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O último ponto de que falaremos prende-se com um tipo de avaliação essencial ao desenvolvimento curricular: a avaliação formativa. Richards explica que:

Evaluation may be carried out as part of the process of program development in order to find out what is working well, and what is not, and what problems need to be addressed. This type of evaluation is generally known as formative

evaluation. (2001:288)

Esta avaliação depende dos alunos que fornecem feedback relativamente às aprendizagens que estão a fazer. Esse feedback deve ser depois tido em consideração pelo professor para proceder à avaliação do processo de ensino-aprendizagem. Nunan (1988a) defende que qualquer elemento do currículo pode ser avaliado: na fase de planificação avaliam-se as necessidades (técnicas de análise e procedimento) e na fase de implementação avaliam-se os materiais, as atividades de ensino-aprendizagem, a sequência, o desempenho do professor e os avanços/resultados dos alunos.

By providing learners with skills in evaluating materials, learning activities, evaluation is built into the teaching process. By encouraging teachers to evaluate critically their own performance, evaluation becomes an integral part of both curriculum and teacher development. (Nunan 1988a:7)

Ou seja, a tarefa de avaliar o sucesso do processo de ensino-aprendizagem caberá a alunos e a professores.

No caso dos alunos, concordamos que é necessário trabalhar com eles para que aprendam a utilizar corretamente as ferramentas à sua disposição para avaliar este processo. A conclusão a que chegamos através da análise dos questionários propostos ao final de cada unidade didática (anexo 6) é de que é necessário inicialmente trabalhá- los com os alunos de forma a garantir que as opiniões expressas correspondam à

61 realidade. Aquilo que nos parece ao considerar esses questionários é que os alunos os preenchem sem pensar muito nas implicações e sem lhes dedicarem muito tempo. Essa é aliás a opinião de Estaire (2009:84) que indica que “(…) la evaluación formativa (…) es un instrumento muy eficaz para el desarrollo de estrategias de aprendizaje, un contenido curricular que necesita ser trabajado en el aula” e, como tal, não deve ser tratado como um elemento à parte, antes deve ser programada antes de se pôr em prática a unidade planificada e é também a opinião de Richards (2001) que aponta como principais vantagens a facilidade de administração e o grande número de respostas que se podem obter e contrapõe que devem ser cuidadosamente desenhados e necessitam de acompanhamento. Afirma também que “Learning is not the mirror image of teaching. The extent to which teaching achieves its goal will also depend on how successfully learners have been considered in the planning and delivery process” (2001:223). Houvesse mais tempo seria importante numa primeira fase preenchê-los em conjunto explicando as implicações de cada um dos itens observados e a importância que desempenham. Segundo Nunan, se os alunos forem tidos em consideração no processo do desenho curricular vão sentir-se mais motivados, principalmente na fase de avaliação das unidades didáticas, se sentirem que as suas opiniões são importantes para os professores e se essas opiniões forem levadas em linha de conta no momento de fazer as planificações seguintes. Queremos com isto dizer que, se os alunos perceberem que os professores aceitam as críticas feitas e aplicam as sugestões dos alunos, sentir-se-ão incluídos e responsáveis pelas suas aprendizagens.

A avaliação realizada pelos alunos não terá como principal objetivo mudar o aprendente, mas antes mudar a tipologia de agrupamentos, o material, a tipologia de atividades, os métodos para que estes se moldem às necessidades dos alunos. Stenhouse (1998) afirma que o trabalho de Scriven (1967) apresenta a avaliação formativa como forma de obtenção de retroalimentação e guia:

En un programa de desarrollo del C. basado en objetivos, la evaluación formativa es normalmente de dos tipos. Hay, por una parte, una evaluación continua de la consecución de la meta o de los objetivos que permite al C. confirmar su finalidad. Y existe un proceso de diagnosticar y de informar un

feedback acerca de obstáculos a la realización de metas y que se sitúa dentro

del sistema de instrucción, pero que no está directamente orientado a las metas. (1998:150)

62 No caso dos professores, como vimos, o processo de avaliação é um processo contínuo que visa transformar o processo de ensino-aprendizagem no momento em que este decorre. Bruner defende que “(…) el plan de estudios era evaluado después de haber sido estructurado totalmente. Penosamente hemos llegado a la conclusión de que para que la evaluación sirva realmente, debe realizarse en forma simultánea a la planeación de la instrucción, de los materiales y ejercicios” (1969:216), isto é, deve ser encarada como parte da própria planificação sem a qual a planificação não comprirá o seu objetivo. É também neste sentido que julgamos valiosa a ideia de Kerr de que:

In the construction or reconstruction of any part of the curriculum, decisions are made at each stage of the development which are based on the extent to which it is thought the stated objectives, if they have been made explicit, are being achieved. These decisions are too often reached on the basis of personal impressions or, at best, consensus of opinion. We need to collect and use more valid and reliable data for this purpose. This is the object of curriculum evaluation. Since without evaluation we cannot be sure that the proposed objectives are attainable, the evaluation component of the curriculum is inseparable from the objectives component. (1968:21-22)

Assim sendo, quando os professores avaliam todo o processo de desenho, as decisões tomadas e a execução voltam à fase inicial de formulação de objetivos. Eliminam aqueles que não se adequam ao que foi proposto, adaptam aqueles que necessitam de melhoramentos ou reformulações e formulam novos mais de acordo com o que se propõem fazer. Podemos afirmar que se trata de um processo circular, que afetará todas as instâncias da planificação e da execução e que estará também em constante evolução. Sáenz Barrio et al. (1994) afirmam que o desenho e desenvolvimento curricular não pode ser entendido como algo estático e definitivo, se não que leva à necessidade de uma investigação permanente na ação escolar diária e dá lugar a um processo de inovação didática na aula.

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No documento Da planificação à execução (páginas 61-64)

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