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2.3 METODOLOGIA

2.3.2 AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DOS EVENTOS ADVERSOS REGISTRADOS

Para a avaliação dos dados coletados nesse estudo, realizou-se uma análise retrospectiva observacional. Foram avaliados todos os estudos de Bioequivalência realizados na Unidade de Farmacologia Clínica, nos anos de 2000 a 2003, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará. A execução desse estudo foi realizada somente após a aprovação do comitê de ética em pesquisa local.

A informação foi coletada dos Formulários de Relato de Caso (CRF) arquivados pertencentes aos voluntários que participaram dos estudos de Bioequivalência. Das seções do prontuário de cada voluntário, foi acessado apenas os registros dos eventos adversos e a evolução médica, relacionada a esses eventos, feita durante todo o período de estudo.

Durante o período analisado, pode ser observado que o CRF sofreu pequenas alterações, porém em todos os casos, a informação sobre eventos adversos se manteve inalterada. Dos eventos registrados, a avaliação feita foi baseada nas classificações de

intensidade, causalidade e nas intervenções feitas para cada evento, presentes na folha de registro de eventos adversos presente no CRF.

Cada evento adverso registrado era, então, computado em uma planilha para a formação de um banco de dados de cada estudo, onde há a descrição de todos os eventos e o número de vezes que o mesmo foi observado.

Para completar as características da relação dos eventos adversos observados ao medicamento utilizado em cada ensaio, associou-se a essas informações o período de cada ensaio e a data de apresentação do evento adverso registrado para que se fosse possível avaliar o tempo de aparição do evento com a administração do medicamento, bem como outros detalhes relevantes sobre o ocorrido escrito pelos pesquisadores ou pelos médicos responsáveis pela avaliação.

A fim de verificar, de identificar qual o evento mais ocorrente e sua relação com o medicamento estudado, foi feito o cálculo da freqüência e incidência dos dados obtidos, utilizando as seguintes fórmulas:

Incidência: I =(no de EA) x 100 no total de voluntários Freqüência: I =(no de EA) x 100 no total de observações

Determinou-se a intensidade (Leve, Moderado e Severo) geral de todos os eventos em todos os ensaios clínicos realizados durante o período avaliado, bem como a freqüência da causalidade (Nào-atribuído, Atribuído, Possível e Desconhecido) desses eventos, para que se fosse possível perceber qual o evento mais comumente observado durante o confinamento de voluntários.

A metodologia para a classificação da intensidade de cada evento obedeceu aos critérios e definições descritos pela Organização Mundial de Saúde, associando o quadro

clínico do voluntário com a necessidade e o tipo de intervenção realizada par tratar o evento adverso observado.

Não seguindo o mesmo parâmetro, a classificação de causalidade não obedeceu nenhum método específico para caracterização dos eventos. A classificação foi feita pela interpretação clínica individual do médico responsável pelo estudo, de acordo com o seu julgamento clínico pessoal.

A freqüência dos eventos adversos registrados foi dividida de acordo com os grupos farmacológicos dos medicamentos utilizados nos ensaios clínicos, associando cada evento observado com os efeitos indesejados do medicamento presente no grupo e sua possibilidade de ocorrência de acordo com os registros descritos em produções literárias científicas pesquisadas.

Os medicamentos estudados puderam ser divididos nos seguintes grupos farmacológicos: antibióticos, de ação no Sistema Nervoso Central, de ação no Sistema Cardiovascular, hormônios, anti-histamínicos, imunossupressores, antifúngicos e outros.

Para cada grupo farmacológico, foi avaliada a causalidade dos dois eventos mais freqüentes. Para esta avaliação, o mecanismo de ação e dados científicos de artigos e livros foram pesquisados para relacionar a atribuição causal das observações feitas com registros literários.

O objetivo da avaliação dos dois eventos mais ocorridos é comparar as observações nos ensaios clínicos com os registros da literatura para que se possa avaliar se o método de classificação da causalidade condiz com os dados já existentes.

Torna-se, então, possível saber se apenas a avaliação clínica de pesquisadores e médicos responsáveis é suficiente para a classificação de um evento. Nesse caso, foi avaliado a freqüência eventos similares entre medicamentos com o mesmo princípio ativo , para que fosse possível analisar se a avaliação subjetiva do médico responsável é semelhante a de outro, somente com os dados presentes durante o estudo ou se há discordância entre a classificação desses eventos. Assim, se avaliou se um método padronizado se torna mais

viável para esta etapa do estudo, onde haveria a redução de discordâncias quanto a classificação de eventos adversos observados em estudos de bioequivalência.

Nessa análise, se procurou encontrar situações em que se faria útil um método padronizado de classificação de causalidade dos eventos adversos contidos nos prontuários.

A construção de uma nova classificação levou em consideração os métodos de atribuição de causalidade mais utilizados em ensaios e pesquisas clínicas científicas e as características dos estudos de bioequivalência com relação à exposição de medicamentos ao voluntário e com relação às características intrínsecas de internamento a qual passam cada participante do estudo.

Ao final, de posse de conceitos de instituições de pesquisa e métodos pré- estabelecidos, associados com os dados retirados do estudo, sugeriu-se adaptações ao modelo de ficha para registro de eventos adversos em ensaios clínico, para que o mesmo apresente-se mais completo quanto ao conteúdo de informações necessárias para uma posterior notificação e para adequar-se ao novo modelo de classificação de evento adverso proposto.

CAPÍTULO 3

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