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AVALIAÇÃO DE RISCOS MÉTODO MARAT 86

De uma forma geral, é possível afirmar que a avaliação de riscos consiste no exame sistemático de uma instalação (em projeto ou laboração), identificando os riscos presentes no sistema, bem como, as ocorrências potencialmente perigosas e as suas possíveis consequências, tendo como objetivo fundamental a promoção de métodos capazes de fornecer elementos concretos que fundamentem um processo de decisão sobre a redução de riscos e danos, seja esta decisão de caráter interno ou externo à empresa. [3] Portanto, analisar um risco é identificar, discutir e avaliar as possibilidades de ocorrência de acidentes, na tentativa de evitar que estes aconteçam e, caso ocorram, determinar as alternativas que minimizem os danos subsequentes a estes acontecimentos.

O Método MARAT pode ser definido como um método simplificado quantitativo de avaliação de riscos de acidentes de trabalho, que vai possibilitar quantificar a magnitude dos riscos existentes e, como consequência, hierarquizar de modo racional a prioridade da sua eliminação ou correção. [3] Torna-se pertinente relembrar alguns conceitos nomeadamente:

1. Nível de Deficiência (ND): Magnitude esperada entre o conjunto de fatores de risco considerados e a sua relação causal direta com o acidente;

Tabela 10.1: Classificação dos Níveis de Deficiência

2. Nível de Exposição (NE): Medida que traduz a frequência com que se está exposto ao risco. Para um risco concreto, o nível de exposição pode ser estimado em função dos tempos de permanência nas áreas de trabalho, operações com máquina, procedimentos, ambientes de trabalho, entre outros;

3. Nível de Probabilidade (NP): É determinado em função das medidas preventivas existentes e do nível de exposição ao risco. Pode ser expresso num produto de ambos os termos;

Tabela 10.3: Cálculo dos Níveis de Probabilidade

Tabela 10.4: Classificação dos Níveis de Probabilidade

4. Nível de Severidade (NS): Refere-se ao dano mais grave que é razoável esperar de um incidente evolvendo o perigo avaliado;

Tabela 10.5: Classificação dos Níveis de Severidade

5. Nível de Risco (NR): Será o resultado do produto de nível de probabilidade pelo nível das consequências: NR = NP × NS;

Tabela 10.6: Cálculo dos Níveis de Risco

6. Nível de Controlo (NC): Pretende dar uma orientação para implementar programas de eliminação ou redução de riscos atendendo à avaliação do custo-eficácia.

Tabela 10.7: Classificação dos Níveis de Severidade Nível de

Controlo NC

Significado

I 3600 a 10850

Situação crítica. Intervenção imediata. Eventual paragem imediata. Isolar o perigo até serem adotadas medidas de controlo permanente II 1240 a 3100

Situação a corrigir. Adotar medidas de controlo enquanto a situação perigos não for eliminada ou reduzida

III 360 a 1080

Situação a melhorar. Deverão ser elaborados planos ou programas documentados de intervenção

IV 90 a 300 Melhorar se possível justificando a intervenção

V 10 a 80 Intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar

Num estudo realizado pela empresa Studytrab - Centro de Estudos de Higiene e Segurança no Trabalho [85], foi efetuada uma avaliação de riscos referente a um trabalho executado numa instalação elétrica de MT em tensão, nomeadamente, a limpeza de um PT, através da aplicação do Método MARAT; Tabela 10.8 e Tabela 10.9.

Tabela 10.8: Avaliação de Riscos - Método MARAT

Tabela 10.9: Avaliação de riscos - Método MARAT

Após a aplicação do Método MARAT para a avaliação dos riscos a que os trabalhadores estão expostos na atividade de limpeza de um Posto de Transformação em tensão, é possível verificar que os riscos encontram-se avaliados, essencialmente, pelos primeiros quatro níveis de controlo, com distribuições próximas.

Os riscos que requerem uma intervenção imediata (Nível de Controlo I) são maioritariamente de origem elétrica, representando 73% do total dos riscos deste nível. Estes riscos advêm dos perigos de contatos indiretos ou formação de arco elétrico (50% eletrização) e de contatos diretos (23% explosão). Devido às dimensões limitadas deste tipo de instalações, ao fato de haver constantemente líquido derramado no chão e alguns equipamentos e ferramentas mal arrumadas, as quedas ao mesmo nível (11%) surgem com peso na ocorrência de dano para o trabalhador e para a instalação. [87]

Nos riscos que requerem a adoção de medidas de controlo, enquanto a situação perigosa não for eliminada ou reduzida (Nível de controlo II), surgem para além dos riscos de eletrização (14%) e explosão (11%), com grande peso no nível de controlo I, os riscos de sobre esforços (23%) e entalamento (14%). Os sobre esforços têm origem nas posições do corpo adotadas para o manuseamento das varas isolantes de manobra, devido à sua dimensão e precisão dos movimentos que lhes têm de ser conferidos, podendo causar lesões músculo-esqueléticas. Os riscos de entalamento são originários do manuseamento de ferramentas usadas para reparações necessárias, de manobras dos órgãos de corte e no movimento das portas. [87]

Desta forma, é de salientar a importância da utilização da avaliação de riscos por parte de todos os profissionais de higiene e segurança no trabalho, pois só assim será possível garantir uma correta e adequada identificação dos riscos profissionais, bem como, colaborar com os trabalhadores e os seus representantes, incrementando as suas capacidades de intervenção sobre os fatores de risco profissional e as medidas de prevenção adequadas. Pelas razões enumeradas, é fundamental que todas as empresas, independentemente da sua categoria ou dimensão, realizem avaliações regulares. Uma avaliação de riscos adequada inclui, entre outros aspetos, a garantia que todos os riscos relevantes são tidos em conta (não apenas os mais imediatos ou óbvios), a verificação da eficácia das medidas de segurança adotadas, o registo dos resultados da avaliação e a revisão da avaliação em intervalos regulares, para que estas se mantenham continuamente atualizadas. Simultaneamente, sendo a EDP uma empresa em que a grande maioria das atividades realizadas estão relacionadas com operações em redes elétricas, muitas delas em tensão (TET), estas irão acarretar riscos elevados e adicionais aos associados à normal atividade, potenciadores da ocorrência de acidentes, com consequências graves ou mortais para os profissionais intervenientes.

Assim sendo, a implementação de uma política sustentada de segurança e higiene laboral abrangendo não só os trabalhadores mas os próprios quadros de chefia em qualquer empresa revela-se imprescindível, como já acontece no Grupo EDP, uma vez que, esta aposta decisiva na melhoria das condições de trabalho, trará vantagens económicas e sociais, não só para o sucesso do negócio mas também para o bem-estar dos trabalhadores, garantindo-se a sustentabilidade do desenvolvimento social e económico, como refere a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho: “É importante que os quadros dirigentes demonstrem uma liderança efetiva no

domínio da saúde e segurança, em conexão com os trabalhadores e a par dos seus outros deveres e responsabilidades. Uma gestão eficaz da segurança e saúde no trabalho é um dos principais fatores do êxito duradouro de qualquer empresa.”

Saraiva, Ana 91

12 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS