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6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1. Avaliação das aprendizagens dos alunos

Para se proceder à avaliação das aprendizagens dos alunos relativamente a cada uma das áreas curriculares é importante ter em consideração que a avaliação não deve ser apenas um facto pontual, de acordo com Zabalza, 2003, “quando falamos de avaliação, não estamos a falar de um facto pontual ou de um acto singular, mas de um conjunto de passos que se condicionam mutuamente” (p. 222). Desse modo, o processo de avaliação teve por base diferentes modalidades: diagnóstica, formativa e sumativa.

Compreendendo o propósito de cada uma delas, podemos começar por mencionar que a avaliação diagnóstica surge com a necessidade de perceber, não só quais os conhecimentos base que os alunos já possuem sobre determinados conteúdos, mas também a motivação que a turma apresenta para determinados temas. Relativamente à avaliação formativa, esta tem como principal característica o facto de ser contínua e sistemática, já que a mesma pode e deve ser realizada ao longo de todo o ano letivo. Assim, prevê-se que no final do mesmo, tanto o docente como o aluno, possam ter uma perceção da evolução do seu trabalho e do que ainda pode ser melhorado futuramente.

Finalmente, a avaliação sumativa faz parte de um momento final de avaliação, onde são avaliados todos os conteúdos até então trabalhados no decorrer das atividades letivas.

43 Passamos de seguida à reflexão sobre as aprendizagens realizadas pelos alunos nas diferentes áreas curriculares.

Tendo como foco as aprendizagens dos alunos relativamente à área de Matemática, pode-se afirmar que, de acordo com os gráficos construídos com base em grelhas de observação (Anexo AJ), os alunos melhoraram o seu desempenho. Algumas das melhoras mais significativas, situam-se ao domínio dos Números e Operações (Gráficos 27 e 28) - os conteúdos respeitantes à identificação do valor posicional das unidades, dezenas e centenas, a identificação do valor posicional das décimas, centésimas e milésimas foram aqueles em que verificou que mais de metade da turma conseguiu obter resultados positivos. Também houve progressos no conteúdo referente à leitura por classes. Este último foi um dos conteúdos onde denotamos mais dificuldades no período de observação e, por isso, foi sempre uma preocupação nossa esclarecer a maior parte das dúvidas que surgiam aquando a resolução de exercícios que envolvessem esse conteúdo.

Por outro lado, através da análise do mesmo gráfico, podemos ainda concluir que a explicitação do raciocínio matemático efetuado ainda precisa de ser trabalhado. Para tentar colmatar esse problema e para dar resposta a um dos objetivos gerais do projeto – desenvolver competências de explicitação de conhecimentos, oralmente e por escrito – foram implementadas duas estratégias ao nível da matemática: (i) cálculo mental e (ii) o “problema da semana”. Estas duas rotinas eram sempre corrigidas oralmente e em grande grupo e os alunos eram convidados a mostrar o resultado ou a resolução do problema, explicitando, de seguida, todo o raciocínio envolvido na sua resolução. Foi então passível de se verificar que, apesar dos resultados estarem quase sempre corretos, a maior parte dos alunos tinha dificuldades em explicitar a forma como tinha pensado, limitando-se apenas a mencionar as contas que fez, sem, muitas vezes, perceber o porquê de ter feito uma subtração em vez de uma adição, por exemplo.

No domínio da Geometria e Medida, ao analisar os gráficos (Gráficos 29 e 30), apenas podemos aferir que quase todos os alunos apresentam bons resultados nos conteúdos referentes ao traçado de segmentos de reta de diferentes comprimentos, à utilização de frações como unidade de medida e à resolução de problemas envolvendo áreas. A ausência de mais dados deve-se ao facto de alguns conteúdos terem sido trabalhados apenas durante a observação.

O mesmo aconteceu em muitos conteúdos do domínio da Organização e Tratamento de Dados ou de alguns conteúdos de outras áreas curriculares. Contudo,

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de acordo com os gráficos (Gráficos 31 e 32), é possível registar melhorias significativas no que respeita à resolução de problemas envolvendo a análise de dados representados em tabelas, diagramas ou gráficos, bem como, a resolução de problemas envolvendo a organização dos dados. Este crescimento deveu-se essencialmente à realização de uma das rotinas já referidas, o “Problema da Semana”, pois, todas as semanas os alunos foram confrontados com um problema que poderia ser apresentado numa tabela com dados que teriam de ser analisados, ou então, uma das estratégias de resolução poderia passar por organizar os dados em tabelas de forma a conseguir chegar mais depressa ao resultado (Anexo AK). Relativamente à área de Estudo do Meio, é, desde já, importante salientar que os conteúdos trabalhados na mesma dizem respeito ao bloco do Passado do Meio Local. Na abordagem a este bloco situam-se os projetos (Re)descobrir Lisboa e Marchas populares (avaliado mais à frente).

Com a consulta dos gráficos efetuados (Anexo AL) podemos verificar que os resultados dos alunos relativamente aos conteúdos de identificação dos diferentes constituintes das plantas; distinção das classes dos animais e distinção dos animais de acordo com a sua alimentação foram bastante satisfatórios (Gráficos 34, 35 e 36, 37). Comparativamente à avaliação diagnóstica, pode-se verificar que mais de 70% da turma respondeu acertadamente às questões sobre o tema formuladas na ficha de avaliação. No que respeita ao bloco trabalhado nos dois projetos, podemos desde já referir que houve um acréscimo positivo nas aprendizagens realizadas. Através dos gráficos 38 e 39 conseguimos perceber que, embora cerca de 9% dos alunos não conseguirem referir vestígios do meio local, houve um acréscimo de percentagem relativamente aos alunos que foram capazes de os referir, sendo que 56% da turma conseguiu associar determinados vestígios a um contexto local.

Com estes resultados podemos aferir que, possivelmente, os projetos realizados permitiram ampliar os conhecimentos dos alunos sobre o Passado do Meio Local.

Partindo agora para a avaliação das aprendizagens efetuadas ao nível da área de Português, podemos começar por nomear que os resultados foram satisfatórios (Anexo AM). Contudo, é importante referir que o domínio onde se registam maiores dificuldades é o da oralidade e o da escrita.

No domínio relativo à Leitura e Compreensão Escrita (Gráficos 40 e 41) os resultados foram na generalidade satisfatórios, principalmente no ponto relativo à leitura em tom de voz audível, onde se pode ver que houve um decréscimo de 21% dos alunos que nunca liam com um tom de voz adequado. Este dado torna-se relevante na medida

45 em que a não utilização de um tom de voz audível foi uma das fragilidades encontradas na turma. Ora, se houve uma evolução positiva neste sentido, podemos constatar que o objetivo geral – Produzir discursos de forma audível e clara – foi cumprido.

Relativamente ao domínio da Escrita, este foi o que apresentou uma evolução menor ou menos significativa (Gráficos 42 e 43). Todavia, algumas das melhorias verificadas poderão dever-se ao envolvimento do grupo na realização de uma sequência didática de atividades de leitura e escrita (Anexo V). Nessas mesmas sessões foram facultadas tabelas com algum vocabulário novo, bem como, conectores que poderiam ser utilizados na escrita dos textos elaborados.

Sobre o Conhecimento Explícito da Língua (Gráficos 44 e 45) este domínio foi aquele que apresentou os melhores resultados, sendo que, em quase todos os conteúdos mais de 70% dos alunos revelaram ter sucesso.

No domínio da Compreensão e Expressão Oral os resultados também foram os projetados, tendo em conta que os alunos conseguiram evoluir positivamente em praticamente todos os conteúdos (Gráficos 46 e 47). Contudo, os alunos continuam a ter uma avaliação negativa no que se refere à justificação das suas opiniões. Cerca de 50% da turma nunca é capaz de o fazer, principalmente quando estas estão relacionadas com as suas aprendizagens. Como referido no capítulo de caracterização da turma, esta revela-se muito participativa e capaz de defender e justificar a sua opinião relativamente a assuntos que não estão relacionados com conteúdos programáticos, mas sim, com questões sociais.

As fragilidades encontradas na turma relativamente à produção de discursos de forma audível e clara, implicaram um trabalho em diferentes áreas. Nas áreas de Expressão Artística e a Educação Física foram desenvolvas diversas atividades que colocaram os alunos perante a necessidade de comunicar. Assim, foram não só realizadas atividades a nível musical, relacionadas com o projeto das Marchas Populares, como também algumas improvisações na área do teatro que permitiram aos alunos encarnar outra pessoa, conseguindo mostrar outras capacidades que até então não tinham sido desenvolvidas.

Tendo em conta que esta é uma análise comparativa entre os dados recolhidos antes, durante e após a intervenção (Anexo AN) na área de Expressão Dramática não é possível estabelecer comparações, uma vez que não possuímos registos anteriores. Assim, olhando para os gráficos relacionados com esta área (Gráficos 48 e 49), limitamo-nos a referir que ao nível da área da Música houve melhorias significativas,

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principalmente no que diz respeito ao cantar com expressividade vocal, em que as crianças que apresentavam mais dificuldades. A intervenção realizada permitiu que o desempenho fosse mais positivo como atesta a análise da coluna respeitante ao “nunca” cuja percentagem passou de 63% para 33%.