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CAPÍTULO 1. FISIOLOGIA, TROCAS GASOSAS, ATIVIDADE ENZIMÁTICA E

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 ANO AGRÍCOLA 2012/2013

7.1.14 Avaliação histoquímica do limbo foliar

Os resultados dos testes histoquímicos das folhas de genótipos de algodoeiro FMT 701 e Fibermax 966 em função das doses de CM encontram-se nas Tabelas 21 e 22, respectivamente.

No FMT 701 foi constatada a presença de compostos fenólicos (evidenciado pelo cloreto férrico) na nervura central das testemunhas e em todas as doses de CM. Ou seja, as doses não afetaram os compostos fenólicos desse genótipo. No Fibermax 966 os compostos fenólicos foram detectados nas células parenquimáticas e na nervura central das testemunhas e nas doses de 500 mL ha-1 e 2500 mL ha-1. Na dose de 1500 mL ha-1 foi observado à presença desses compostos apenas na nervura central.

Através do teste com vermelho de rutênio, evidenciou-se a presença de substâncias pécticas apenas na nervura central e na dose de 2500 mL ha-1 de ambos genótipos.

O teste de Sudan IV que detecta a quantidade de lipídios evidenciou substâncias com esta natureza química no FMT 701 na cutícula das testemunhas e das plantas tratadas com todas as doses de CM, indicando não interferência do produto. Na dose de 500 mL ha-1 esta substância foi detectada na nervura central e nas doses de 1000 mL ha-1 e 1500 mL ha-1 na região do parênquima, ou seja, estas doses estimularam a síntese de lipídeos na nervura central e na região parenquimática.

No Fibermax 966 as substâncias lipídicas foram encontradas na cutícula, nervura central e células parenquimáticas das testemunhas e nas doses de 500 mL ha-1 e 1000 mL ha-1. Na dose de 1500 mL ha-1 só foi detectada a presença de lipídeos na cutícula e na nervura central e na dose de 2500 mL ha-1 apenas na nervura central.

Pelo teste de cloreto de zinco e iodato, grãos de amido foram observados no FMT 701 nas células parenquimáticas nas doses de 1000 mL ha-1 e 1500 mL ha-1 (indicando que estas estimularam a produção de amido desse genótipo) e na nervura central da testemunha. No Fibermax 966 os grãos de amido foram detectados na nervura central das testemunhas e nas células parenquimáticas das plantas tratadas nas doses de 1000 mL ha-1 e 1500 mL ha-1.

O presente resultado histoquímico demonstrou que os genótipos de algodoeiro apresentam uma distribuição distinta de substâncias em suas folhas. Segundo Hess e Falk (1990), todas as características da superfície foliar influenciam o depósito de herbicida na folha. Sendo assim, para o sucesso de pulverizações de agroquímicos, é fundamental o conhecimento das influências intrínsecas as plantas (características da epiderme foliar) bem

como as influências extrínsecas (características físico-químicas da solução de pulverização) (MENDONÇA, 2000).

Vale salientar que o CM é um composto orgânico, pertencente ao grupo químico dos amônios quaternários, solúvel em água, de pouca toxicidade (JSMONE, 2004). É um produto sistêmico, que é absorvido principalmente pelas partes verdes da planta (REDDY et al., 1995).

Segundo Moyna e Heinzen (2007), os lipídeos são grandes moléculas de origem biológica, solúveis em solventes orgânicos, dentre os quais se destacam os óleos fixos, não voláteis, que consistem em misturas de substâncias lipídicas, encontradas com mais frequência em sementes. De acordo com Bruneton (1995) e Fahn (1992) a cutícula faz parte da epiderme como camada não celular de substâncias lipídicas, produzida pelas células da epiderme e possui propriedades impermeabilizantes.

Como visto, no FMT 701 as doses de CM não afetaram a síntese de lipídeos na cutícula foliar e a dose de 500 mL ha-1 estimulou a síntese desse composto na nervura central e as doses de 1000 mL ha-1 e 1500 mL ha-1 estimularam a síntese nas células parenquimáticas. Por outro lado, no Fibermax 966 a dose de 1500 mL ha-1 inibiu a síntese de lipídeos nas células parenquimáticas e a dose de 2500 mL ha-1 inibiu a síntese na cutícula e no parênquima. Pelo fato dos lipídeos agirem impermeabilizando as folhas, sua presença nas organelas poderia dificultar a passagem do CM. Visto que as doses de CM aumentaram a síntese desse composto no FMT 701 e reduziu no Fibermax 966, estima-se que a passagem do CM pelas folhas tenha sido mais eficaz no genótipo Fibermax 966.

A pectina é uma classe de compostos constituída principalmente de polímeros de ácido galacturônico, composta na forma de tiras na base da cutícula, próxima da parede celular. A ordem crescente de lipofilicidade da cutícula é pectina<cutina<cera (HESS, 1997). As pectinas compreendem a mais abundante classe de macromoléculas presentes na matriz da parede celular vegetal, ocorrendo também na lamela media, com função de regular a adesão intercelular (WILLATS et al., 2001). Muitas evidências indicam que as pectinas atuam no crescimento vegetal, desenvolvimento, morfogênese, defesa, estrutura da parede, sinalização, expansão celular, porosidade da parede entre outros (RIDLEY et al., 2001). Sendo assim, pelo fato dessa substância ter sido encontrada somente na dose de 2500 mL ha-1 de CM, na nervura central de ambos genótipos, o produto nessa dose pode alterar o metabolismo celular nessa área.

De acordo com (FAHN, 1979; ESAÚ 1985), os compostos fenólicos são grupos heterogêneos de substâncias presentes, em quase todos os vegetais, no vacúolo, citoplasma ou impregnados a parede celular, estando relacionados com os mecanismos de interação entre plantas e animais, agindo como dissuasivo alimentar e reduzindo a herbívora (APPEZZATO – DA – GLÓRIA; CARMELLO-GUERREIRO, 2006). Como no FMT 701 os compostos fenólicos foram observados na nervura central das testemunhas e em todas as doses de CM, logo o produto parece não alterar o metabolismo desses compostos nas folhas desse genótipo. Por outro lado, no Fibermax 966, a dose de 1000 mL ha-1 inibiu a síntese dos compostos fenólicos nas células parenquimáticas e da nervura central, e a dose de 1500 mL ha-1 inibiu a síntese desses compostos nas células parenquimáticas. Ou seja, estima-se que as folhas das plantas do genótipo Fibermax 966 que foram tratadas com as doses que inibiram a síntese de compostos fenólicos tenham sido mais susceptíveis aos ataques patogênicos.

Segundo Castro et al. (2009), o amido é um carboidrato originado da polimerização de moléculas de glicose; é importante substância de reserva para os vegetais, acumulado principalmente nos tecidos parenquimatosos (CARVALHO; RIBEIRO, 2006).

Portanto, ficou evidente que as doses de CM promoveram a síntese do amido nas células parenquimáticas do genótipo FMT 701 nas doses de 1000 mL ha-1 e 1500 mL ha-1, e a síntese desse composto foi inibida na nervura central desse genótipo em função das doses de CM. No Fibermax 966, as doses de CM inibiram a síntese de amido na nervura central nas doses de 500 mL ha-1, 1000 mL ha-1 e 2500 mL ha-1 e inibiu a síntese nas células parenquimáticas na dose de 1500 mL ha-1.

Porém, no geral foi possível constatar que o genótipo Fibermax 966 apresentou maior teor de amido incorporado em suas folhas nas testemunhas e em função das doses de CM que o FMT 701. Vale salientar ainda que pelo fato do amido ser uma substância de reserva, em condições de estresse ambiental a planta que apresentar maior teor desse composto terá melhores condições para sobreviver a situações adversas (baixas temperaturas, estresse hídrico, etc.). Portanto, o presente resultado sugere que o genótipo Fibermax 966 é mais resistente que o FMT 701, em relação à adaptação ao meio.

Tabela 21- Testes Histoquímicos realizados em folhas do genótipo de algodoeiro FMT 701 em função de doses crescentes de cloreto de mepiquat. Selviria-MS, ano agrícola 2013.

Doses de regulador (mL ha-1) Reagentes Cloreto Férrico (compostos fenólicos) Vermelho de Rutênio (substâncias pécticas) Sudan IV (lipídeos)

Cloreto de Zinco Iodato (amido) 0 + - + + (NC) (CT) (NC) 500 + - + - (NC) (CT) (NC) 1000 + - + + (NC) (CT) (Par) (Par) 1500 + - + + (NC) (CT) (Par) (Par) 2500 + + + - (NC) (NC) (CT)

(+) reação positiva para o teste; (-) reação negativa para o teste; (NC) nervura central; (CT) cutícula; (Par) parênquima.

Tabela 22- Testes Histoquímicos realizados em folhas do genótipo de algodoeiro Fibermax 966 em função de doses crescentes de cloreto de mepiquat. Selviria-MS, ano agrícola 2013.

Doses de regulador (mL ha-1) Reagentes Cloreto Férrico (compostos fenólicos) Vermelho de Rutênio

(substâncias pécticas) Sudan IV (lipídeos) Cloreto de Zinco Iodato (amido) 0

+ - + +

(Par) (NC) (CT) (NC) (Par) (Par) (NC)

500

+ - + +

(Par) (NC) (CT) (NC) (Par) (Par)

1000 - - + + (CT) (NC) (Par) (Par) 1500 + - + + (NC) (CT) (NC) (NC) 2500 + + + + (Par) (NC) (NC) (NC) (Par)

(+) reação positiva para o teste; (-) reação negativa para o teste; (NC) nervura central; (CT) cutícula; (Par) parênquima.

Figura 7- Teste histoquímico de folhas de genótipos de algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. var. latifolium Hutch) em função de doses crescentes de cloreto de mepiquat, Selvíria-MS, ano agrícola 2013. (A) Teste sudan IV (lipídeos), genótipo FMT 701, testemunha. (B) Teste sudan IV (lipídeos), genótipo Fibermax 966, dose 1500 mL ha-1. (C) Teste cloreto de zinco e iodato (amido), genótipo FMT 701, testemunha. (D) Teste cloreto de zinco e iodato (amido), genótipo Fibermax 966, dose 2500 mL ha-1. (E) Teste vermelho de rutênio (pectinas), genótipo FMT 701, dose 2500 mL ha-1; (F) Teste vermelho de rutênio (pectinas), genótipo Fibermax 966, dose 2500 mL ha-1.

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