• Nenhum resultado encontrado

Avaliação do conhecimento prévio, comunicação de conhecimentos e

2. Resultados

2.3. Componentes da comunicação para o autocuidado

2.3.1. Avaliação do conhecimento prévio, comunicação de conhecimentos e

Cinco profissionais de saúde mencionaram a importância de avaliar o conhecimento prévio sobre qualquer tópico a ser transmitido durante as consultas. Um profissional considerou importante conhecer o que o paciente sabe, outro argumentou a necessidade de aferir se a díade possui o mesmo nível de conhecimento. Neste seguimento, outro profissional defendeu a adaptação ao conhecimento e capacidade de cada indivíduo, outro profissional disse ser necessário equilibrar o que cada utente sabe com o que é importante saber. Averiguar o que o indivíduo quer saber, também, deve integrar esta equação, de acordo com outro profissional de saúde. Por último, um colaborador, da APDP, defendeu que informação considerada básica para os diferentes profissionais poderá não ser para o indivíduo com diabetes.

“Primeiro tem que se adaptar ao nível de conhecimento de cada um e às capacidades de

entendimento de cada um” (PS 3).

Partindo dos dados, verificou-se que a comunicação para o autocuidado na DM tipo 2 envolve a comunicação de conhecimentos e habilidades sobre a doença e tratamento. A definição de conhecimentos e habilidades foi delineada a partir da frequência de verbos transitivos utilizados pelos profissionais de saúde inquiridos. Assim, os conhecimentos sobre a doença e terapêutica implicam um conjunto de saberes (utilização do verbo saber 11 vezes) aprendidos (utilização do verbo aprender 14 vezes) a partir das explicações dos diversos profissionais (utilização do verbo explicar 17 vezes).

As habilidades compõem-se de um conjunto de acções práticas ensinadas pelos profissionais de saúde (utilização do verbo ensinar 4 vezes) e expressas pelo verbo fazer (52 vezes).

São várias as modalidades de transmissão de conhecimentos. A modalidade de transmissão de informação escrita foi valorizada por dois profissionais. Outro participante recorre a gráficos, imagens, esquemas, alegorias e informação disposta na internet para possibilitar uma melhor apreensão da informação a ser transmitida. Outro profissional

19 descreveu o uso de panfletos, elaborados por si, para potenciar a compreensão da informação comunicada oralmente. Apenas um dos profissionais entrevistados referiu a influência das diferentes faixas etárias e estádios de desenvolvimento no processo de comunicação, propondo estratégias específicas para comunicar com crianças e adolescentes com diabetes tipo 1.

Um indivíduo com diabetes afirmou que a informação sobre o autocuidado é transmitida oralmente, outro inquirido disse que recebeu informação escrita sobre a utilização do glucómetro e valores de glicemia.

“alegorias muitos de nós utilizamos o exemplo da chave-fechadura para explicarmos o

funcionamento da insulina e do açúcar a entrar para as células. Explicando que a insulina é uma chave que possibilita que a energia passe para dentro do corpo, eu acho que as pessoas conseguem perceber melhor qual é o seu papel e qual a sua necessidade... depois levam sempre recomendações escritas dos passos que irão fazer para caso se esqueça de alguns passos poder seguir um guião (PS 3).

“ela deu-me uns papéis, em conjunto com o aparelho, depois além dos papéis em conjunto com o aparelho deu-me outros papéis com os valores escritos e os cuidados que devia ter “(ID 7).

O procedimento para a comunicação de habilidades foi consensual para 3 profissionais de saúde, que enfatizaram a importância de demonstrar, num primeiro momento, como se faz, apelando, seguidamente para a execução do observado. Perguntar a cada utente como faz, habitualmente, determinada habilidade ou demonstrar como a coloca em prática foi sinalizado, por um dos profissionais como uma estratégia para confirmar que as habilidades são realizadas de forma correcta. Nesta ordem, um indivíduo com diabetes tipo 2, contou que um profissional de saúde lhe mostrou como colocar a agulha na caneta de insulina. Pedir ao indivíduo que relate aquilo que percebeu com o intuito de confirmar, validar, e se preciso for corrigir foi uma estratégia listada por outro profissional de saúde.

se estamos a explicar um glucómetro nós temos de estar a fazer junto da pessoa a fazer com

ela... para termos a certeza que a pessoa está a fazer bem nós temos que pedir à pessoa para fazer, então dizemos ao senhor ou à senhora “então faça lá, então e o que é que nós falamos, agora é para fazer o quê, ora faça lá “(PS 5).

“mostrou-me como é que se punha a agulha na caneta “(ID 8).

Alternativamente, a “formação de pares experts” foi referenciada como importante, para a transmissão de conhecimentos e habilidades (2 PS). Por sentirem os mesmos problemas e dificuldades o apoio dos pares foi considerado fundamental, afigurando-se, em colaboração com os profissionais de saúde, fontes de transmissão de informação viável e confiável.

20

acho que há outra coisa muito importante que é os pares, reunirmos com pares experts que

possam transmitir uma informação que nós sabemos à partida que é viável e confiável também acho que é importante porque a pessoa reconhece que realmente nós temos a nossa qualificação, mas não sentimos o mesmo que eles, tenho a certeza que as pessoas sentem isso, se for um par o impacto será muito melhor e muito maior...” (PS 3).

O envolvimento do indivíduo, com diabetes tipo 2, em grupos de pares foi valorizado por 3 profissionais de saúde, influenciando a aceitação da doença (1 PS) e a motivação do próprio e do outro (1 PS). Descobrir que as dúvidas pessoais, são, afinal, transversais a outras pessoas facilita a discussão do autocuidado (1PS).

“mas às vezes as coisas em grupo tornam-se mais fáceis, não são só eles que têm aquela dúvida e

que fazem assim, há mais pessoas...E depois temos outras sessões, por exemplo, do relógio da vida, que basicamente é um relógio e nós convidamos uma pessoa ou criamos uma história fictícia em que eles vão dizendo o que fazem ao longo de um dia, acordo às 8 da manhã tomo a medicação, o pequeno almoço e eles vão discutindo o que é que faziam igual ou diferente, é interessante” (PS 6).

2.3.2. Avaliação de percepções, crenças, conhecer o indivíduo e as suas

Documentos relacionados