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2 ANÁLISE DE INVESTIMENTO EM PROJETOS AGROINDUSTRIAIS

2.7 Avaliação de Aspectos Socioambientais

2.7 Avaliação de Aspectos Socioambientais

O objetivo desta análise é avaliar se o projeto contemplou consistentemente e de forma completa todos os seus aspectos socioambientais. Além disso, se as premissas adotadas são executáveis e razoáveis do ponto de vista de custo e cronograma. Caso não sejam, apurar quais seriam as premissas a ser consideradas para o cenário base. Neste contexto, é importante apurar qual o risco destas premissas se mostrarem diferentes do esperado. Também é preciso entender o quanto estas premissas poderiam variar, tanto para melhor quanto para pior (cenário otimista e pessimista). Desta forma, adiante na análise, será possível realizar uma avaliação de cenários e de sensibilidade de premissas de forma coerente tecnicamente.

Apesar de projetos de bioenergia terem, por definição, características ambientais mais positivas que projetos a partir de fontes fósseis, ainda assim seus impactos devem ser avaliados individualmente.

O investidor não precisa necessariamente ser especialista na área socioambiental para analisar adequadamente um projeto agroindustrial. Para esta finalidade existe a figura do consultor socioambiental independente e de seu parecer técnico. Entretanto, mesmo não sendo um especialista, o investidor precisa necessariamente saber definir o escopo deste parecer. Neste sentido, o objetivo principal desta seção é apresentar qual o escopo que deve minimamente ser contemplado em um parecer; e, consequentemente, na análise pelo investidor.

O parecer deve avaliar preliminarmente quais são os principais impactos socioambientais do projeto e se algum deles pode inviabilizar sua execução. De acordo com Hoffman (2008), devem-se considerar os seguintes aspectos de um projeto: características do site industrial, ar, água, fauna e flora, saúde e segurança humana, ruídos, poluição visual, proximidade a locais relevantes do ponto de vista histórico e cultural, infraestrutura de transporte e serviços públicos e população indígena.

Segundo Giordano (2000), no Brasil, os estudos de impacto ambiental (EIA) são as principais ferramentas de gestão do meio ambiente. Deve ser um instrumento de planejamento com o intuito de minimizar os impactos ao meio ambiente. Deve contemplar necessariamente: (i) diagnóstico da área de influência; (ii) análise de impactos; (iii) definição de medidas mitigadoras; e (iv) elaboração de programa de monitoramento e acompanhamento. O RIMA é o relatório que deve refletir de forma resumida e de fácil entendimento as conclusões do EIA. Entretanto, como estes estudos devem ser necessariamente conduzidos por empresa independente formada por grupo multidisciplinar, eles tendem a ser bastante caros e demorados.

Quais as chances do EIA e do RIMA serem requisitos obrigatórios para este projeto? O projeto prevê como premissa a realização do EIA e do RIMA em seu orçamento e cronograma? Em termos de impactos socioambientais do projeto na região, quais os fatores mais críticos? Algum destes fatores podem, potencialmente, inviabilizar a execução do projeto? A premissa de custos de mitigação, monitoramento e acompanhamento dos impactos socioambientais está compatível com a realidade do projeto?

2.7.2 Escopo do Parecer Relacionado à parte Agrícola a) Regularização de Terras

A região de forma geral apresenta muitas propriedades agrícolas irregulares em termos ambientais e de titularidade? A situação de irregularidades da região pode vir a

inviabilizar o projeto tendo em vista a área total necessária e seu raio médio? As propriedades já contratadas ou compradas e em negociação apresentam pendências documentais e ambientais? As premissas de custos de compra e contratação de terras contemplam razoavelmente o custo de adequação das irregularidades previstas? O cronograma de plantio leva em consideração o tempo eventualmente necessário para regularização das propriedades?

b) Licenciamento Ambiental Agrícola

Quais as licenças, autorizações e permissões governamentais necessárias para o cultivo da biomassa? Quem são os emissores, qual a legislação aplicável e como são os processos de obtenção destas licenças? O projeto contempla todas estas licenças em seu planejamento? O projeto considera adequadamente os custos a serem incorridos com a obtenção destas licenças e cumprimento das respectivas condicionantes? O projeto pondera o impacto da obtenção de todas estas licenças em seu cronograma de implantação? Existe restrição de cultivo da biomassa em questão ou de monocultura em algum município da região? Estas restrições foram consideradas no plano de ocupação do projeto?

c) Proteção de Vegetação Nativa

A estratégia agrícola do projeto está coerente com o novo Código Florestal (Lei nº 12.651 de 25/05/2012)? Em caso negativo, quais são as medidas necessárias de adequação, e qual seria seu custo estimado?

d) Aspectos Sociais

Quais os impactos sociais positivos das atividades agrícolas do projeto? Qual a expectativa de geração de empregos diretos e indiretos? As atividades agrícolas envolverão as comunidades locais? Os plantios de biomassa irão contribuir para a melhora do IDH dos municípios considerados? O projeto contempla algum projeto social

ou atividades de compensação por impactos sociais negativos no entorno da área agrícola? Estas iniciativas foram consideradas no orçamento do projeto?

2.7.3 Escopo do Parecer Relacionado à parte Industrial

a) Licenças Ambientais Prévia, de Instalação e de Operação do Projeto

Quais as licenças ambientais necessárias para a construção e operação da unidade industrial? Quem são os emissores, qual a legislação aplicável e como são os processos de obtenção destas licenças? O projeto considera adequadamente os custos a serem incorridos com a obtenção destas licenças e cumprimento das respectivas condicionantes? O projeto considera o impacto da obtenção de todas estas licenças em seu cronograma de implantação? Qual seria a margem de erro razoável para a premissa de prazo de obtenção das licenças para instalação e operação deste projeto?

b) Alvará de Construção e Demais Autorizações

Além das licenças ambientais citadas, quais as demais licenças, autorizações, alvarás e permissões governamentais necessárias para a construção e operação da unidade industrial? Quem são os emissores, qual a legislação aplicável e como são os processos de obtenção destas licenças? O projeto contempla todas estas licenças em seu planejamento? O projeto considera adequadamente os custos a serem incorridos com a obtenção destas licenças e cumprimento das respectivas condicionantes? O projeto pondera o impacto da obtenção de todas estas licenças em seu cronograma de implantação? O que seria uma margem de erro razoável para a premissa de prazo de obtenção de cada uma destas licenças para instalação e operação deste projeto?

c) Aspectos Sociais

Quais os impactos sociais positivos das atividades industriais do projeto? Qual a expectativa de geração de empregos diretos e indiretos durante a construção e durante

a operação? Será possível contratar mão de obra local? A unidade industrial irá contribuir para a melhora do IDH do município em que será instalada? O projeto contempla algum projeto social ou atividades de compensação por impactos sociais negativos no entorno da área industrial? Estas iniciativas foram consideradas no orçamento do projeto?

2.7.4 Escopo do Parecer Relacionado à parte Logística a) Licenciamentos e Autorizações

Quais as licenças, autorizações e permissões governamentais necessárias para o transporte da biomassa até a unidade industrial e para o escoamento dos produtos bioenergéticos (e.g. licenciamento para construção de linha de transmissão, armazéns e tancagens, outorga ANEEL para geração de eletricidade, parecer de acesso a rede básica pela ONS, licença para tráfego rodoviário, ferroviário ou hidroviário de biomassa)? Quem são os emissores, qual a legislação aplicável e como são os processos de obtenção destas licenças? O projeto contempla estas licenças em seu planejamento? O projeto considera adequadamente os custos a serem incorridos com a obtenção destas licenças e cumprimento das respectivas condicionantes? O projeto pondera o impacto da obtenção de todas estas licenças em seu cronograma de implantação? Qual seria a margem de erro razoável para a premissa de prazo de obtenção de cada uma destas licenças para instalação e operação deste projeto?

2.7.5 Princípios do Equador

Segundo Hoffman (2008), os Princípios do Equador são um conjunto de diretrizes voluntárias desenvolvidas para padronizar a forma como instituições financeiras de todo o mundo avaliam e gerenciam questões socioambientais de seus projetos financiados. Os princípios são baseados nas políticas e diretrizes socioambientais do IFC -

dos grandes bancos já são adeptos aos Princípios do Equador. Dentre eles, Itaú- Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil.

Considerando a estratégia de financiamento do projeto e seu porte, o atendimento dos princípios será obrigatório? O projeto prevê como premissa o atendimento aos Princípios do Equador? Os custos envolvidos na avaliação, mitigação, atendimento e monitoramento dos princípios estão considerados no orçamento do projeto? Estas atividades estão consideradas no cronograma de implantação do projeto? Alguma destas diretrizes pode, potencialmente, inviabilizar a execução do projeto?

2.7.6 Escopo do Parecer Relacionado a Certificações

O projeto contempla a obtenção de alguma certificação (e.g. ISO 14.000, FSC, Bonsucro)? Os custos envolvidos de obtenção e manutenção das certificações foram considerados no orçamento do projeto? A obtenção destas certificações pode afetar de alguma forma o cronograma de implementação do projeto?