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Avaliação das condições de armazenamento de antimaláricos

4 CAPÍTULO I: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ANTIMALÁRICOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS

4.2 Resultados e discussão

4.2.1 Avaliação das condições de armazenamento de antimaláricos

4.2.1.1 CENADI e almoxarifados estaduais

As condições de armazenamento de antimaláricos observadas no CENADI e nos almoxarifados B, C e D foram bastante diversas. Alguns aspectos observados sobre a situação do armazenamento de antimaláricos estão sumarizados na Tabela 21.

Tabela 21 – Resumo das condições de armazenamento de medicamentos antimaláricos observadas no CENADI (A) e nos almoxarifados estaduais (B, C e D)

Descrição do item A BES CES DES

Uso de ar condicionado Sim Sim Sim Sim

Medicamentos armazenados ao abrigo da luz solar direta Sim Sim Sim Sim Existência de sistema de controle de estoque Sim Sim Sim Sim Acesso aos medicamentos permitido somente a pessoal autorizado Sim Não Sim Sim Medicamentos armazenados sobre prateleiras ou estrados, afastados do piso e da

parede

Sim Não Sim Sim

Registro de temperatura com anotações periódicas Sim Não Sim Sim Cadastro das unidades para as quais os medicamentos são distribuídos Sim Não Sim Sim Presença de responsável técnico farmacêutico Não Não Sim Sim Disponibilidade dos laudos de controle de qualidade dos antimaláricos Sim Não Sim Não Existência de procedimentos operacionais (manual da qualidade) Sim Não Sim Não Existência de um sistema de controle de distribuição e rastreamento de lotes Sim Não Sim Não Registro de umidade com anotações periódicas Sim Não Não Não

Primeiramente, todos os locais relacionados na Tabela 21 descumprem a RDC 35/2003 (BRASIL, 2003a) em ao menos uma exigência. Ainda que o CENADI não tenha em seu quadro de pessoal um profissional farmacêutico como responsável técnico, as condições de armazenamento observadas foram melhores que as dos almoxarifados estaduais (BES, CES e

DES) da região Norte do Brasil, sendo o almoxarifado CES o que dele mais se aproximou. O

profissional farmacêutico é aquele capaz de avaliar as condições de armazenamento, propor melhorias e soluções sendo de presença indispensável. O almoxarifado estadual BES é

o local visitado não é um almoxarifado propriamente dito e sim um quarto improvisado para a estocagem de antimaláricos.

Apesar de ter sido considerado o melhor almoxarifado visitado na região Norte, o almoxarifado CES não manteve as amostras pelo período necessário para este estudo. Quando

do recolhimento, foi informado que as amostras haviam sido distribuídas como se fossem medicamentos comuns devido a um problema no sistema de informática local.

Sobre os parâmetros relatados na Tabela 21, as ausências mais graves são as de registros de temperatura no almoxarifado BES e de umidade nos almoxarifados BES, CES e DES. Em uma

região de valores extremos de temperatura e umidade e, sabendo-se que os medicamentos antimaláricos podem ser afetados por estas condições, é imperativo que estes parâmetros sejam controlados e registrados periodicamente. Foi relatado que os sistemas de ar condicionado seriam capazes de manter a temperatura e umidade em valores aceitáveis sem a necessidade de registro, mas desajustes podem ocorrer sem que o pessoal dos almoxarifados seja capaz de percebê-los.

A inexistência de um sistema de controle e rastreamento de lotes impede que, em caso de desvio de qualidade conhecido, os medicamentos possam ser recolhidos. Provavelmente, a ausência de procedimentos operacionais formalizados pode ser a causa disto, entre outros fatores, como observado nos almoxarifados BES e DES. A formalização dos procedimentos nos

almoxarifados estaduais é uma maneira de uniformizar as ações e manter a qualidade do armazenamento de medicamentos. Em complemento, o acesso aos medicamentos deve ser restrito, a fim de evitar desvios, saques ou uso impróprio.

4.2.1.2 Unidades básicas de saúde (UBS) nas localidades

As unidades básicas de saúde (UBS) são locais onde é realizado o diagnóstico de malária e, segundo recomendações da Organização Mundial da Saúde - OMS (WHO, 2002), é oferecido o tratamento oportuno à doença. Desta forma, é necessário que sejam armazenados medicamentos nestas unidades para dispensação à população infectada. O armazenamento de antimaláricos nas UBS é deficitário pelas características dos locais, em sua maioria casas de madeira com telhas de amianto, piso de alvenaria ou casas de madeira e energia elétrica fornecida por grupo gerador. Uma das unidades básicas de saúde visitadas em cada estado

apresentava esta descrição, códigos B1, C2 e D2. Participaram do estudo também três locais

que funcionam como postos de saúde, construídos de alvenaria e com energia elétrica da rede pública, códigos B2, C1 e D1 (Tabela 22)

Tabela 22 – Resumo das condições de armazenamento de medicamentos antimaláricos observadas nas UBS das localidades.

B C D

Descrição do item

B1 B2 C1 C2 D1 D2

Tipo de construçãoa M A A M A M

Cadastro de usuários dos medicamentos Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Existência de sistema de controle de estoque Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Medicamentos armazenados sobre prateleiras ou estrados, afastados do piso e da parede

Sim Não Sim Sim Sim Sim

Acesso aos medicamentos permitido somente a pessoal autorizado Não Sim Sim Sim Não Sim

Medicamentos armazenados ao abrigo da luz solar direta Não Não Sim Sim Sim Sim

Registro de temperatura com anotações periódicas Não Não Não Não Não Não Registro de umidade com anotações periódicas Não Não Não Não Não Não Existência de procedimentos operacionais (manual da qualidade) Não Não Não Não Não Não a

: M = madeira; A = alvenaria

Os requisitos da RDC 35/2003 da ANVISA (BRASIL, 2003a) não se aplicam às UBS, pois estas unidades, apesar de realizarem distribuição e fracionamento de medicamentos não têm como atividade fim o armazenamento de medicamentos. Entretanto, alguns requisitos da norma poderiam ser implementados nas UBS para melhorar a qualidade da estocagem de medicamentos. Um atenuante ao armazenamento precário de medicamentos é a alta rotatividade na reposição dos antimaláricos nas UBS, porém, em locais de difícil acesso, a reposição dos medicamentos pode ocorrer em até seis meses, após a estação das chuvas, submetendo os medicamentos a condições de estresse prolongadas.

Considerações sobre o aspecto das amostras à época de seu recolhimento serão feitas individualmente na seção seguinte.

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