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1 MARCO DE REFERÊNCIA CONCEITUAL

1.3 AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS FLORESTAIS

As políticas públicas florestais possuem caráter público, privado, e de cunho social e de real interesse e necessidade da sociedade. A sua avaliação consiste em um conjunto de processos que têm como objetivo considerar o ambiente como uma variável no planejamento de ações ou desenvolvimento de projetos.

Por isso, a avaliação dessas políticas deve estar em conformidade com o tipo de avaliação que identifica os resultados da aplicação das mesmas. Pois, é a partir do

conhecimento dos resultados que será possível melhorar o modelo de política florestal existente ou, se necessário, elaborar uma política mais eficiente.

Nesse sentido, o que se propõe como avaliação de políticas públicas florestais, é um modelo de avaliação qualitativa, pois se pretende verificar a eficácia e a efetividade das ações realizadas. Para se entender o que seja uma pesquisa qualitativa, é necessário conhecer alguns conceitos.

Lüdke e André (1986) também enfatizam que a pesquisa qualitativa decifra melhor a realidade social. A pesquisa qualitativa tem, dessa forma, a característica de tornar competente e adequada a abordagem direta do problema, porque possibilita múltiplas formas para perceber os acontecimentos envolvidos na situação observada.

Esse tipo de pesquisa possibilita a busca de informações prévias acerca do objeto pesquisado, tendo por finalidade verificar as condições existentes que podem influenciar os comportamentos observados. Nesse sentido, Lüdke e André (1986), esclarecem:

A preocupação central ao desenvolver esse tipo de pesquisa é a compreensão de uma instância singular. Isso significa que o objeto estudado é tratado como único, uma representação singular da realidade que é multidimensional e historicamente situada (LÜDKE E ANDRÉ, 1986 p.21).

Sendo assim, a intenção da uma pesquisa é a descoberta de algo que foi problematizado e a busca de sugestões e soluções, por meio dos fatores que podem ser geradores do problema. Observa-se, portanto, que se intenciona na avaliação de políticas públicas florestais identificar, por meio de uma análise detalhada, se o plano de prevenção e combate a incêndios florestais possui a eficácia à qual se destina: diminuir, consideravelmente, o número de incêndios.

Nesse sentido, a avaliação de políticas públicas florestais, deverá adotar a concepção sistemática dada por Belloni et al. (2003: 25), que considera “a avaliação sistemática de análise de atividade(s), fato(s) ou coisa(s) que permite compreender, de forma contextualizada, todas as suas dimensões e implicações, com vistas a estimular seu aperfeiçoamento”. Se o que se pretende é a melhoria das políticas públicas florestais, é necessário, na avaliação, considerar tudo que envolve o objeto a ser avaliado, a fim de que se possa, ao final da avaliação, propor mudanças e aperfeiçoamento.

Pedone (1986 p.36) chama a atenção para o fato de que “pouca atenção tem sido dada à análise de conteúdo, pensando que uma vez estabelecidos os objetivos (fins) e os recursos (meios) necessários, pouco mais deveria ser feito para avaliar objetivos em comparação com

resultado”. O que difere dessa informação é que o processo avaliativo não tem contemplado os objetivos após o estabelecimento dos mesmos e nem está comparando-os com os resultados obtidos.

Assim, entende-se que as instituições governamentais trabalham somente com a fixação de objetivos e a implementação dos mesmos; entretanto, não se têm feito uma avaliação final, que questione os aspectos informais das políticas públicas. Subentende-se que, na construção desses objetivos, já há uma certeza de que eles serão atingidos plenamente.

Esse tipo de avaliação é falha, pois segundo esclarece Pedone (1986 p.37), “como resultado desse tipo de análise e avaliação fica restrita, não ajudando no processo de formulação e de tomada de decisão nas políticas públicas”. Nesse caso, não há a formulação de propostas que visem o aperfeiçoamento dessas políticas. Por isso, há a necessidade de uma avaliação que contenha um maior detalhamento dos objetivos propostos pelas políticas públicas, principalmente, no que se refere às políticas públicas florestais.

Na visão de Frey (2000), ao se realizar um exame mais aprofundado de certas políticas setoriais, principalmente as de caráter mais dinâmico e polêmico, fica clara a interdependência que existe entre os processos e os resultados dessas políticas. A evolução histórica da política ambiental, por exemplo, demonstra de forma explícita como essas dimensões têm se influenciado recíproca e permanentemente.

Para o autor, as constelações de atores, as condições de interesse em cada situação e as orientações valorativas, ou seja, os elementos que podem ser considerados condicionantes do grau de conflito reinante nos processos políticos, sofreram modificações significativas a medida que se agravaram os problemas ambientais e se consolidou esse novo campo da política.

Por isso, ele chama a atenção para o fato de que o desenvolvimento da consciência ambiental reforçou os conflitos que havia entre os interesses econômicos e os interesses ecológicos. Da mesma maneira como a dimensão material dos problemas ambientais tem conduzido à cristalização de constelações específicas de interesse, os programas ambientais concretos, por sua vez elaborados por agentes planejadores, devem ser considerados como resultado de um processo político, intermediado por estruturas institucionais, que reflete constelações específicas de interesse. Com esse argumento, observa-se que os conflitos existentes na avaliação de políticas públicas estão proporcionalmente relacionados com o grau de interesse político de certos setores da sociedade.

Assim, chega-se ao entendimento de que os estudos tradicionais de avaliação de políticas públicas baseiam-se em métodos quantitativos que forçam os pesquisadores a se

limitarem a um número reduzido de variáveis que explicam os fenômenos existentes. Por isso, muitos autores são favoráveis à pesquisa comparativa quando se trata de avaliar a gênese e o percurso de certos programas políticos a fim de encontrar os fatores favoráveis e os entraves bloqueadores do processo. Diante disso, Marinho e Façanha (2001) propõem que as políticas públicas devem ser avaliadas de forma permanente, ampla e não devem se limitar somente a questões de natureza econômica.

Antes de continuar com a discussão sobre a análise de políticas públicas, faz-se necessário conhecer alguns aspectos específicos do tema deste trabalho, visto que o mesmo está voltado para a análise da efetividade e eficácia do plano de prevenção e combate a incêndios florestais no Distrito Federal. Por isso, o capítulo seguinte trata da questão da prevenção e combate a incêndios florestais.