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A ocorrência de complicações no paciente em SRPA está diretamente relacionada às condições clínicas pré-operatórias, à extensão e ao tipo de cirurgia, às intercorrências cirúrgicas e anestésicas, bem como à eficácia das medidas terapêuticas aplicadas (NUNES; MATOS; DE MATTIA, 2014).

Desta forma, entendemos que um paciente que apresente condições de saúde pré-operatória comprometidas, exibidas por valores de classificação de ASA maiores, que realizem cirurgias com grande extensão ou em órgãos vitais, bem como aqueles que apresentem alguma complicação no ato anestésico- cirúrgico, têm mais propensão de desenvolverem alterações no período de recuperação anestésica, gerando um maior grau de dependência da equipe que o assiste (CECÍLIO; PENICHE; POPOV, 2014)

No período de recuperação anestésica o paciente fica vulnerável ao desenvolvimento de várias complicações. Dentre elas podemos ressaltar as complicações dos sistemas respiratórios, cardiovascular, termorregulador, tegumentar, sensorial, locomotor, urinário, digestório e imunológico, além do estado emocional (NUNES; MATOS; DE MATTIA, 2014; GALDEANO; ROSSI; PENICHE, 2007; DE MORAES; PENICHE, 2003; SOBECC, 2013).

Segundo Cunha e Peniche (2007), as principais metas para assistência de enfermagem devem garantir que o paciente tenha uma recuperação considerada ótima, com controle da função respiratória e temperatura, alívio da dor e desconfortos pós operatórios, dentre outros.

A literatura ainda nos apresenta que algumas complicações apresentadas pelo paciente em SRPA podem estar associadas ao aparecimento da hipoxemia, bem como outras podem gerar um maior consumo de oxigênio (DE MATTIA et al., 2012; OLIVEIRA FILHO, 2003).

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No estudo desenvolvido por De Mattia et al. (2012), a presença de hipoxemia apresentou relação com o aparecimento da hipotermia e o estudo desenvolvido por Oliveira Filho (2003) apontou que a presença de calafrios se associavam ao aumento de até 500% do consumo de oxigênio.

Para a ASA, em SRPA, o paciente deve ter monitorado os seguintes parâmetros: a frequência respiratória, perviedade das vias aéreas, SpO2, frequência cardíaca, pressão arterial, função neuromuscular, o estado mental, a dor, náuseas e vômitos (OLIVEIRA FILHO, 2003).

Cunha e Peniche (2007) ainda acrescentam que na avaliação pós operatória devem ser consideradas informações sobre ritmo cardíaco, características da ferida operatória e curativo e a permeabilidade das via de acesso e drenagem.

Atualmente, instrumentos de registro baseados na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) têm sido criados com a finalidade de garantir uma anotação correta dos dados pacientes e facilitar a visualização das informações deste, bem como a continuidade da assistência.

Com intuído de atender adequadamente o paciente cirúrgico, foi criada a folha de Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) e já tem sido adotada em vários estabelecimentos que atendem este tipo de pacientes (SOBECC, 2013).

Na SAEP, no que tange a parte de seu preenchimento em SRPA, os principais dados a serem averiguados são os de identificação do paciente, diagnóstico médico, tipos de cirurgia e anestesia realizadas, problemas e complicações ocorridas durante a cirurgia, características da ferida operatória e curativo, bem como os dados de monitorização do paciente (SOBECC, 2013; CUNHA; PENICHE, 2007).

No que diz respeito a monitorização do paciente em pós-operatório, os principais dados avaliados devem ser a aplicação da EAK, sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial e temperatura), SpO2, classificação de ASA, e outros sinais e sintomas apresentados pelo paciente como dor, náuseas e vômitos (NURSING TIMES, 2013; VON ATZINGEN; SCHMIDT; NONINO, 2008; CASTRO et al., 2012; OLIVEIRA FILHO, 2003; CUNHA; PENICHE, 2007; NUNES; MATOS; DE MATTIA, 2014).

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A EAK é o critério de avaliação do paciente em pós operatório mais utilizado atualmente (VON ATZINGEN; SCHMIDT; NONINO, 2008). A escala é empregada na avaliação da evolução dos pacientes no período de recuperação pós-anestésico, proporcionando que este ocorra de forma segura e contínua (CASTRO et al., 2012; CUNHA; PENICHE, 2007).

A criação da escala foi inspirada em um instrumento de avaliação utilizado para recém-nascidos, Apgar, e valoriza a avaliação das condições fisiológicas, sendo utilizada como um preditor para alta do paciente da SRPA (CUNHA; PENICHE, 2007; VON ATZINGEN; SCHMIDT; NONINO, 2008).

Os autores da escala pontuaram de 0 a 2 a variação da frequência de pulso, frequência respiratória, pressão arterial, estado de consciência, atividade motora e, recentemente, após revisão e atualização da escala em 1995, ao invés de coloração cutânea foi colocada a saturação de oxigênio, por consideram estes parâmetros marcadores dos sistemas fisiológicos comprometidos pelo ato anestésico-cirúrgico (CUNHA; PENICHE, 2007; CASTRO, et al., 2012; CECÍCILO; PENICHE; POPOV, 2014; VON ATZINGEN; SCHMIDT; NONINO, 2008).

De acordo com a EAK, para que determinado paciente receba alta da SRPA, ele precisa atingir a pontuação total de 8-10 pontos. No entanto autores ressaltam que os dados anotados devem ser fidedignos, de forma a retratarem a real condição clínica do paciente (CECÍCILO; PENICHE; POPOV, 2014; VON ATZINGEN; SCHMIDT; NONINO, 2008; ROSA et al., 2008).

Alguns autores concluem que a escala não oferece uma avaliação segura, uma vez que avalia isoladamente alguns parâmetros gerando pontuação superior a 7 pontos, fato que implicaria alta da SRPA, mesmo o paciente não apresentando condições para alta da SRPA (PENICHE, 1998; VON ATZINGEN; SCHMIDT; NONINO, 2008).

Como solução adicional a este problema, na avaliação do paciente para alta da SRPA, deve-se considerar avaliações complementares, como por exemplo, temperatura, presença de náuseas, vômitos, dentre outras (CECÍCILO; PENICHE; POPOV, 2014).

Tendo em vista que observa-se a melhora da média de pontuação obtida pelo paciente na EAK a cada 15 minutos de permanência na SRPA e, considerando-se as avaliações clínicas adicionais sobre o estado geral do

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mesmo, sugere-se que o paciente tenha permanência mínima de 60 minutos nesta sala (NUNES; MATOS; DE MATTIA, 2014).

Em um estudo que avaliou as rotinas de cuidados pós-anestésicos de anestesiologistas brasileiros, a aplicação da EAK em formulário de registro próprio, associou-se com maior probabilidade de monitorização rotineira da dor pós-operatória [2,13 (1,21-3,73)], da ocorrência de náuseas e vômitos [2,64 (1,64-4,54)] e a monitorização rotineira de todos os parâmetros considerados essenciais [3,51 (1,31-9,39)] (OLIVEIRA FILHO, 2003).

Outro trabalho de campo realizado a fim de analisar as complicações dos pacientes em período de recuperação anestésica revelou que a EAK, quando avaliada no momento da entrada do paciente na SRPA, guarda relação estatisticamente significativa com a ocorrência de complicações como bradpnéia (p=0,038) e hipoxemia (p=0,025) (NUNES; MATOS; DE MATTIA, 2014).

Em forma complementar à escala temos também a avaliação dos sinais vitais como sendo relevante na avaliação do paciente cirúrgico (CECÍCILO; PENICHE; POPOV, 2014).

De acordo com os princípios de monitoramento do paciente cirúrgico, na etapa 4 dos pontos-chave do atendimento, todos os sinais vitais devem ser observados, avaliados e anotados conjuntamente, de forma a garantir a segurança na assistência prestada. Os enfermeiros devem estar cientes dos parâmetros de normalidade para esta observação e a avaliação deve ser feita antes, durante e após a cirurgia (NURSING TIMES, 2013).