• Nenhum resultado encontrado

projeto e produção de empreendimentos

3.4.2 Avaliação de Desempenho do Edifício (ADE)

Outro elemento metodológico fundamental em PPIs é a discussão e definição

consensual de metas de desempenho claras e mensuráveis, logo no início do processo,

bem como sua verificação e atualização ao longo das etapas seguintes (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2003a; MARKET TRANSFORMATION TO SUSTAINABILITY, 2006; ZIMMERMAN, 2006; THE AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECTS, 2007; BUSBY, PERKINS + WILL; STANTEC CONSULTING, 2007; 7GROUP; REED, 2009). A metodologia de Avaliação de Desempenho do Edifício – ADE (PREISER; VISCHER, 2005), é uma referência muito importante neste sentido, já que propõe a adoção de elementos que possibilitam avaliar o progresso do projeto, por meio do controle contínuo dos resultados. Estes elementos permitem identificar riscos às metas almejadas, em tempo para que medidas corretivas sejam implementadas sem grandes percalços (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2003a).

A elaboração do Programa de Necessidades, logo no início do processo, explicitando os objetivos, necessidades e requisitos do cliente, é um primeiro passo. Após a formação da equipe de projeto, os requisitos do cliente deverão ser traduzidos em princípios, critérios, unidades de medida e bases de referência (benchmarks), necessários para a definição, verificação e atualização das metas (7GROUP; REED, 2009). A discussão e definição consensual destes elementos é uma forma eficaz para

55

criar alinhamento entre toda a equipe, formando uma base sólida para orientar todo o processo.

Programa de necessidades

É consenso entre muitos autores e profissionais da área que o programa de

necessidades desempenha um papel fundamental em processos de projeto e produção

de edifícios. Moreira e Kowaltowski (2009) definem este documento, como o levantamento, compreensão e organização das informações necessárias para o desenvolvimento do projeto. Os autores explicam que a elaboração do programa é um processo de análise do contexto, abrangendo situações, não apenas físicas e limitadas por uma área ou terreno e características geográficas, mas também de uso, culturais, urbanas, estruturais etc..

O programa deve ser bastante completo e claro, compreendendo as principais áreas, funções, proximidades e adjacências. Os requisitos funcionais devem ser expressos, inclusive, por meio de parâmetros para o conforto térmico, acústico, luminoso e qualidade do ar, pois o conforto ambiental é um dos elementos da arquitetura que mais influencia o bem estar dos usuários (KOWALTOWSKI et al., 2006). Para essas definições, quando possível, é recomendada a consulta aos futuros usuários (VOORDT; WEGEN, 2005; MOREIRA; KOWALTOWSKI, 2009).

Comissionamento

Outro conceito importante é o de comissionamento dos sistemas do edifício, descrito em detalhe por Michael J. Holtz em um capítulo da publicação editada por Preiser e Vischer (2005). Trata-se de um procedimento formal visando prover comprovação documentada de que os sistemas do edifício funcionam de acordo com os critérios estabelecidos nos documentos de projeto e necessidades de operação do cliente (BUILDING COMMISSIONING ASSOCIATION, 1999).

56

Em consonância com a estrutura da ADE, o processo de comissionamento é tipicamente organizado nas seguintes etapas: Projeto; Construção; Aceite e Garantia (PREISER; VISCHER, 2005). É recomendada a contratação de uma autoridade de

comissionamento de terceira parte, que, a partir da etapa de Pré-projeto, deverá

elaborar os documentos de Requisitos do Cliente37 (RC) e, em seguida, de Base

Consensual de Projeto38 (BCP).

Para 7group e Reed (2009), os Requisitos do Cliente (RC) devem ser desenvolvidos a partir do programa de necessidades e do relatório de uma primeira reunião de equipe multidisciplinar, na qual as necessidades programáticas e funcionais, os objetivos e as metas de desempenho são explorados e discutidos por todos os membros. Devem conter requisitos do cliente para o projeto, expectativas quanto ao desempenho esperado e explicitar idéias importantes, conceitos e critérios de desempenho (PREISER; VISCHER, 2005).

Já a Base Consensual de Projeto (BCP) documenta os princípios por trás das decisões de projeto, define a resposta coletiva da equipe de projeto para os requisitos e objetivos do cliente e estabelece os critérios de desempenho que orientarão os futuros procedimentos de comissionamento (PREISER; VISCHER, 2005). Trata-se de uma tradução dos Requisitos do Cliente, expressos de forma mais genérica, em uma descrição técnica das metas de desempenho e unidades de medidas, definidas para cada sistema do edifício (7GROUP; REED, 2009).

Estes três documentos, Programa de necessidades, RC e BCP, orientarão as decisões de projeto, verificando-se o atendimento às metas estabelecidas e atualizando-as, conforme as necessidades, oportunidades e restrições ao longo do processo (7GROUP; REED, 2009).

37

O primeiro documento aparece na literatura com denominações variadas, como Design Intent (PREISER; VISCHER, 2005) ou Owner’s Project Requirements - OPR (7GROUP; REED, 2009), sendo a última mais comum e a que melhor descreve o conteúdo.

38

Este documento aparece na literatura como Basis of Design – BOD (PREISER; VISCHER, 2005; 7GROUP; REED, 2009).

57

Sistemas de avaliação e certificação ambiental de empreendimentos

A adoção de sistemas de avaliação e certificação ambiental de empreendimentos é recomendada (BUSBY, PERKINS + WILL; STANTEC CONSULTING, 2007; 7GROUP; REED, 2009) e podem auxiliar na definição de metas específicas de desempenho. É importante que o sistema selecionado seja entendido como uma ferramenta de suporte para alcançar metas mais rigorosas, e não como um fim. Como as variáveis são muitas e diferem muito em cada caso, requisitos específicos podem ser inadequados ou conflitantes entre si. É necessário, então, o questionamento e análise crítica, por parte da equipe, de cada requisito e meta, considerando os objetivos e expectativas particulares, necessidades e interdependências entre diferentes sistemas.

Monitoramento contínuo, recomissionamentos e Avaliações Pós-Ocupação

Como parte do processo de ADE, na etapa de Uso e Operação, as metas estabelecidas no projeto, devem ser avaliadas, por meio de monitoramento contínuo, recomissionamentos e APOs esporádicas. Os resultados obtidos podem orientar ajustes e correções de elementos do edifício que não funcionaram como esperado. São importantes a documentação e disponibilização dos resultados, para que possam servir de referência para projetos futuros (PREISER; VISCHER, 2005).