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CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

3.5. Avaliação da Intervenção

Neste subcapítulo pretende-se avaliar qual foi o impacto das estratégias aplicadas. Assim sendo, importa perceber um pressuposto primordial da investigação,

a língua é um meio ao serviço do acesso ao conhecimento e um instrumento ao serviço da promoção de outras competências, ela também é objeto de estudo em si mesma: ao aluno deverá ser dada a oportunidade de refletir e construir conhecimento sobre a sua própria língua (sua estrutura e uso) como acontece com outros objetos do conhecimento (SILVA, 2008: 91).

A citação de Silva (2008) refere o interesse do estudo da língua. Para além disso, esta autora aponta implicações que esta sistematização de conhecimentos deve ter na vida dos alunos. Foi neste sentido que se desenharam as sequências didáticas para esta intervenção.

Desta forma, o acompanhamento dos alunos foi um fator que pautou toda a intervenção. De facto, a diversidade dos alunos e os diferentes estilos de aprendizagem foram tidos em conta.

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Por esse motivo, a intervenção em ambas as línguas foi aumentando a sua dificuldade e profundidade de forma gradual. Para além disso, os alunos com mais dificuldades de aprendizagem foram, desde início, sinalizados e sempre se tentou dar um estímulo extra a esses discentes.

Na Intervenção de Espanhol é evidente a evolução dos alunos em vários sentidos. A estratégia de promoção do parágrafo como mecanismo de coerência textual, uma vez que permite estruturar a argumentação foi bem-sucedida. De facto, na primeira atividade de escrita de Espanhol, apenas 31% dos alunos efetuaram parágrafos. No entanto, na atividade final, aproximadamente 77% dos alunos utilizaram os parágrafos como estratégia de coesão e coerência textuais.

Também é de salientar o uso de novos conetores discursivos. Efetivamente, na primeira atividade de escrita, os alunos utilizaram quatro conetores discursivos (además, también, y, por fin), enquanto, na segunda atividade de escrita, os mesmos discentes empregaram nos seus textos doze conetores discursivos. Assim sendo, registaram-se três vezes mais conetores, ou seja, registou-se um aumento significativo dos conetores utilizados por estes alunos.

Ainda no caso do Espanhol, percebe-se que os erros de interlíngua diminuíram significativamente. Foi a estratégia de estudar os “falsos amigos” em conjunto com a construção de um glossário diário que possibilitou uma melhor aprendizagem de vocabulário. Digno de referência é o uso exemplar que os alunos realizaram dos demostrativos na construção dos seus textos.

Na Intervenção de Português, para além da comparação entre o número de ocorrências dos conetores nas produções textuais, os resultados do desempenho dos alunos de Português nas atividades de escrita avaliados através dos parâmetros do GAVE (2012) (Anexo III) foram um elemento essencial para comprovar o impacto das estratégias implementadas a Português.

63 3 0 3 1 8 6 3 2 1 1 2 0 2 7 8 4 2 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9

Evolução do desempenho dos alunos de Português nas atividades de escrita

1.ª Atividade de escrita (fase inicial)

2.ª Atividade de escrita (fase final)

Observando-se o gráfico, percebe-se que houve um ligeiro aumento do número de alunos que se situam nos níveis superiores de desempenho. Mais ainda, repara-se que, na primeira atividade de escrita, seis alunos pertenciam aos três primeiros níveis, enquanto na última atividade, apenas, três alunos tiveram um desempenho que os colocou nos primeiros três níveis, ou seja, metade dos alunos conseguiu melhorar.

Contudo, também a estruturação dos textos foi uma vantagem, pois, como já foi referido, mais alunos efetuaram parágrafos na segunda atividade de escrita e isso permitiu-lhes organizarem melhor o seu texto (na primeira atividade de escrita, aproximadamente 66,6% dos alunos efetuaram parágrafos, enquanto na segunda atividade de escrita aproximadamente 88,9% dos alunos realiza corretamente os parágrafos).

Posto isto, é evidente que a consciência linguística de alguns alunos era razoável e melhorou. Pode afirmar-se este facto atentando nos resultados da comparação das suas produções escritas. Para esta melhoria, foi fundamental demonstrar aos alunos o papel da gramática enquanto parte integrante do processo de escrita onde, uma vez mais, se salientou a importância de relacionar a componente gramatical com os momentos de planificação, textualização e revisão.

São evidentes pequenas mudanças no comportamento dos alunos no que toca à coesão e coerência textuais. Com efeito, o uso de conetores e conjunções subiu expressivamente

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comparando as produções textuais dos alunos. Determinante para esse facto foi o contributo dos processos de exemplificação, explicação e reflexão nas aulas lecionadas sobre esses elementos linguísticos.

Assim sendo, a explicação das conjunções, a justificação da relevância dos parágrafos e o exercício de planificação, redação e revisão, foram as estratégias cruciais no desenvolvimento da consciência linguística dos alunos. Certo é que a preocupação de salientar a relevância dos parágrafos como elementos de coerência textual também foi uma estratégia que os alunos adotaram na elaboração do seu texto da atividade final de escrita.

Para além disso, a preocupação com a apresentação de um texto cuidado, onde os parágrafos estivessem bem delineados, onde não se verificassem imprecisões ao nível do uso de maiúsculas, por exemplo, revelaram-se pontos de melhorias interessantes.

Por sua vez, a coesão textual também foi alvo de uma melhoria, mas menos significativa. Certamente, a concordância entre sintagmas ou grupos de palavras na mesma frase foi um dos trabalhos versados neste projeto. A estratégia utilizada para reforçar esta competência passou pela correção dos textos e pela necessidade de articular elementos em respostas escritas. Não obstante, apesar de todas as estratégias, a dificuldade na flexão de verbos foi bastante evidente, desde o início da intervenção. Nas aulas de Português, havia um aluno que confundia as formas dos verbos no futuro simples e no pretérito perfeito do indicativo (exemplo visitarão versus visitaram).

Por fim, o impacto da intervenção foi positivo em ambos os contextos. A utilização de ferramentas como os marcadores discursivos e os momentos da escrita foram essenciais para atingir estes resultados. Também é evidente que a utilização dos parágrafos como uma ferramenta de organização e estruturação textual resultou de forma bastante positiva. No entanto, é necessário ter presente algumas limitações do projeto que se encontram no capítulo seguinte.

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