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CAPITULO IV PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

4. Atividade da “mistura de cores”

4.2. Projeto de invenção pedagógica em contexto de creche

4.2.7 Avaliação da intervenção pedagógica no contexto de Creche

O desenvolver do projeto de intervenção pedagógica, no contexto de creche, fez-me refletir em torno de questões indispensáveis ao exercício autónomo da nossa futura profissão, nomeadamente na importância que a documentação, acompanhada pela reflexão, assume na intencionalidade pedagógica imprimida nas atividades planeadas para o grupo.

Na minha perspetiva, todo o projeto de intervenção pedagógica, com dimensão investigativa, foi além das minhas espectativas iniciais. Apesar de transportar algumas aprendizagens adquiridas em contexto de jardim de infância, como por exemplo, a forma de introduzir os materiais, outras dificuldades emergiram, como a intencionalidade pedagógica que imprimimos nas atividade planeadas, mas que rapidamente foram colmatadas, com a ajuda atenta da educadora. Este projeto de intervenção não só responde como surge dos interesses e necessidades demonstrados pelo grupo. Através da observação- documentação-analise diária, pude desenvolver estratégias pedagógicas em torno das ciências que respondesse aos interesses do grupo. À luz da teoria da aprendizagem ativa, todas as atividades devem partir dos conhecimentos que as crianças demonstram saber para ampliar tais conhecimentos. Portanto, considero que todas as atividades desenvolvidas foram bem enquadradas, consistentes e encadeadas.

Também o interesse pela descoberta e o envolvimento do grupo durante as quatro semanas de implementação, despoletou novas estratégias e novas atividades anteriormente não previstas, como por exemplo, a sessão de expressão motora, bem como a elaboração de um gelado. Outro ponto bastante positivo que constato no desenvolvimento do projeto de intervenção, foi a grande articulação entre as diversas áreas do saber, bem como nos diferentes momentos da rotina. Todos os momentos geravam oportunidades de dialogar, explorar, relatar, construir situações altamente significativas desta exploração, até mesmo no momento dos cuidados. O que demonstra, não só que a intencionalidade do projeto de intervenção não se estava a restringir ao momento de exploração, como a todos os momentos da rotina, como também o quão significativo estava a ser para o grupo a exploração do gelo.

65 Mas, sem dúvida, que o sucesso do projeto de intervenção neste contexto deveu-se à motivação, ao envolvimento, à curiosidade e aos interesses que as crianças demonstravam durante o desenvolvimento do projeto de intervenção. Apesar do pouco tempo de estágio, foi possível responder aos seus interesses e curiosidades, de modo a criar oportunidades para ampliar o seu conhecimento sobre o mundo. De modo similar, o facto de planificar semanalmente todas as atividades fez-me desenvolver pormenorizadamente todas as atividades, delineando o modo como iria introduzir as atividades, o que pretendia com a mesma e quais os caminhos que esta atividade poderia ter. Só desta forma, planeando com antecedência pude pesquisar de imediato, toda a teoria até então estudada em torno da exploração sensorial da água, das ideias que as crianças apresentavam acerca deste fenómenos, bem como das aprendizagens que poderiam construir com tais atividades. Também o apoio da educadora foi decisivo no sucesso deste projeto de intervenção, pois para cada atividade me colocava imensas questões para observar a minha segurança. Mas também por dar continuidade ao mesmo após a minha saída, como a exploração do livro do “gelo”, criado em conjunto com as crianças e a decoração da sala com gelados. (ver anexo E)

Foram inúmeras as aprendizagens que as crianças demonstraram ter construído, através dos seus sentidos, sobre este fenómeno natural que é o gelo, como o ser frio, derreter, congelar, escorregar, deixar água, ter sabor, entre tantas outras conquistas. Em todas as atividades as crianças foram envolvidas em aprendizagens importantes no domínio das ciências tais como observar, levantar questões e hipóteses, resolver problemas, comparar, argumentar, testar, pensar e interpretar. (Peixoto, 2008) Também foram sempre incentivadas a explorar as suas ideias e a partilhar as suas experiências com os outros. O diálogo em grande grupo, após a realização das atividades, ajudou as crianças a relembrar e a partilhar as suas aprendizagens, que consequentemente, se traduziu no esclarecimento e compreensão de alguns fenómenos (Glauert, 2004). Igualmente várias experiências-chave foram desenvolvidas como explorar e reparar como as coisas podem ser iguais e diferentes; repetir um ação para que algo volte a acontecer, experimentando a sua causa e efeito; resolver problemas com que se depara ao explorar e brincar; desenvolver o jogo social.

Outro aspeto que ressalto, e também o mais importante, foi o apoio da reflexão diária, ancorada na documentação pedagógica de todas as atividades. Esta foi, deveras, a aprendizagem mais significativa no desenrolar deste projeto. O facto de todas as vezes que implementava, documentar em vídeos, fotografias e por escrito, analisando todos os registos e refletindo à luz da teoria, possibilitou-me a concretização de todos os objetivos e com grande sucesso.

Por fim, destaco o envolvimento parental, como um aspeto bastante significativo no desenvolvimento deste projeto, isto porque permitiu o continuar das experiências desenvolvidas na sala

66 de atividades. O envolvimento das crianças ao longo do projeto de intervenção pedagógica era tal, que todos os dias contavam o que faziam na creche aos pais. Também a educadora potencializava essa troca de informação todos os dias, até que os pais se envolveram, possibilitando uma continuidade neste processo. Aliás, quando os pais se sentem seguros, demonstram confiança nos seus filhos, os sabem escutar e demonstram gostar das mesmas coisas, as crianças sentem-se mais seguras e envolvem-se com mais confiança e entusiasmo em todas as explorações. (Post & Hohmann, 2011)

Contudo, apesar de não ser o mais importante nestas atividades, pois as explorações sensoriais foram as ações centrais no desenvolvimento das aprendizagens das crianças, confesso que a minha falta de experiência no contacto com crianças desta idade, também não ajudou na criação de um clima de segurança durante as primeiras atividades, uma vez que em algumas situações não saberia se deveria aplicar os termos corretos ou não, por se tratar de conceitos abstratos para as crianças. E só com a ajuda da educadora pude colmatar tal aspeto. Na verdade, nas explorações ligadas às ciências não importa dar enfase à utilização de termos, muito menos nesta etapa do pré-escolar, mas sim à compreensão dos mesmos através da exploração. Mas as interrogações das crianças levavam a que os termos surgissem. Elas próprias levantam dúvidas e questões que nos põem à prova.

No que concerne às atividades e refletindo sobre as mesmas, apesar de em todas elas as crianças demonstrarem as aprendizagens desenvolvidas, com base nos seus sentidos, considero que em algumas dei especial enfâse ao processo e não propriamente à exploração. Confesso que o facto de a educadora me estar sempre a questionar sobre o que pretendia com aquela atividade, para que não me desviasse muito do que era a minha intencionalidade pedagógica para aquela atividade, me levou a que na exploração de gelo colorido, com água quente e fria, limitasse um pouco a exploração dos materiais. Por outras palavras, apesar de ter cumprido o meu objetivo com aquela atividade e observar que realmente as crianças desenvolveram conhecimentos acerca do gelo, a sua exploração sensorial ficou aquém do que poderiam descobrir. Centrei-me muito mais nos processos de observação, questionamento e reflexão, do que propriamente na exploração sensorial. Contudo, tal como estou sempre a mencionar, foi através da reflexão diária e da análise da documentação pedagógica que rapidamente me apercebo desta lacuna e proporciono novamente a exploração do gelo com cor, não só como forma de dar oportunidade de as crianças agora o explorarem ativamente, como também para responder aos seus interesses em pintar com gelo colorido.

Assim, as atividade realizadas enfatizam processos de manipulação, exploração, descoberta e comunicação. (Pereira, 2002). Desta forma, com o desenvolvimento destas atividades, as crianças tiveram oportunidade de ativamente, explorar e partilhar as suas descobertas, escutar as aprendizagens dos outros, numa troca importante de experiências, aprendendo a respeitar as ideias dos outros.

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