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2.3 CONFORTO E DESEMPENHO TÉRMICO

2.3.3 Avaliação do conforto térmico

2.3.3.4 Avaliação do conforto térmico em projetos padrão do Programa

Com base que projetos padrão implantados em diferentes zonas bioclimáticas podem não ser indicação de conforto térmico e eficiência energética, pesquisadores nacionais desenvolveram estudos com a avaliação de projetos padrão do Programa Proinfância.

Peglow et al. (2016) compararam o conforto térmico do projeto padrão Tipo C do Proinfância na ZB 2 utilizando dois tipos diferentes de envoltória, visto que esta possui grande influência no conforto térmico, pois participa ativamente das trocas térmicas com o ambiente externo. Foram testados o material original da envoltória do projeto e o sistema construtivo Wall System (sistema com paredes formadas por placas de Lâminas de plástico reforçadas com lã de vidro). Além disso os autores testaram algumas otimizações na envoltória como cobertura pintada de branco, isolamento de lã de rocha na cobertura e utilização de brises horizontais e verticais. Para definir o nível de conforto dos usuários foi calculada a temperatura operativa de conforto, baseada no modelo adaptativo ASHRAE 55/2010. Assim, foi possível calcular as horas em desconforto dos ambientes e comparar o desempenho térmico das opções de sistemas de envoltória. Os resultados mostraram que o sistema convencional apresentou um melhor desempenho térmico que o sistema Wall System.

Rheingantz et al. (2017) utilizam dois tipos de abordagens, qualitativa e quantitativa, para a avaliação de um projeto padrão Tipo C implantado na cidade de Pelotas/RS. A abordagem qualitativa contempla a lacuna no diálogo entre a arquitetura dos projetos padrão e as recomendações da Coordenação Geral de Educação Infantil (COEDI). A parte qualitativa foi realizada com simulações térmicas do projeto padrão através de software com o intuito de discutir sobre os problemas gerados pela dissociação das soluções construtivas das exigências bioclimáticas de diferentes contextos de inserção do projeto arquitetônico na zona bioclimática 2. O estudo evidenciou a necessidade de revisão da configuração do projeto arquitetônico e

importância da adaptação do projeto padrão ao contexto climático local, visto que a avaliação térmica apontou baixou níveis de conforto térmico. Além disso, o projeto padrão deixa de lado o diálogo com a comunidade e usuários sobre a infraestrutura necessária à educação das crianças.

Ritter et al. (2018) também utilizaram duas ferramentas para a avaliação de um projeto padrão Tipo B localizado na zona bioclimática 2. Além de simulação computacional, também foi feita uma análise walkthrough. A simulação foi realizada com o projeto padrão original e modificado com o intuito de melhorar o projeto arquitetônico garantindo um melhor resultado de conforto térmico. No projeto modificado, as circulações laterais do pátio são fechadas com vidro temperado, configurando uma zona fechada, e as circulações entre os blocos são cobertas. A avaliação térmica foi baseada no modelo adaptativo da ASHRAE 55/2010. O maior percentual de conforto térmico foi encontrado no projeto padrão original e o maior desconforto no projeto modificado e em relação ao calor. A análise walkthrough confirmou através de entrevistas com funcionárias algumas situações de desconforto por frio e calor verificadas na simulação. Quintana et al. (2017) avaliaram o conforto térmico dos projetos padrão desenvolvidos mais atualmente, Tipo 1 e 2, na zona bioclimática 2. Para a avaliação, foi utilizado o modelo adaptativo da ASHRAE 55/2010. Os resultados indicam um baixo nível de conforto térmico e que o maior desconforto decorre do calor nos ambientes de permanência prolongada. Os projetos são semelhantes, porém o Tipo 2 obteve um melhor desempenho térmico. Com base na avaliação térmica, os autores puderam propor medidas de otimização do desempenho térmico, mais uma vez indicando a importância do projeto padrão estar adaptado ao contexto climático local.

Spagnuolo et al. (2018) avaliaram o Tipo B em 3 diferentes zonas bioclimáticas, Belém-PA (ZB 8), Canela-RS (ZB 1) e Sorocaba-SP (ZB 3), e em duas orientações solares diferentes: norte-sul e leste-oeste. O conforto térmico foi calculado baseado no modelo adaptativo da ASHRAE 55/2013. Os resultados demonstraram que em uma média de horas de uso, Canela apresenta 27% das horas em desconforto principalmente em relação ao frio. Belém apresenta 43% das horas em desconforto pelo calor e Sorocaba apresentou um melhor resultado de conforto térmico com 84% das horas em conforto. Em relação a orientação, Belém apresentou alguma variação nos resultados, enquanto Canela e Sorocaba apresentaram uma variação mínima.

Nascimento e Batista (2017) avaliaram o projeto padrão Tipo B na cidade de Maceió (ZB 8) através de dois instrumentos, a Mesa d’água (objeto utilizado para simulações que permitem visualizar a ventilação natural do ambiente construído) e simulação computacional. Para a avaliação foram considerados parâmetros como a distribuição dos fluxos de ar, a velocidade do ar e o percentual de horas de desconforto nos ambientes. Os autores utilizaram o modelo adaptativo da ASHRAE 55/2010 para relacionar o nível de conforto térmico com a ventilação natural da edificação. Na Mesa d’água, foram simuladas três incidências de ventos (Leste, Nordeste e Sudeste), considerando-se duas implantações do edifício com os blocos das salas de aula com suas maiores fachadas voltadas para norte-sul. Os ambientes de permanência prolongada definidos para a avaliação por simulação computacional foram os que obtiveram o melhor e o pior resultado na Mesa d`água. Na maioria dos meses do ano, os resultados mostram que o percentual de horas de desconforto ultrapassou 60% nos ambientes analisados, considerando-se como limite superior de conforto a temperatura operativa de 28°C. Nos meses de inverno, o percentual de conforto passou a ser maior que o de desconforto. Pode-se perceber que há uma relação da ventilação cruzada com o nível de conforto térmico.

Babick e Torres (2017) avaliaram a adequação do projeto padrão Tipo C nas 8 zonas bioclimáticas brasileiras em relação a iluminação, ventilação e conforto térmico. Analisou-se o projeto observando exigências de normativas. Foram utilizadas as NBRs 15.575 e 15.220 que tratam de edificações habitacionais, o RTQ-C e o Manual do FNDE. A falta de normativa nacional específica para a tipologia escolar, fez com que fossem utilizadas também normativas internacionais e outros guias. Verificou-se em quais zonas bioclimáticas, a implantação da pré- escola atenderia aos requerimentos e recomendações das normativas revisadas. Os resultados encontrados mostraram que o projeto padrão poderia passar por uma revisão para melhor atendimento dos critérios analisados. Os autores afirmam sobre a importância da possibilidade de alteração de dimensões das esquadrias, para adequar a necessidade de ventilação do ambiente para diferentes zonas bioclimáticas, e da flexibilidade em relação aos materiais da envoltória da edificação ou a utilização de elementos de sombreamento.