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Os recém-nascidos selecionados para o estudo foram atendidos semanalmente (1 vez por semana) pela pesquisadora no Setor de Neuropediatria do Departamento de Fisioterapia da UFSCar. Os pais e/ou responsáveis comprometidos com a pesquisa levaram as crianças até o serviço para a realização da intervenção. Os pais que manifestaram dificuldade financeira para o deslocamento até a UFSCar receberam passes de ônibus. Das oito famílias participantes do estudo, apenas três receberam a ajuda de transporte.

Os bebês foram avaliadas no primeiro encontro e mensalmente durante quatro meses, totalizando 5 avaliações, por meio da Alberta Infant Motor Scale (AIMS) nas posturas prona, supina, sentado e em pé conforme propõe as normas de aplicação da escala (Apêndice 2). Durante a avaliação os bebês deveriam estar com o mínimo de vestimenta possível, sobre o colchonete e foram colocados brinquedos próximos aos lactentes, para garantir a movimentação espontânea da criança. O bebê não era facilitado pelo pesquisador, podendo, no entanto, ser estimulado com brinquedos para mudanças ou aquisições de posturas específicas. Os registros das observações foram feitos por meio de filmagem, com duração de 15 a 20 minutos para cada bebê, e anotadas as pontuações na ficha da AIMS para obtenção do escore total. Para cada comportamento motor apresentado pela criança atribuía-se uma pontuação 1 e ao final eram somados a quantidade de pontos obtidos. Além da observação dos comportamentos motores pela AIMS, as crianças foram avaliadas quanto às áreas de estimulação infantil, socialização, cognição, linguagem, auto-cuidados e desenvolvimento motor do Inventário Portage Operacionalizado (IPO). Cada comportamento apresentado pela criança era registrado com 1 ponto e ao final da avaliação todos os comportamentos eram somados para obtenção da pontuação total do bebê naquela área.

Para os bebês do Grupo Experimental foram realizados três períodos durante a primeira sessão de treino:

a) o primeiro período consistiu na avaliação do repertório neuro-sensório-motor da criança para registro dos dados de linha de base pela pesquisadora a fim de delinear o que seria treinado para os pais praticarem em domicílio;

b) o segundo período consistiu na intervenção neuro-sensório-motora realizada pela pesquisadora. Esta intervenção consistia na aplicação de estímulos psicomotores (Herren & Herren, 1989; Lévy, 1999), técnicas de facilitação do desenvolvimento motor, preconizadas pelo método Bobath (Bobath & Bobath, 1989; Bobath, 1990) e estímulo das coordenações sensório- motoras e do tônus postural (Brandão, 1984; 1992), de acordo com estudo anterior realizado por Formiga (2001). A síntese do programa de intervenção neuro-sensório-motora pode ser observado no Anexo 8 (extraído de Formiga, 2001).

c) o terceiro consistiu no treino dos pais em relação aos dados obtidos na observação da linha de base, oferecendo explicações e orientações por escrito do que deveria ser realizado durante a semana, de acordo com os critérios do Inventário Portage Operacionalizado (Anexo 4) e as posturas adquiridas pela criança na Escala Alberta (Apêndice 2). A duração total da sessão, incluindo os três períodos, não deveria ultrapassar 60 minutos, tendo em vista a idade cronológica da criança, para não fadigá-la em demasia. O tempo total foi redistribuído nos três períodos de acordo com a avaliação da pesquisadora, as necessidades da criança e as dúvidas apresentadas pelos pais no dia da sessão.

Nas semanas subseqüentes, os dados de linha de base foram observados juntamente com a demonstração pela mãe, ou pelo pai, dos comportamentos anteriormente destinados para o treino em domicílio. A pesquisadora observava e uma auxiliar de pesquisa filmava o comportamento dos pais (mediadores) em relação à sua interação durante a realização do treino

com a criança. O objetivo destas filmagens dos pais com a criança era verificar se os mesmos haviam assimilado as orientações dadas pela pesquisadora e se a criança estava respondendo ao treino em conformidade com o que a mãe anotava na Folha de Registro Semanal (Anexo 5).

Para os bebês do Grupo Controle o procedimento foi semelhante ao do Grupo Experimental, excluindo-se apenas o terceiro momento, referente ao treino dos pais. Neste caso, a pesquisadora distribuía o tempo total para observação de linha de base e realização da intervenção precoce com a presença dos pais dentro da sala de fisioterapia.

Todas as sessões seguiram esta seqüência, objetivando verificar a evolução motora da criança e o nível de participação dos pais na intervenção por meio do preenchimento da ficha domiciliar, das filmagens e das dúvidas apresentadas pelos pais. Apenas nas datas das reavaliações mensais da criança esta seqüência foi modificada. Dessa forma, foram destinados os 20 minutos iniciais para a filmagem da avaliação da criança através da Escala Motora Infantil de Alberta nas posturas supina, prona, sentada e em pé, e o restante da sessão foi destinado para sondagem dos comportamentos apresentados pela criança segundo os critérios do Inventário Portage (Figura 2).

Decorrido o período de três meses de intervenção, os pais foram esclarecidos sobre o término da pesquisa e receberam (GE) orientação e treinamento para as próximas atividades com as crianças em domicilio durante 30 dias. Neste intervalo da intervenção os pais e bebês não deveriam comparecer ao setor de neuropediatria. No final do prazo estipulado, todos os bebês de ambos os grupos foram submetidos à reavaliação de seguimento, denominada neste estudo de dados de "follow-up", e foi realizada uma entrevista final de avaliação da intervenção com os pais, de acordo com o Roteiro apresentado no Anexo 6.

Nesta reavaliação final (follow-up) foi aplicada o procedimento de observação da Escala Alberta e a sondagem comportamental pelo Inventário Portage. O objetivo desta avaliação final

foi verificar a manutenção ou melhora dos comportamentos motores adquiridos durante o período de intervenção e analisar se os pais continuaram o treino dos bebês em domicílio (GE). Vale ressaltar que as crianças que necessitaram continuar com o programa de intervenção permanecem freqüentando o Setor de Fisioterapia da UFSCar para continuidade do tratamento. A Figura 2 ilustra os procedimentos de intervenção e avaliação aplicados.

Figura 2 – Procedimentos de Avaliação e Intervenção ao longo do estudo Legenda: FISIO (programa de intervenção neuro-sensório-motora); PAIS (orientação e treinamento dos pais); AIMS (avaliação da criança pela Escala Alberta); IPO (avaliação da criança pelo Inventário Portage); DADOS DE FOLLOW-UP (última avaliação da criança para a observação da manutenção dos comportamentos).