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CAPÍTULO 1. GENÉTICA DA CONSERVAÇÃO DE Melipona capixaba: A

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4 Avaliação do Potencial Genético das Colônias Manejadas para a Conservação da

Apesar dos obstáculos legais para a criação de M. capixaba, os meliponários podem ter um importante papel para a conservação da espécie. O mesmo foi constatado por Raad (2017). As análises de diversidade genética podem auxiliar na elaboração de planos de conservação e orientar o manejo a fim de manter a diversidade genética das colônias manejadas, garantido que elas tenham potencial genético para atuar como populações de conservação, auxiliando na manutenção da diversidade genética e preservação da espécie.

A distribuição dos alelos e as frequências alélicas foram bem variadas entre os locos e populações, sendo que cada população apresentou suas particularidades. A população nativa apresentou 29 alelos, sendo que 72,41% dos alelos (21 alelos) apresentaram frequências abaixo de 0,20 (Tabela 7). Todas as populações manejadas apresentaram alelos raros ou com baixas frequências (Tabela 7), entretanto as porcentagens destes alelos foram menores que na população nativa. Isto indica que alguns alelos podem ter frequências maiores nos meliponários do que na população nativa. Sendo assim, os meliponários podem atuar como estoques de diversidade genética e atuar como matrizes para a formação de populações de conservação. Nos meliponários as porcentagens de alelos com frequências abaixo de 0,20 foram: 50%

32 (meliponário 1), 64% (meliponário 2), 58,33% (meliponário 3), 56,52% (meliponário 4), 52,17% (meliponário 5), 47,37% (meliponário 6).

Considerando a distribuição dos alelos, as frequências alélicas, as distâncias genéticas e grau de diferenciação entre as populações é possível orientar o manejo de cada meliponário de forma a aumentar a diversidade genética e preservar o potencial genético destas populações. Desta forma, considerando estes critérios, foram descritas algumas orientações para o manejo de cada meliponário:

Meliponário 1 (Mcap90): apresentou um padrão razoável de diversidade genética,

entretanto 50% dos alelos amostrados apresentam frequências alélicas abaixo de 0,20. Para garantir a manutenção da diversidade genética deste meliponário deve-se aumentar a frequência dos alelos raros ou com baixa frequência e incluir alelos que estão ausentes nesta população, em especial os alelos 276, 284, 290, 292, 296, 298, 189, 273. Podem ser realizadas trocas com os meliponários 4, 5 e 6, que são os meliponários que apresentaram a maior distância genética (Tabela 8) e maior diferenciação genética (Tabela 9) em relação a este meliponário. Entretanto, é importante verificar se estes meliponários apresentam os alelos que não foram amostrados no meliponário 1.

Meliponário 2 (Mcap80): apresentou os maiores índices de diversidade entre as populações manejadas. Entretanto 64% dos alelos amostrados apresentam frequências alélicas abaixo de 0,20, o que indica a perda de alelos devido à deriva genética. Para garantir a manutenção da diversidade genética e do potencial genético deste meliponário, deve-se aumentar a frequência destes alelos e incluir alelos que estão ausentes na população, em especial os alelos 290, 292, 294, 300, 189. Este meliponário também pode realizar trocas de colônias com os meliponários 4, 5 e 6, os quais apresentaram a maior distância genética (Tabela 8) e diferenciação genética (Tabela 9) em relação a este meliponário.

Meliponário 3 (Mcap61): apresentou um padrão de diversidade genética bem próximo

ao apresentado para a população nativa. Este meliponário também apresentou uma alta taxa de alelos com frequência inferiores a 0,20 (58,33%). Para manter a diversidade genética deste meliponário é necessário aumentar a frequência alélica dos alelos raros ou com baixa frequência e inserir alelos que estão ausentes nesta população, especialmente os alelos 276, 280, 290, 189, 271, 273. Este meliponário foi o único que apresentou um alelo exclusivo, o alelo 292, com uma frequência de 0, 22, indicando que é um alelo raro. Sendo assim, aumentar frequência deste alelo deve ser prioridade, principalmente por ele não ter sido amostrado na população nativa, o que pode indicar que ele está eliminado desta população. Este meliponário pode realizar trocas

33 como os meliponários 2, 4 e 6, os quais apresentaram a maior distância genética (Tabela 8) e diferenciação genética (Tabela 9) em relação a este meliponário.

Meliponário 4 (Mcap5): apresentou um padrão de diversidade intermediário em

relação à população nativa. Uma alta porcentagem dos alelos amostrados apresentaram frequências abaixo de 0,20 (56,52%). Desta forma o manejo deve visar o aumento destes alelos e incluir alelos que estão ausentes na população, em particular os alelos 204, 276, 290, 292, 298, 330 e 273. Os meliponários 1, 2 e 5 apresentaram a maior distância genética (Tabela 8) e diferenciação genética (Tabela 9) em relação ao meliponário 4, desta forma estes meliponários podem fornecer colônias para realização de trocas com o meliponário 4. O alelo 189 foi amostrado apenas na população nativa e no meliponário 4 com baixíssimas frequências, desta forma o manejo deve priorizar o aumento da frequência deste alelo, para evitar a sua perda devido à deriva genética. O meliponário 4 foi a população que apresentou a maior distância genética (Tabela 8) e diferenciação genética (Tabela 9) em relação população nativa. Sendo assim, pode atuar como fonte de indivíduos para serem reintroduzidos na natureza, a fim de manter a diversidade das colônias naturais e evitar a perda de alelos.

Meliponário 5 (Mcap64): apresenta um padrão de diversidade genética intermediário

comparado com a população nativa. Por apresentar uma alta porcentagem de alelos com frequências abaixo de 0,20 (52,17%), recomenda-se que o manejo vise aumentar a frequência destes alelos, além de incluir alelos que não foram amostrados para esta população (204, 276, 290, 292, 294, 296, 189). Este meliponário pode realizar a trocas de colônias com os meliponários 1, 2 e 4, os quais apresentaram a maior distância genética (Tabela 8) e diferenciação genética (Tabela 9) em relação a este meliponário.

Meliponário 6 (Mcap86): apresentou o menor padrão de diversidade genética em

relação às demais populações analisadas. Uma alta porcentagem de alelos também apresentou frequências alélicas abaixo de 0,20 (42,11%). O manejo deve ser realizado de forma a aumentar a frequência destes alelos. Além disso, um grande número de alelos não foi amostrado para esta população (204, 288, 290, 292, 294, 296, 298, 326, 189, 271, 273), desta forma o manejo também deve visar a inclusão destes alelos na população. Apesar deste meliponário apresentar baixa diversidade genética quando comparado com a população nativa, a frequência de alguns dos seus alelos é maior que na população nativa. Além disso, o alelo 276 foi amostrado apenas neste meliponário, no meliponário 2 e na população nativa em baixíssimas frequências. Sendo assim, este meliponário pode atuar como fonte de indivíduos para aumentar a frequência de alelos raros ou com baixa frequência. Pode realizar trocas com os meliponário 1 e 2.

34 Como discutido anteriormente, a endogamia é uma ameaça para as abelhas devido ao seu sistema de determinação do sexo. A endogamia eleva a taxa de formação de machos diploides homozigotos para os alelos sexuais, pois aumenta a probabilidade de uma rainha ser fecundada por um macho com alelo sexual idêntico a um de seus alelos. A produção de machos diploides causa o enfraquecimento da colônia, pois estes machos normalmente são estéreis e podem compreender cerca de 50% da prole de uma rainha. Desta forma, o manejo das colônias deve ser realizado de forma a evitar a endogamia. Segundo Harpur et al. (2012), o manejo dos ninhos, a multiplicação artificial das colônias e o transporte de colônias em Apis millifera são fatores responsáveis pela maior diversidade das colônias manejadas em relação as colônias naturais.