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Avaliação de Políticas e/ou Programas e Projetos Educacionais

CAPÍTULO 2-AVALIAÇÃO EDUCACIONAL NA EDUCAÇÀO

2.2 Avaliação Educacional e seus objetos

2.2.4 Avaliação de Políticas e/ou Programas e Projetos Educacionais

Dialogar com avaliação de políticas públicas e programas voltados à educação sem dúvida ainda é um desafio, principalmente ao se considerar que os estudos científicos na área de avaliação em educação são bastante recentes.

Ainda é muito comum a discussão de políticas educacionais enquanto aferição, buscando resultados que em sua grande maioria apresentam muitos dados quantitativos em detrimento aos dados qualitativos.

Segundo Belloni, Magalhães e Sousa (2001, p. 14), “A avaliação de política pública é um dos instrumentos de aperfeiçoamento da gestão do Estado que visam ao desenvolvimento de ações suficientes e eficazes em face das necessidades da população”. Percebe-se, nesse sentido, que a avaliação de políticas públicas deve possibilitar ao Estado elementos norteadores de como estão sendo desenvolvidas e implementadas as políticas, programas e projetos voltados a determinados setores sociais.

Draibe (2001) ao falar em avaliação de políticas públicas diz que ela deve ser compreendida enquanto fator interveniente em uma determinada realidade social, desenvolvida nas esferas públicas de uma sociedade, não representando intenções privadas das instituições ou organizações sociais.

As políticas públicas, uma vez que estão voltadas à sociedade, devem ser avaliadas ordenadamente, possibilitando a compreensão e adequação de aspectos sociais, metodológicos, administrativos e operacionais (Belloni, Magalhães e Sousa, 2001). Pode-se dizer ainda que

[...]o objetivo da avaliação de política pública é conhecer seus fatores positivos, apontar seus equívocos e insuficiências, com a finalidade de buscar seu aperfeiçoamento ou reformulação. A avaliação é parte integrante do processo de desenvolvimento da política pública, pois possibilita uma averiguação sistemática do cumprimento de sua função social. Nesse sentido, a avaliação tem o duplo objetivo de autoconhecimento e de formulação de subsídios para a tomada de decisão [...].(BELLONI, MAGALHÃES E SOUSA, 2001, p. 45).

Essas avaliações devem possibilitar o autoconhecimento, ou seja, informações sobre o processo e desenvolvimento dessa política, que consequentemente possibilitarão subsídios para as decisões necessárias. Nessa complementaridade, devem estar incluídos todos os setores sociais, financiadores, formuladores e executores da política, agindo como um organismo composto por elementos interdependentes no seu funcionamento.

Ao avaliar determinadas esferas da sociedade faz-se necessário compreender a abrangência dos aspectos tratados. Neste sentido, Draibe (2001) coloca a importância de se compreender política educacional como um conceito mais abrangente, que irá apresentar intervenções diretamente na educação, ou seja, são necessárias ações efetivá-la. Essas ações podem ser chamadas de programas, que por sua vez também são compostos de unidades menores, chamadas projetos.

De fato, a avaliação é um processo demorado, principalmente se forem levadas em consideração as singularidades de sua abrangência.

Teoricamente pode-se avaliar tudo, desde a mais restrita até a mais abrangente das políticas, contanto que se disponha dos recursos intelectuais, materiais e metodológicos para fazê-lo. Mas é sempre bom ter em mente que avaliações rigorosas de intervenções complexas e abrangentes são difíceis. (DRAIBE, 2001, p.17).

Não há como negar que a avaliação de políticas, programas e projetos correspondem a diferentes naturezas, mas, quando apresentam esse viés avaliativo, podem ser chamadas de pesquisa de avaliação (Draibe, 2001), ou pesquisa avaliativa, conforme Belloni, Magalhães e Sousa (2001).

Toda pesquisa em avaliação apresenta objetivos que se modificam de acordo com sua abrangência, porém, quando pertencentes a uma mesma política, os programas e projetos devem ter objetivos e perspectivas correspondentes.

Ainda discutindo a abrangência da avaliação, é necessário compreender que as pesquisa de avaliação respondem a diferentes objetivos, que vão desde a verificação da

eficiência e eficácia de uma política até a busca de medidas corretivas, buscando a melhoria do processo de implantação e do desempenho da política (Draibe, 2001).

Comumente os objetivos alcançados por uma política ou programa dificilmente alcançam resultados combinados, um aspecto sempre sobressai ao outro, dependendo dos seus pesquisadores, avaliadores e até dos seus proponentes.

A avaliação de políticas pode ser classificada em dois tipos: ex ante e ex post. As avaliações ex ante precedem o início de um programa, estando normalmente incluídas nas fases iniciais e na sua formulação, o que lhes confere também uma característica diagnóstica. Já as pesquisas ex post são realizadas após ou no mesmo período de desenvolvimento do programa, apresentando um caráter mais classificatório (Draibe, 2001).

Essas avaliações, independentes de sua classificação, deveriam possibilitar, desde o início do processo, informações necessárias à compreensão de toda a política, programa ou projeto implementado, que devem ser passíveis de constantes revisões, pois as políticas desenvolvem-se, efetivam-se a partir da representatividade dos sujeitos, da discussão das potencialidades e das fragilidades do processo, ou seja, não há como pensar na efetividade de uma política sem diagnosticar, acompanhar e avaliar seus feitos.

Draibe (2001, p. 26) diz que “as políticas ou programa têm vida. Nascem, crescem, transformam-se e reformam-se [...] às vezes morrem. Percorrem um ciclo vital, um processo de desenvolvimento, de maturação e, alguns deles, de envelhecimento e decrepitude”.

A autora argumenta que a avaliação apresenta naturezas distintas, podendo ser classificada enquanto avaliação de resultado e avaliação de processo. As avaliações de processo desenvolvem-se ao longo do período de implementação das políticas, buscando conhecer os fatores que facilitarão ou dificultarão sua implementação. Já as avaliações de resultado, como o próprio nome diz, aprofunda-se no desempenho e na aferição dos impactos e efeitos de uma política. Por impacto se entende as mudanças efetivas na realidade de atuação do programa, enquanto que os efeitos referem-se a outros impactos que nem sempre são esperados (Draibe, 2001).

A compreensão de uma política pública bem como sua avaliação ultrapassa o senso comum e deve ser percebida como uma ação composta por objetivos, interesses e visões de mundo (Arretche, 2001).

A implementação de uma política bem como sua efetividade dependem da integração dos níveis governamentais, bem como dos envolvidos direta e indiretamente a ela. Arretche (2001, p.54) defende que é preciso “ter em mente que a implementação modifica o desenho original das políticas, pois esta ocorre em um ambiente caracterizado por contínua mutação.

Mais que isto, devem levar em conta que os implementadores é que fazem a política, e a fazem segundo suas próprias referências.”

A proposta inicial de uma política sempre se modifica, pois é desenvolvida numa sociedade, numa coletividade, na qual interagem vários sujeitos com bagagens culturais e interesses pessoais diferenciados. É por meio da avaliação de políticas públicas que se podem fornecer os elementos, para o Estado e para a sociedade, de como estão sendo desenvolvidas e implementadas as políticas, programas e projetos.