor de volume nos dias seguintes, como o Agiolax®, porque possui uma ação semelhante ao mecanismo fisiológico. Para além de ter informado a cliente da posologia, aconselhei algumas medidas não farmacológicas tais, como dieta rica em fibras, ingestão de muitos líquidos e prática de exercício físico.

Documentos relacionados