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Autonomia e protagonismo – O papel dos estados no processo de coordenação federativa do

CAPÍTULO 4 – A COORDENAÇÃO FEDERATIVA NO BRASIL PROFISSIONALIZADO

4.5. Autonomia e protagonismo – O papel dos estados no processo de coordenação federativa do

A pesquisa junto aos gestores nacionais do PBP demonstra a força da articulação dos estados junto à gestão nacional do Programa. Para além da adesão e da implementação das metas acordadas, a existência de um fórum de articulação entre os estados serviu para direcionar as medidas que caracterizaram o programa ao longo dos últimos 6 anos.

O trecho a seguir revela a compreensão do MEC diante dos estados no processo de implementação do PBP: “a gente está aqui para colaborar, mas a iniciativa, num programa como esse, é do estado, na verdade, é do estado.” (Entrevistado 2).

O processo de formulação, identificado pelos documentos e pelas falas de gestores, foi influenciado de maneira decisiva pelos estados. Na proposta inicial do MEC para os estados, no PNE, “triplicar vagas nas redes estaduais por meio da educação a distância” e a implementação de um programa que oferece prédios e laboratórios para escolas estaduais que são geridas de modo autônomo pelos estados parece haver um processo de reconstrução da política com base nos interesses estaduais.

O processo de implementação da política, nesse sentido, pode ser considerado bottom

up, corroborado pelo fato de que são as propostas dos estados que dão corpo à oferta inicial de

fortalecimento da educação profissional proposta pelo MEC. Essa definição está amparada também nos depoimentos dos gestores nacionais do PBP, conforme trecho a seguir:

“No fundo nós estamos discutindo de que forma o Governo Federal poderá amparar os estados na sua expansão. E acho que a expansão do Ensino Técnico, sobretudo pelos estados, ela é crucial para a meta do PNE.”

(Entrevistado 1)

E ainda:

“a gente está aqui para colaborar, mas a iniciativa, num programa como esse é do estado, na verdade, é do estado.”

(Entrevistado 2)

O fato de ser uma política implementada de baixo para cima, do ponto de vista da autonomia dos entes subnacionais na implementação da política, fez com que alguns estados

participassem de maneira mais ativa do PBP. Segundo o MEC, a presença e o tamanho do programa nos diferentes estados foram conformados a partir da demanda dos estados.

“é difícil dizer: - o estado por ter tantas pessoas deveria ter tantas escolas. O estado precisa dizer: - eu consigo puxar tantas escolas; -eu consigo contratar professores para tantas escolas. Então, se a gente pegar na origem do programa - isso é uma coisa que vale a pena destacar - 50% do Brasil Profissionalizado é o Nordeste do Brasil; tanto em recurso quanto em obra. São os estados que mais demandaram, são os maiores investimentos… Acho que foi onde houve maior busca por essa ação.”

(Entrevistado 1)

Uma explicação possível para o protagonismo dos estados nas diferentes fases do Programa Brasil Profissionalizado pode estar na articulação horizontal entre os estados, que se dá por meio do Fórum de Gestores Estaduais de Educação Profissional e Tecnológica e possibilita amplificar a força da presença estadual na política pelo estabelecimento de consensos entre esses entes subnacionais. A presença do Fórum é intensa nos assuntos relativos ao relacionamento com o MEC. Conforme depoimento oral,

“Ele se relaciona antes do programa, durante e segue, onde os gestores se reúnem, com ou sem a presença do Ministério, com independência, e lá discutem as políticas do Ministério, incluindo aí o Brasil Profissionalizado.”

(Entrevistado 2)

A influência da União em torno das propostas aprovadas para o programa foi questionada aos gestores estaduais da política que, em nenhum caso, afirmaram a prevalência da opinião da União nas decisões relativas aos investimentos possibilitados pelo PBP. Nesse sentido, a existência de negociação entre os entes em torno das definições pode estar relacionada ao atendimento dos critérios técnicos e de prioridade estabelecidos para essa aprovação por parte do MEC. A visão dos gestores estaduais do PBP em relação à influência da União em torno das decisões foi questionada em relação a três aspectos: a) influência da União em relação aos municípios apresentados pelos estados para a construção de escolas- modelo do PBP; b) influência da União em relação aos tipos de laboratórios solicitados pelos estados e c) influência da União em torno das decisões relativas aos terrenos para a construção das escolas. Os resultados mostram variações entre a influência da União em relação a cada um desses aspectos em cada um dos estados. Ou seja, gestores que afirmaram a negociação entre os entes em relação a um dos aspectos manifestaram não haver influência da União em relação a outros aspectos investigados; e o contrário também foi verificado.

Os resultados consolidados a seguir apresentam as respostas agrupadas pelo tema que motivou a pergunta. Em relação à definição dos municípios a serem contemplados para a construção de escolas do programa, temos que, conforme gráfico a seguir (Gráfico 5), 60% dos gestores afirmam que não houve influência da União em torno dessa decisão. O restante dos gestores afirmou que essa decisão foi negociada com a União.

Gráfico 5 – Influência da União na decisão sobre os municípios a serem contemplados com escolas do PBP

Fonte: Questionário Aplicado aos gestores estaduais do PBP – Elaboração: Própria

Sobre a influência da União em torno dos tipos de laboratórios, o resultado apresentado foi semelhante. Oito dos 15 gestores que participaram da pesquisa também afirmaram que a União não influenciou a decisão sobre essa questão dos estados, conforme tabela abaixo

(Tabela 6):

60% 40%

0%

Houve influência da União na decisão sobre os municípios a serem contempladas com escolas do PBP?

Não influenciou.

Influenciou razoavelmente. Houve negociação entre a Secretaria e o MEC.

Influenciou completamente. O MEC sugeriu alterações que foram acatadas integralmente pelo Estado.

Tabela 6 – Influência da União na decisão sobre os tipos de laboratórios do PBP a serem instalados nos estados

Fonte: Questionário Aplicado aos gestores estaduais do PBP / Elaboração: Própria

Em relação à influência da União em torno dos terrenos onde seriam instaladas as escolas proporcionadas a partir do PBP, decisão de responsabilidade dos entes subnacionais nesse contexto, percentualmente, temos a mesma resposta por parte dos estados, mudando apenas os estados que responderam neste ou no outro item, que não foram influenciados pela União, com a manutenção de pequena vantagem para a resposta de que as decisões partiram dos estados e não foram influenciadas pela União, conforme gráfico abaixo (Gráfico 6).

Gráfico 6 – Influência da União em relação aos terrenos onde serão instaladas as escolas a partir do PBP

Fonte: Questionário Aplicado aos gestores estaduais do PBP / Elaboração: Própria

8 7 0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Não influenciou. Influenciou razoavelmente. Houve negociação entre a

Secretaria e o MEC.

Influenciou completamente. O MEC sugeriu alterações que foram acatadas integralmente pelo Estado.

Houve influência da União na decisão sobre quais os tipos de laboratório do PBP que seriam instalados em seu estado?!

53% 47%

0%

Houve influência da União em relação à decisão dos locais/terrenos em que seriam instaladas as escolas do PBP?

Não influenciou.

Influenciou razoavelmente. Houve negociação entre a Secretaria e o MEC.

Influenciou completamente. O MEC sugeriu alterações que foram acatadas integralmente pelo Estado.