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CAPÍTULO I. ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL

2.4. Avaliação Aferida de Larga Escala no Ensino Básico em São Tomé e

A aplicação da Avaliação Aferida de Larga Escala no Ensino Básico AALEB em S. Tomé e Príncipe contou com uma abordagem quantitativa/empírica que consiste em medir as aprendizagens escolares dos alunos e também recolher informação sobre diversas variáveis que caracterizam a variedade das condições materiais e organizacionais em que estes alunos são escolarizados.

Este processo enquadra-se no tipo de abordagens “quantitativas/empíricas” que tentam medir os principais resultados educativos obtidos, assim como outros parâmetros relacionados com a organização e o funcionamento dos sistemas de ensino e analisar as ligações (correlações, coincidências) entre os resultados e as variáveis características desses sistemas.

Portanto, esta avaliação pretende medir as aprendizagens dos alunos em três níveis de ensino (2.ª, 4.ª e 6.ª classes), nos domínios da Língua Portuguesa e Matemática, bem como encontrar os factores explicativos deste desempenho.

De acordo com o Relatório dos resultados da Avaliação Aferida de Larga Escala no Ensino Básico (2.ª, 4.ª e 6.ª classes), a primeira etapa deste processo consistiu na elaboração dos instrumentos da avaliação que partiu da análise de documentos oficiais, em termos dos curricula que o Estado coloca à disposição dos professores e, por outro lado, como estes últimos os entenderam e implementaram nas salas de aulas para circunscrever o que é prioritário e fundamental, para proceder às aprendizagens.

Este modelo de análise é baseado nas indicações da Associação Internacional de Avaliação do Desempenho Académico (AIE) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Conforme referido no relatório da Avaliação Aferida de larga escala do Ensino Básico (2015-2016, p. 18), “o mesmo exige uma tripla análise: em primeiro lugar, a análise dos curricula oficiais, seguir a análise dos curricula implementados e depois a análise dos curricula realizados.” Esta tripla análise permitiu seleccionar um Quadro de Referência de Avaliação Para Aprendizagens Escolares nos dois domínios de Língua Portuguesa e Matemática para os três níveis de ensino. Numa segunda etapa, procedeu-se à produção e validação do banco de itens com perguntas que fariam parte da prova a ser aplicada aos alunos. A concepção dos objectivos prioritários de avaliação teve a participação dos professores e supervisores do

38 Ensino Básico, ficando definidos para os alunos da 2.ª, 4.ª e 6.ª classes do Ensino Básico que integram os Domínios da Comunicação Oral e Escrita na Língua Portuguesa e na Matemática os Domínios de Números e Cálculo, Geometria e Grandezas e Medidas (Anexo 5).

A prova concebida e aplicada (designada de AALEB) na disciplina de Língua Portuguesa, na 2.ª classe, era constituída por 5 itens, na 4.ª por 7 itens e na 6.ª classe por 9 itens. A prova concebida e aplicada na disciplina de Matemática era constituída, na 2.ª classe, por 15 itens, na 4.ª classe por 23 itens e na 6.ª classe por 20 itens. Para além desta prova, também foram aplicados questionários aos alunos, professores e directores de modo a recolher informações sobre as condições de escolarização e o ambiente escolar, económico e sociocultural.

Antes da aplicação da prova operacional (definitiva) foi organizada e aplicada uma prova piloto para que os instrumentos de avaliação fossem testados e validados. Em simultâneo foram capacitados os supervisores e aplicadores para implementação da prova operacional.

A prova operacional foi aplicada de forma censitária, isto é, a todos os alunos do ensino público das zonas urbanas e rurais do país, ou seja, 7677 da 2.ª classe, 6412 da 4.ª classe e 5130 alunos da 6.ª classe. No domínio das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática foi decidido avaliar apenas a comunicação escrita nos três níveis de ensino abrangido pelo estudo. Os alunos foram agrupados e submetidos a testes de “papel e lápis” em uma hora ou uma hora e trinta minutos por disciplina, com um intervalo de quinze minutos entre os dois testes. Para a sua implementação os professores receberam orientação de que não podiam ajudar ou apoiar os alunos e em cada sala havia professores e supervisores.

Apresenta-se assim, de modo sucinto, os principais resultados obtidos após a aplicação da avaliação aferida no Ensino Básico em Maio de 2016. Apesar dos resultados gerais serem baixos nos dois domínios avaliados, constata-se que os alunos apresentaram melhor desempenho na prova de Língua Portuguesa comparativamente à prova de Matemática em todos os níveis de ensino, como se demonstra de seguida.

2.ª Classe

- Os resultados de avaliação dos alunos da 2.ª classe indicam que a média geral dos alunos na disciplina de Língua Portuguesa corresponde a 35,85 valores (num

39 máximo de 100,00 valores) enquanto que na disciplina de Matemática este valor corresponde a 28,00.

- Apesar dos resultados aparentemente baixos, podemos constatar que pelo menos 27% dos alunos obteve uma nota superior a 50 valores na Língua Portuguesa.

- Podemos constatar que apenas 20% dos alunos obteve uma nota superior a 50 valores na disciplina de Matemática.

4.ª Classe

- Os resultados de avaliação dos alunos da 4.ª classe indicam que a média geral dos alunos na disciplina de Língua Portuguesa corresponde a 44,78 valores enquanto que na disciplina de Matemática este valor corresponde a 24,00.

- Apesar dos resultados aparentemente baixos a Língua Portuguesa, podemos constatar que pelo menos 46% dos alunos obteve uma nota superior a 50,00 valores na Língua Portuguesa. Por outro lado, pode-se constatar que 54% dos alunos obteve uma nota inferior a 50,00 valores.

- Podemos constatar que apenas 10% dos alunos obteve uma nota superior a 50,00 valores na prova de Matemática.

6.ª Classe

- Os resultados de avaliação dos alunos da 6.ª classe indicam que a média geral dos alunos na disciplina de Língua Portuguesa corresponde a 41,11 valores enquanto que na disciplina de Matemática este valor corresponde a 26,58.

- Apesar dos resultados aparentemente baixos, podemos constatar que pelo menos 25,5% dos alunos obteve uma nota superior a 50,00 valores na Língua Portuguesa.

- Podemos constatar que apenas 5,5% dos alunos obteve uma nota superior a 50,00 valores na disciplina de Matemática.

É importante referir neste capítulo as características gerais das avaliações externas e internas no Ensino Básico em S. Tomé e Príncipe, uma vez que as diferentes formas em que se contextualizam as mesmas no sistema de ensino interferem nos resultados dos alunos. Refere-se assim que, no que diz respeito à avaliação externa, em S. Tomé e Príncipe, existem os exames e a avaliação aferida.

40 Assim, o exame serve para certificar os alunos, na sua realização os professores são trocados para outras salas enquanto que a avaliação aferida é realizada para avaliar as competências dos alunos e apoiar na orientação de politicas educacionais. A concepção desta prova é da responsabilidade da Direcção do Ensino Básico, no entanto a avaliação aferida é da responsabilidade do Gabinete de Avaliação, Acreditação e Certificação Educacional afecto à Direcção Geral de Planeamento e Inovação Educativa do Ministério da Educação, Cultura, Ciência e Comunicação.

No entanto, a avaliação interna (formativa e sumativa) são os professores que elaboram, corrigem, aplicam as provas, as notas são inseridas numa pauta de forma quantitativa, sendo a sumativa tutelada parcialmente pela Direcção do Ensino Básico.

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