• Nenhum resultado encontrado

Avaliar consiste, substancialmente, em fazer um julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes. O objetivo é contribuir na tomada de decisões, melhorar o desempenho das organizações, gerar maior possibilidade de governança e favorecer a racionalização dos gastos (CONTANDRIOPOULOS, 1997; FELISBERTO, 2010).

O julgamento se dá sobre recursos, processos e resultados; podendo ser fruto da aplicação de critérios e de normas (avaliação normativa) ou ser elaborado a partir de um procedimento científico (pesquisa avaliativa), porém uma intervenção pode sofrer os dois tipos de avaliação. Os critérios e normas em que estão apoiadas as avaliações normativas podem ser derivados dos resultados da pesquisa avaliativa, de outros tipos de pesquisa ou fundamentados no julgamento de especialistas na área. Essas avaliações se apoiam no postulado de que existe forte relação entre o respeito aos critérios e às normas escolhidas e os efeitos reais do programa ou da intervenção (CONTANDRIOPOULOS, 1997; MEDINA et al., 2005; ROSSI; FREEMAN, 1985).

Os motivos que levam à utilização de medidas que permitam avaliar o desempenho de um programa, geralmente estão relacionadas à responsabilidade da equipe gestora em prestar contas sobre o alcance dos objetivos propostos ou na vontade de implementar melhorias na sua qualidade (MEDINA et al., 2005).

A construção do modelo lógico de um programa é composta pela determinação dos seus componentes e sua forma de operacionalização, discriminando todos os passos necessários para o alcance de suas metas, dispondo-os num diagrama. É uma maneira visual e sistemática de apresentar as relações entre intervenção e efeito que auxilia a conceber um instrumento de avaliação adequado, pois ajuda o avaliador a

Referencial Teórico _________________________________________ 49

entender melhor o objeto de estudo e escolher o foco da avaliação. Sua construção deve ser convincente, considerando o acúmulo de experiências sobre o programa e informações prévias disponíveis na literatura, diretrizes e estratégias propostas pelo programa. No decorrer do processo de avaliação o modelo lógico pode sofrer modificações, tendo em vista uma maior consistência dos resultados, pois a realidade é dinâmica (FRIAS; LIRA; HARTZ, 2005; MEDINA et al., 2005; WHOLEY; HATRY; NEWCOMER, 2010).

A identificação da teoria subjacente ao programa e os fatores contextuais que afetam as operações são cruciais para o sucesso de uma avaliação. A mensuração precisa ser capaz de contemplar as características essenciais do programa e as relações de causa-efeito presumidas no modelo lógico (WHOLEY; HATRY; NEWCOMER, 2010).

A modelagem permite que a avaliação de políticas e programas ultrapasse a visão dicotômica insumos/resultados e possibilite o esclarecimento das razões do êxito da intervenção em contextos diversos e para diferentes grupos populacionais (BEZERRA et al., 2010; NATAL, 2012).

O modelo teórico de um programa deve explicitar como o programa idealmente funciona; que argumentações teóricas dão suporte à hipótese apresentada e que hipóteses alternativas serão afastadas. Eles possibilitam evidenciar as articulações existentes e os contextos intra/interorganizacionais que orientam a seleção dos indicadores e os níveis de análise necessários (MEDINA et al., 2005).

Segundo Contandriopoulos et al., (1997) é fundamental compreender que não podemos falar de uma intervenção sem levar em conta os diferentes atores que se encontram envolvidos. São eles que dão sua forma particular em um dado momento em um dado contexto. Cada um dos atores pode ter seus próprios objetivos em relação à intervenção e sua avaliação.

2.4.1 Validação dos Modelos e Matriz de Análise e Julgamento No campo da avaliação em saúde as matrizes são utilizadas como forma de expressar a lógica causal de uma intervenção em sua parte e no todo, traduzindo a forma como seus componentes contribuem na produção dos efeitos, favorecendo sínteses em forma de juízos de valor (NATAL et al., 2007).

50 _____________________________________________________ Referencial Teórico indicadores e padrões pode ser realizada com base na literatura científica e/ou técnicas de consenso. Com relação às técnicas de consenso nas pesquisas qualitativas em saúde, são comumente aplicadas quando não há unanimidade de opinião, nem evidências científicas, ou quando estas evidências apresentam-se contraditórias. A técnica busca resgatar o conhecimento técnico-científico dos participantes e valoriza a frequência e convergência de opiniões. Apresenta nítida expansão nos últimos vinte anos e vem sendo aplicada extensamente na área de saúde brasileira (UCHOA et al., 2008).

Entre seus objetivos destacam-se: efetuar monitoramento de uma dada área específica; observar tendências e desenhar cenários como subsídios ao processo de planejamento e buscar possibilidades de inovações, baseadas em projeções especulativas (UCHOA et al., 2008).

Nos últimos anos diferentes técnicas de consenso vêm sendo utilizadas, como o método Delfos, o Comitê tradicional e a Técnica do Grupo Nominal (SOUZA; VIEIRA DA SILVA, 2005).

Uma das técnicas mais utilizada é o Comitê Tradicional, principalmente por ser rápida. A riqueza desta técnica está na troca de ideias (convergentes e divergentes) que possibilitam a obtenção de um consenso sólido. Por outro lado, pode apresentar como desvantagem o “viés de autoridade” ou da busca de alguns participantes em impor suas opiniões mais pela ênfase na defesa de sua opinião do que pela qualidade inerente aos seus argumentos. Cabe ressaltar que as diferenças de valores morais entre os especialistas ou a existência de problemas de relacionamento interpessoal podem dificultar a obtenção do consenso (SOUZA; VIEIRA DA SILVA, 2005). Após a obtenção das respostas para as questões elaboradas para a discussão, as respostas semelhantes serão agrupadas em um único rol, a fim de eliminar as superposições e para agregar/ complementar as respostas. Em seguida, os itens serão colocados em votação e serão mantidos apenas aqueles que obtiverem maior votação (UCHOA et al., 2008).

Documentos relacionados