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5. PROTÓTIPO DE UMA APLICAÇÃO MULTIMÉDIA EDUCATIVA

5.5. Descrição do processo de teste e avaliação do protótipo

5.5.4. Avaliação do protótipo: entrevistas

De modo a recolher dados sobre esta experiência foram conduzidos dois inquéritos por entrevista à Doutora Helena: um inicial (realizado antes de se iniciarem as sessões) e outro final (no fim de todo este processo). Encontram-se ambos disponíveis nos Anexos F e G – Entrevista inicial e Entrevista final.

Apesar de ter sido utilizado um guião de apoio às entrevistas, estas assumiram-se como muito flexíveis e abertas.

Os principais objectivos da primeira entrevista estavam relacionados com a necessidade de obtenção de informação relativamente às consultas de dislexia, de que género são estas consultas, com que frequência são realizadas e, por fim, que tipo de reacção e comportamento é esperado por parte das crianças ao terem a oportunidade de utilizar uma aplicação no computador para realizar actividades tradicionais.

A entrevista final teve como objectivo complementar o estudo realizado e, assim, analisar esta experiência e recolher algumas conclusões: a avaliação da importância da tecnologia na superação de algumas dificuldades apresentadas por crianças disléxicas. A forma como as questões foram elaboradas esteve relacionada com o facto de a Doutora Helena ser considerada como não observador durante os testes.

Entrevista inicial

Mediante as informações da Doutora Helena Serra na entrevista inicial, verificamos que a grande maioria das crianças que frequenta consultas de dislexia fá-lo com o objectivo de diagnóstico e acompanhamento, sendo este último efectuado através de consultas frequentes. Realizou em tempos actividades reeducativas, mas há cerca de 6/7 anos que se dedica apenas a diagnóstico e acompanhamento, encaminhando de seguida, as crianças para profissionais do mesmo ramo.

No que respeita ao tipo de frequência de consultas, as actividades reeducativas realizam-se ao longo de 2/3 sessões semanais, enquanto o acompanhamento é feito entre 6 meses a 1 ano após diagnóstico (tempo necessário para analisar a evolução).

Durante as consultas são desempenhadas actividades de “Livros de Reeducação”, jogos de movimento, actividades e jogos no computador e, ainda, actividades musicais, rítmicas e algum tipo de desportos.

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Em relação à utilização de meios multimédia durante as consultas, afirmou que em consultas de diagnóstico por vezes é utilizado um software multimédia (resultado de um projecto realizado o ano passado). Em termos de intervenção costumam usar algumas aplicações com actividades e jogos (projectos tanto de empresas como de alunos).

Concordou com o facto de que o computador, nomeadamente através de programas e aplicações multimédia, favorece o processo de ensino-aprendizagem “na medida em que a visualização no ecrã com a audição simultânea e, ainda, a possibilidade de uma correcção automática (e a oportunidade de uma nova tentativa) são estratégias facilitadoras”. Na sua opinião, o computador torna a aprendizagem mais interessante e fácil, pelos motivos enunciados anteriormente e, ainda, pelo recurso ao teclado para determinadas actividades.

No que se refere às escolas portuguesas, considerou, sem qualquer dúvida, que as escolas não se encontram neste momento equipadas, tanto a nível de profissionais como de materiais, para apoiar alunos com dislexia.

Relativamente ao protótipo, afirmou que o mesmo está produzido de uma forma para fácil entendimento por parte dos alunos, com os menus bem estruturados e fáceis de usar.

Questionada sobre o género de reacção que os alunos poderiam ter ao utilizarem uma aplicação no computador para realizar actividades tradicionalmente executadas em papel, referiu que “as aplicações são mais chamativas e apelativas pelo que poderão ter um bom resultado”.

Entrevista final

Na entrevista final, questionada se depois da experimentação do protótipo as crianças alteraram ou poderiam alterar o seu desempenho a nível escolar, respondeu de forma positiva. No entanto, uma aplicação utilizada uma vez não altera o desempenho, mas a continuação (pela repetição) de exercícios do mesmo género poderá levar a uma evolução das capacidades e desempenho.

Afirmou que esta foi sem dúvida uma experiência nova para os alunos, na qual demonstraram interesse em participar. Da mesma forma, considerou agradável esta forma de explorar os conteúdos educativos.

Segundo a sua opinião, a tecnologia (uma aplicação deste género) poderá ter resultados positivos na superação de algumas dificuldades dos disléxicos uma vez que “apelam a uma melhor atenção visuo-auditiva, tem carácter de jogo, utiliza a

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cor, o movimento, o diálogo entre a criança e o ecrã (há uma resposta: certo ou errado) e, ainda, melhora a concentração e a atenção”.

Considerou como observação final que a partir da realização destes elementos poderiam ser construídos materiais de intervenção específica (materiais integrados de modo a formar um todo estruturado). Afirmou ainda, que “era um ganho para a sociedade porque não existem muito materiais deste género”.

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5.5.5. Conclusão da análise dos dados e sugestões para a evolução do modelo e do protótipo

Os dados apresentados anteriormente foram recolhidos ao longo das sessões de teste e avaliação do protótipo e foram importantes para a validação do protótipo realizado, a sua respectiva adequação ao público-alvo a que se destina, a usabilidade deste produto e das ferramentas de avaliação produzidas.

De um modo global, considera-se que as sessões de teste decorreram com sucesso. Os alunos participaram com entusiasmo e interesse desde o início até ao final de cada sessão. Considera-se que a sua interacção com o produto foi feita de uma forma muito natural e espontânea, sem ter havido grande necessidade de explicar como esta funcionava. Realizaram as actividades com motivação e com resultados positivos ao nível dos seus conhecimentos e, portanto, do seu desempenho.

Futuramente e, como qualquer projecto realizado na área das tecnologias, também este poderia sofrer algumas modificações. A incrementação sucessiva de novas actividades na área das letras, das palavras, dos sons e, ainda, a combinação dos três, poderia ser bastante interessante. A inclusão de outro tipo de exercícios através dos quais as crianças tivessem a oportunidade de treinar as áreas que se lhes apresentam com maiores dificuldades poderia revelar-se muito importante no desenvolvimento das suas capacidades.

Este projecto está apenas vocacionado para crianças com problemas de natureza perceptiva auditiva e visual, mas como encontramos uma aceitação muito positiva por parte das crianças em relação às tecnologias, seria interessante e relevante apostar noutras áreas de importante desenvolvimento.

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